4 de setembro de 2025

ABRAÇO DAS ÁGUAS

1º lugar no Concurso Literário “Sua poesia vai à feira” na 50ª Feira do Livro da FURG 2025, em 03/09/2025.

No azul profundo,
Desperta um novo mundo.
No sopro do mar,
Um povo a chegar.

Lusos valentes,
De sonhos ardentes,
Na restinga fria,
Erguem freguesia.

Na mão de Silva Paes,
A cidade se traça,
No risco da terra,
A vida abraça.

Porto que pulsa,
Cidade encantada,
No antigo mercado,
Memória lavrada.

Ali, na barra,
Onde o mar se espraia,
A vida desponta,
Na espuma que ensaia.

E Tales dizia,
Na voz que orienta:
Tudo é água
Raiz e tormenta.

Cidade das águas,
De brumas e luz,
Guarda em seu seio
A vida que conduz.

A poesia “ABRAÇO DAS ÁGUAS” destaca a essência e a história da cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, de uma forma lírica e concisa. O poema tece uma narrativa que começa com a fundação da cidade e termina com uma reflexão sobre a sua identidade.

O poema começa com imagens evocativas, como o “azul profundo” e o “sopro do mar”, que imediatamente situam o leitor no ambiente marítimo. A chegada dos “Lusos valentes” na “restinga fria” remete diretamente à fundação histórica, ligando a cidade à sua herança portuguesa e à sua localização geográfica particular.

A poesia menciona figuras históricas como Silva Paes, reconhecendo o papel crucial dele no planejamento da cidade (“A cidade se traça, / No risco da terra”). Essa passagem, junto com a referência ao “antigo mercado” e à “memória lavrada”, constrói uma conexão forte com o passado e a identidade cultural da cidade.

O poema também incorpora uma citação de Tales de Mileto (“Tudo é água – / Raiz e tormenta”), um filósofo pré-socrático. Essa referência eleva a poesia de uma simples descrição para uma reflexão mais profunda. A água é apresentada não apenas como um elemento físico, mas como a essência da cidade: sua origem (“raiz”) e seus desafios (“tormenta”).

O poema termina com uma visão de Rio Grande como uma “cidade das águas”, que acolhe e molda a vida. No geral, a poesia é uma ode a Rio Grande que combina história, natureza e filosofia para capturar o espírito da cidade.

A poesia, em poucas estrofes, consegue contar uma história completa, homenageando as raízes históricas e a identidade cultural de uma cidade moldada pela água.

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