15 de setembro de 2025

FILOSOFIA

OBJETIVO DA FILOSOFIA

O objetivo da filosofia é resolver problemas filosóficos por meio da argumentação. Problemas filosóficos são os problemas a priori (ou seja: independentes da experiência) e conceituais (ou seja: referem–se aos conceitos que utilizamos em nosso dia a dia e nas ciências).

A filosofia nasceu da vontade do homem entender melhor a natureza, entender melhor o mundo e os seus problemas. Nasceu da reflexão sobre a vida.

Diferentemente dos problemas científicos, que são resolvidos por meio da experiência, os problemas filosóficos somente podem ser resolvidos pelo debate, pelo diálogo, pela controvérsia: o método da filosofia é argumentativo.

A Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos.

A Filosofia não é religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas.

A Filosofia não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das obras de arte e do trabalho artístico.

A Filosofia não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia.

A Filosofia não é política, mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder.

A Filosofia não é história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo.

DEUS NA FILOSOFIA = Para a Filosofia, Deus é um conceito, e não uma entidade religiosa. Por dois motivos, se pode falar sobre o conceito de Deus na história da Filosofia. Primeiro, porque esse conceito foi um dos primeiros problemas filosóficos e, segundo porque muitos sistemas filosóficos dependem desse conceito para seu desenvolvimento.

ATITUDE FILOSÓFICA

Quando assumimos nova postura diante de fatos e circunstâncias, até então, rotineiras para nós, estamos saindo do senso comum, e admitindo uma outra possibilidade. Quando isso acontece, mudamos de atitude. Quando o que era objeto de crença aparece como algo contraditório ou problemático e por isso se transforma em indagação ou interrogação, estamos passando da atitude costumeira para à atitude filosófica.

Filosofar envolve uma mudança de atitude diante da vida, descartando as explicações que nos foram impostas como verdadeiras. Passamos a ver o mundo de forma diferente, com um olhar mais atento e crítico, procurando conhecer além dos aspectos superficiais das coisas e também sua razão de ser, aproximando–nos de uma condição de vida mais livre.

Atitude filosófica: INDAGAR.

O que? O que a coisa ou a ideia, ou o valor é?

Como? Como a coisa , ou o valor, ou a ideia é?

Por que? Por que a coisa , a ideia, ou o valor existe?

Maria Helena Chauí coloca e indaga importantes atitudes filosóficas:

Porque pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?

O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?

Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos ou fazemos?

ATITUDE CRÍTICA

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, pois passa a dizer não aos “pré–conceitos”, aos “pré–juízos”, aos fatos e as ideias da experiência cotidiana, ao estabelecido. Em outra palavra, é colocar entre parêntesis nossas crenças e poder interrogar quais são suas causas e qual o seu sentido.

Por outro lado, a atitude filosófica tem também a sua face positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos.

Quando passamos a perguntar “O que é?”, “Por que é?”, “Como é?”, superamos a face negativa e a face positiva e assumimos a atitude crítica.

CRÍTICA

Palavra de origem grega e que possui três sentidos principais:

capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente;

exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem prejulgamento;

atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma ideia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artística ou científica.

REFLEXÃO FILOSÓFICA

As perguntas da filosofia se dirigem ao próprio pensamento: “O que é pensar?”, “Como é pensar?”, “Por que há o pensar?”. A filosofia torna–se, então, o pensamento interrogando–se a si mesmo. Quando o pensamento faz essa volta sobre si mesmo, a filosofia se realiza como reflexão. Diferentemente da atitude filosófica que se dirige ao mundo que nos rodeia, indagando a essência, a significação e a origem de todas as coisas, a reflexão filosófica aponta seu pensamento aos seres humanos no ato da reflexão, perguntando sobre a capacidade e finalidade humana para agir e conhecer.

A reflexão filosófica é o movimento pelo qual o pensamento, examinando o que é pensado por ele, volta–se para si mesmo como fonte desse pensado. É o pensamento interrogando–se a si mesmo ou pensando–se a si mesmo. É concentração mental em que o pensamento volta–se para si próprio pra examinar, compreender e avaliar suas ideias, suas vontades, desejos e sentimento.

A reflexão filosófica compreende três etapas, a saber:

RADICAL: é preciso que se vá até as raízes do problema, até seus fundamentos. Uma reflexão em profundidade. Abandonar o dogmatismo do senso comum e buscar as causas do problema.

RIGOROSA: deve–se proceder criticamente, colocando–se tudo em dúvida. Ir além das aparências, numa palavra, ser cético.

DE CONJUNTO: o problema não pode ser examinado ou analisado de modo parcial, isto é, é necessário avaliar a totalidade do fato, somente após isso feito é que podemos concluir alguma coisa.

Este movimento de indagar a si próprio é reconhecido na Filosofia enquanto reflexão filosófica radical, que se organiza em três conjuntos de questões, descritos por Chauí (1995) como:

Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? (motivos, causas e razões):

O que queremos pensar quando pensamos; o que queremos dizer quando falamos; o que queremos fazer quando agimos? (conteúdo e sentido);

Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? (intenção e finalidade).

REFLEXÃO

palavra empregada na física para descrever o movimento de propagação de uma onda luminosa ou sonora quando, ao passar de um meio para outro, encontra um obstáculo e retorna ao meio de onde partiu. È esse retorno ao ponto de partida que é conservado quando a palavra é usada na filosofia para significar o movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo.

PENSAMENTO SISTEMÁTICO

Outro ponto importante no trabalho do pensamento, e que precisamos considerar, diz respeito sobre as indagações fundamentais que fazemos através da atitude filosófica e da reflexão filosófica, pois elas não se realizam ao acaso, seguindo nossas preferências ou opiniões. A filosofia não é feita por “achismos”. As indagações filosóficas se realizam de modo sistemático. O que significa isso?

SISTEMA

Palavra de origem grega; significa “um todo cujas partes estão ligadas por relações de concordância interna”. No caso do pensamento, significa um conjunto de ideias internamente articuladas e relacionadas, graças a princípios comuns ou a certas regras e normas de argumentação e demonstração que as ordenam e as relacionam num todo coerente.

Dizer que as indagações filosóficas são sistemáticas significa dizer que a filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre enunciados, opera com conceitos ou ideias obtidos por procedimentos de demonstração e prova, exige a fundamentação racional do que é enunciado e pensado.

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