Há
uma tendência no ser humano em atribuir tudo aquilo que de bom
acontece, sem uma explicação admissível a sua razão, a um
milagre. E tudo que de mal acontece, a uma fatalidade. Quando ocorrem
“milagres”, atribuímos a Deus a sua autoria. Mas quando
acontecem “fatalidades”, logo tratamos de tirar a culpa do
Criador, atribuindo-as ao demônio, ao livre arbítrio ou ao carma,
ou mesmo, ao acaso.
Entretanto, demônio, livre-arbítrio e carma, foram criados pelo próprio ser humano, para fechar algumas lacunas – de não conseguir explicar a existência do mal sobrepujando o bem com notável frequência, apesar de Deus ser um Pai onipotente e bondoso.
1. Deus é imutável. Se Ele fizesse milagres, estaria mudando os seus desígnios, que são eternos.
2. Deus é um ser absolutamente perfeito. Ora, o milagre parece ser um retoque ou um corretivo imposto à obra da sua criação.
Nosso cérebro foi formatado para encontrar sentido em tudo. Por exemplo, acertar na Mega Sena é extremamente difícil. A chance é de 1 para mais de 50 milhões. Mas como sempre haverá ganhadores, nós atribuímos essa ocorrência a sorte.
Mas, se os números sorteados forem 01, 02, 03, 04, 05 e 06, e o ganhador for uma pessoa carente, religiosa e necessitando de recursos financeiros imediatos, logo atribuiríamos isso a um milagre, apesar da chance de dar essa sequência ou outra, é a mesma. Outro exemplo, se um passageiro chegar atrasado ao aeroporto, não conseguindo embarcar, e após, o avião cair matando todos os passageiros, atribuímos isso a um milagre.
Não levamos em conta os dados estatísticos, tais como: a toda a hora pessoas chegam atrasadas ao aeroporto e não embarcam; constantemente pessoas antecipam voos; a toda a hora pessoas prorrogam voos, e uma série de combinações possíveis, com ou sem queda de avião.
Existem fenômenos que ocorrem e nossa razão consegue elucidar. Então, as pessoas indolentes não se esforçam para esclarecer e preferem atribuir esse fenômeno a obra divina, e chegam a conclusão que é um “milagre” e pronto. Um fato ou fenômeno para ser considerado milagre tem que ser de impossível ocorrência. Assim temos:
1. Num desastre aéreo: se um único passageiro se salvar. É impossível? NÃO. Então não é milagre (A probabilidade de um avião cair e só uma pessoa se salvar é de 1 em 40 milhões. Desde 1970, 16 pessoas conseguiram esse feito).
2. Num desastre aéreo: se uma pessoa perder o voo (com ou sem intuição) e o avião cair. É impossível? NÃO. Então não é milagre (em todos os voos existem pessoas perdendo, adiantando ou prorrogando os voos).
3. Num desastre aéreo: se o avião a 12 km de altitude se desintegrar totalmente e um passageiro sobreviver. É impossível? Talvez SIM. Então é milagre.
4. Num desastre aéreo: se uma pessoa queimar durante 2 horas, a uma temperatura de mais de 1.000 graus, sem proteção nenhuma, e sobreviver. É impossível? Talvez SIM. Então é milagre.
5. Numa doença terminal. Se uma pessoa sobreviver a um câncer “terminal” (com reza ou não). É impossível? NÃO. Então não é milagre (Diagnóstico malfeito; melhora temporária; cura natural pela imunidade; etc.).
Milagre é uma crença. Crenças são produtos do cérebro, explicações internas que criamos para satisfazer nossos anseios e aflições. São convicções sobre a realidade que adquirimos no decorrer da vida através das pessoas com as quais convivemos.
Como somos seres acomodados e indolentes e não queremos ser responsáveis por nossos atos, preferimos entregar tudo isso nas mãos do destino. Outra opção é aceitar esses acontecimentos (milagres ou fatalidades), como obra do Acaso, ou das leis da Natureza, ou de algum outro causador ainda não identificado.
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