POR QUE PROFISSIONAIS DA SAÚDE SE TORNAM CHARLATÕES: É lamentável quando um
profissional de saúde se dedica ao charlatanismo. Amigos e colegas
costumam se perguntar como isso acontece. Algumas das razões
aparentes são:
TÉDIO: A rotina de trabalho pode ser monótona, e ideias pseudocientíficas podem parecer excitantes. O falecido Carl Sagan defendia que as qualidades que tornam a pseudociência atraente são as mesmas da ciência genuína. Ele lamentava que muitos preferem a pseudociência, quando a verdadeira ciência oferece tanto a quem está disposto a se esforçar.
BAIXA AUTOESTIMA PROFISSIONAL: Profissionais que não se sentem suficientemente valorizados podem compensar isso com alegações extravagantes. Odontólogos renegados chegam a dizer que "todas as doenças podem ser vistas na boca do paciente". Da mesma forma, podólogos, iridologistas, quiropráticos e outros usam suas áreas de atuação para fazer alegações extraordinárias. Médicos também não estão imunes, podendo elevar seu status ao alegar curar doenças que especialistas treinados não conseguem.
TENDÊNCIAS PARANORMAIS: Muitos sistemas de saúde são, na verdade, religiões higiênicas com crenças profundas sobre a natureza da realidade, salvação e estilo de vida. Vegetarianismo, quiropraxia, homeopatia e outras práticas estão enraizadas no vitalismo, uma doutrina que atribui as funções de um organismo a um “princípio vital” distinto das forças físico-químicas. Os vitalistas são anticientíficos, pois rejeitam o reducionismo, materialismo e mecanicismo da ciência, preferindo a experiência subjetiva à razão e à lógica.
ESTADO MENTAL PARANOIDE: Algumas pessoas veem conspirações em todo lugar. Elas podem acreditar que a fluoretação da água é uma conspiração para envenenar a população ou que a medicina organizada esconde a cura para o câncer. Enquanto a paranoia individual é frequentemente associada a transtornos mentais, a paranoia coletiva, dirigida a uma nação ou cultura, pode parecer mais racional e justa para quem a defende.
CHOQUE COM A REALIDADE: Profissionais de saúde que lidam com doenças terminais podem ser confrontados com a dura realidade da morte. Alguns não conseguem lidar com isso e se desiludem com a medicina padrão, adotando terapias não comprovadas devido às suas limitações e efeitos colaterais.
INTRUSÃO DE CRENÇAS: A ciência é limitada a fenômenos observáveis e mensuráveis. Crenças que a transcendem pertencem à filosofia ou religião. Permitir que essas crenças interfiram na prática clínica não é apropriado, pois noções metafísicas não devem substituir ou distorcer diagnósticos e procedimentos científicos. Quem deseja atuar com base em crenças religiosas deve seguir uma carreira diferente.
O MOTIVO DO LUCRO: O charlatanismo pode ser extremamente lucrativo. A ganância pode levar profissionais de saúde a ignorarem a ética, visando apenas o dinheiro.
O MOTIVO DO PROFETA: Assim como profetas clamavam por conversão, alguns médicos se veem no papel de convencer pacientes a mudarem seus estilos de vida. Esse papel pode gerar um senso de poder sobre as pessoas. Charlatões, por sua vez, se deleitam com esse poder, explorando a adulação de seus seguidores. A egomania é comum entre eles, pois aproveitam a adulação que a suposta superioridade evoca.
TENDÊNCIAS PSICOPATAS: Dr. Robert Hare, que investigou o tema por mais de vinte anos, afirma que psicopatas são encontrados em todas as profissões. Ele os descreve como pessoas desprovidas de empatia e consciência, exibindo características como eloquência, charme superficial, grandiosidade, mentira patológica e falta de culpa. Essas características são frequentemente vistas em charlatões.
O FENÔMENO DA CONVERSÃO: Algumas pessoas que se tornam charlatões enfrentam crises pessoais, como divórcio ou doenças crônicas, que as levam a buscar refúgio em novas crenças. Um estudo revelou que a razão mais comum para médicos adotarem práticas “holísticas” foram “experiências espirituais ou religiosas”. É crucial mobilizar aqueles que compreendem o perigo do charlatanismo para combater sua disseminação.
Baseado nos textos dos autores: Dr. Beyerstein, MD. Biopsicólogo na Simon Fraser University em Burnaby & Stephen Barrett, MD. Psiquiatra.
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