9 de setembro de 2025

BEM E MAL - BOM E MAU!

A Genealogia da Moral de Nietzsche tem o intuito de demonstrar que doutrinas morais reverenciadas como verdadeiras não são fixas ou eternas. Ele entende que há algo de auto alienador na história da moralidade e utilizará discussões genealógicas históricas para subverter a confidência dos sistemas de crenças tradicionais. Para isso, ele irá questionar não apenas a verdade destas crenças, mas o valor da própria moralidade. Sob que condições o homem inventou para si os juízos de valor ‘bem’ e ‘mal’? Dessa forma, o próprio valor desses valores deverá ser colocado em questão. Nietzsche pretende demolir o fundamento metafísico pelo qual os valores da tradição cristã se erigiram e; demonstrar que esta construção não é divina, mas histórica e humana. 

Nietzsche, (1844 a 1900), foi um filósofo contestador  principalmente do Platonismo, do cristianismo, pois, tais movimentos, filosofias, defendem o niilismo, ou seja, negam a vida, negam o mundo da vida. Mas, Nietzsche  também contesta estes movimentos, que surgiram a partir de Sócrates, porque subverteram a ordem natural, transformando o forte, o vitorioso, em fraco, tal procedimento foi denominado de ascetismo  moral. Assim, Nietzsche salienta que o fraco, o derrotado, o menos dotado, sentindo-se incapaz  de vencer o forte, o aristocrata elabora uma poderosa estratégia, e tudo tem inicio com Platão em sua teoria da forma.

Portanto, Sócrates, Platão  criam a moral do fraco, pois na época os fortes eram os sofistas, eram  os Gregos na época da tragédia , então os fracos , Platão, e Sócrates, negaram este mundo , chamaram de mundo aparente, uma pálida  cópia do mundo, poderoso, mundo das ideias , logo, o forte deste mundo  perdeu sua  pujança no mundo  das ideias. Posteriormente o cristianismo adaptou a teoria de Platão  a sua doutrina, tal fato ocorreu graça a Santo Agostinho de Hipona  bispo da igreja. Logo, o cristianismo negou este mundo, o mundo dos fortes, da lei de  Charles Darwin, onde só os fortes sobrevivem, enquanto os fracos sucumbem.

Assim, o cristianismo  além do niilismo, subverteu a ordem natural, através do ascetismo moral, posto que, os valores  enaltecidos, valorizados  pelo cristianismo são: Os fracos, os humilhados, os aleijados, os pobres  de espírito, os fracassados, os vencidos, herdarão o céu, ou seja, após a morte superarão os fortes deste mundo. Segundo Nietzsche tal visão aniquilou o que de melhor estava acontecendo no mundo, e, denominou-a de moral dos fracos, dos vencidos. Pois, segundo Nietzsche  a moral  foi outra invenção do fraco para superar o forte, gerando a culpa. Logo, a moral, a lei, foi  uma conquista do fraco, pois sem elas o fraco seria dizimado. 

Contudo, o interessante é a colocação de Nietzsche  ao afirmar que os fracos  transformaram os conceitos de bem e mal, e de bom e mau, através da moral  os valores  que  enaltecem os fracos foram transformados em  bom no lugar de bem, pois o antônimo de bom  é mau, desta forma, com esta inversão  de bem por bom, os fortes foram transformados em mau. Assim, foi criado a moral dos fracos.

Mas, Nietzsche  nutria verdadeira aversão a Sócrates, a Platão, ao cristianismo  ,porque mataram o positivo, a pujança, a força, a vontade de potência, vontade de poder, que deveriam ser atributos naturais, enaltecendo  a moral dos debilitados, gerando falsos valores, por isso, na sociedade pós moderna prevalece esta inversão, pois, uma pessoa afirmar que sabe, que é bom, é denominada de gabola, moralmente é rebatida, mas, se a pessoa que sabe afirmar que não sabe, ela é tida como humilde, quando na verdade está sendo hipócrita, tal deformação moral tem prevalecido na ética das sociedades pós moderna.

Os valores “Bom” e “Mau”: “Torna-se possível… traçar um dupla história dos valores “Bem” e “mal”. O fraco concebe primeiro a ideia de “mau”, com que designa os nobres, os corajosos, os mais fortes do que ele – e então a partir da ideia de “mau”, chega, como antítese, à concepção de “bom”, que se atribui a si mesmo. O forte, por outro lado, concebe espontaneamente o princípio “bom” a partir de si mesmo e só depois cria a ideia de “ruim”. 

Do ponto de vista do forte, “ruim” é apenas uma criação secundária, enquanto para o fraco “mau” é a criação primeira, o ato fundador da sua moral, a moral dos ressentidos. O forte só procede por afirmação e, mais, por auto-afirmação; o fraco só pode firmar-se negando o que considera ser o seu oposto. (“Para a Genealogia da Moral”, Primeira dissertação, parágrafo 9).

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