10 de dezembro de 2008

As origens da sexualidade

Nenhum comportamento humano afeta mais obviamente a transmissão de genes do que o sexo. Portanto, nenhuma parte da psicologia é uma candidata mais óbvia para a explicação da evolução do que os estados da mente que conduzem ao sexo. Homens e mulheres são diferentes. Nem melhores nem piores - apenas diferentes. A ciência sabe disso, mas as pessoas politicamente corretas fazem de tudo para negar. Evoluíram de modos diferentes porque tinha que ser assim. Os circuitos cerebrais e os hormônios determinam nosso comportamento e modo de pensar.

O homem evoluiu com as responsabilidades de guerrear, proteger e resolver problemas. A família só esperava que ele cumprisse suas tarefas: caçador e protetor - nada mais. A orientação de seu cérebro e o condicionamento social o impedem de demonstrar medo ou dúvida. Precisava ser capaz de ter o máximo possível de orgasmos no mais curto espaço de tempo antes que fosse atacado por predadores ou inimigos.

O homem desenvolveu o senso de direção e pontaria, tornando-se capaz de localizar a caça, atingi-la mesmo em movimento e levá-la até onde vivia. Sempre se definiu de acordo com seu trabalho e realizações. A auto-estima masculina dependia do reconhecimento da mulher aos seus esforços. Não precisava ser bom de papo nem se ligar nas emoções alheias. Daí que ao lado de um homem calado, com o olhar perdido, sempre há uma mulher se sentindo desprezada. Ele, entretanto, é um caçador. Passou o dia inteiro caçando e precisa descansar. Ele só quer um pouco de sossego!

As mulheres precisavam da aptidão para percorrer pequenas distâncias, visão periférica mais ampla para monitorar o ambiente em volta capaz de detectar sinais que indicassem a aproximação de perigo, habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo e boa capacidade de comunicação. Possuem habilidades sensoriais muito mais aguçadas. Notam detalhes e alterações mínimas na aparência e no comportamento dos outros.

O homem utiliza essencialmente o lado esquerdo para falar. O cromossomo X é o responsável pelas 7 milhões de células em forma de cone que processam as cores. Como possui dois cromossomos X, a mulher tem maior variedade de cones e por isso descreve mais detalhadamente as cores. Também os sentidos do paladar e do olfato são superiores nas mulheres. Por terem o centro da fala em ambos os lados do cérebro, as mulheres são boas de papo. Como a fala é restrita a áreas específicas, o cérebro fica livre para executar outras tarefas. Por isso as meninas aprendem mais facilmente vários idiomas e têm mais facilidade em gramática, ortografia e pontuação.

Mulheres têm visão periférica mais ampla, homens têm visão tipo túnel. A mulher, como guardiã da cria, tem um campo visual de pelo menos 45 graus de cada lado da cabeça e acima e abaixo do nariz. O homem, como caçador, precisava ser capaz de identificar e perseguir alvos distantes. Em viagens longas, as mulheres devem dirigir de dia e os homens à noite. A mulher precisa entender que para ser ouvida deve apresentar com clareza uma idéia por vez ao homem. Também não deve interrompê-lo. Avisar que quer ser escutada e organizar a pauta. Se um homem se fecha, deixe-o em paz. Se é a mulher que se cala, atenção: o problema é grave e exige uma conversa séria. A mulher que, à noite, fala sem parar só esta “gastando” as palavras que sobraram de sua cota diária.

Os homens evoluíram como caçadores e não como comunicadores. Durante a caça, só utilizava sinais não verbais e muitas vezes ficava horas e mais horas em silêncio à espera da presa. Em pescarias, também fica muito tempo imóvel, sem falar. Reuniões de mulheres é diferente: se estiverem caladas, é sinal de problema grave. Homens só aceitam mais proximidade quando o compartimento de seu cérebro onde fica a comunicação se abre - depois de muitas doses de bebida. Durante a ereção a concentração é tanta, que ficam praticamente surdos.

As mulheres preferem falar com outra pessoa olhando nos olhos. Seja em conversas ligeiras, ou em conversas mais sérias, as mulheres gostam de se comunicar encarando de frente. E elas obtêm mais intimidade com essa postura. É um gesto adquirido da mãe. Ela pega a criança no colo, volta seu rosto para encará-la e fala com a criança. Trata-se de um reflexo adquirido. Por milhões de anos as mulheres seguram seus bebês em frente a suas faces: ninando, dando bronca, ensinando e conversando.

Os homens preferem se comunicar sem encarar. Eles se comunicam de lado, seguindo uma tradição que viria do tempo em que eram apenas caçadores e esperavam sua presa nos arbustos, falando com seus companheiros que estavam ao seu lado. Repare como é mais fácil se comunicar com um homem sentado ao lado dele num carro, ou andando na rua, passeando; ou pescando. No fundo é isso: tudo é como se os homens estivessem caçando mamute, de cócoras, atrás de um arbusto.

Quando a mulher gosta do homem, conversa bastante. O mais importante para ela é servir e conhecer gente interessante. Quanto mais culto o indivíduo, menos sexo ele faz. Os homens acham que são mais práticos; as mulheres sabem que são elas. Os homens mudaram pouco, mas as mulheres não. Optaram por seguir carreira porque querem coisas que os homens têm: dinheiro, prestígio e poder. Quem quer subir precisa conhecer as prioridades masculinas, mas o sistema de valores femininos funciona bem melhor quando se busca eficiência, harmonia e sucesso.

Já foi verificado que o homem consegue intimidade fazendo coisas lado a lado. O modo como praticam esportes, jogando lado a lado; ou o prazer que sentem assistindo a um filme ou televisão ao lado de alguém. Quando psicólogos pedem para homens sentarem e conversar, há uma tendência a que eles se sentem lado a lado, é muito raro que eles escolham posições se encarando frente a frente. Isso é observado até em meninos pequenos. Tanto que existem vários psicólogos que começaram a fazer análises de pacientes masculinos sem sentarem-se de frente para eles, mas sim procurando uma posição mais de lado.

Quando um homem brinca com um bebê, ele muito provavelmente vai levantar e abaixar seguidas vezes a criança, e depois virá-la - como se fosse para ela “ver” o mundo sob seu ponto de vista. O homem tem a tendência de mudar a posição da criança para que ambos observem o mundo em dupla. As mulheres, ao contrário disso, costumam segurar o bebê em frente de seu rosto, brincam e falam com ele sempre encarando de frente.

Nossa identidade sexual se forma entre 6 e 8 semanas após a concepção. Se um feto do sexo masculino (XY) recebe menos hormônios (androgênios) para configurar seu cérebro do que a proporção necessária, nascerá um menino com cérebro masculino e algumas capacidades e padrões de pensamento tipicamente femininos. Se receber muito menos hormônios, terá o cérebro com estrutura e pensamento essencialmente femininos e provavelmente será homossexual. Mais de 15% dos homens têm cérebros femininos; 10% das mulheres têm cérebros masculinizados. A homossexualidade é genética, não depende de escolha. Para cada lésbica há de 8 a 10 gays. Entre os adolescentes suicidas 30% são homossexuais.

Os homens são mais focados. Eles compartimentam o meio ambiente e são mais propensos a fazer as coisas passo a passo. Um clássico comportamento do homem - que virou motivo de piadas em cartuns - é o do sujeito lendo jornal que não escuta nada daquilo que a mulher está lhe falando. As mulheres pensam imediatamente que o homem é grosseiro. O problema é que os homens são mais focados: quando eles lêem jornal, eles apenas lêem jornal, e fim de papo.

Os homens ouvem como estátuas. O objetivo biológico do guerreiro era ouvir impassível, sem demonstrar emoção. Essa máscara é usada para fazer com que se sintam donos da situação, não significando que sejam insensíveis. O homem não é bom leitor de mentes. A mulher é 3% mais inteligente, embora possua cerca de 3 bilhões de neurônios a menos. A gagueira é um problema quase exclusivamente masculino e há sete meninos para duas meninas nas classes de recuperação da alfabetização.

O homem tem mais de 10 vezes mais testosterona que a mulher. No organismo masculino ela vem em ondas, de cinco a sete vezes por dia. Daí que consegue fazer sexo a qualquer hora e em qualquer lugar. O homem de voz grave tem mais do dobro de ejaculações que o tenor. 74% dos meninos usam a agressão para resolver um problema. 78% das meninas se afastam ou negociam.

O homem que chega em uma festa vai procurar a mulher “ideal” com base na testosterona - belas pernas, bundinha arrebitada, seios empinados, relação em torno de 70% entre cintura e quadril (são mais férteis e saudáveis), ainda que estejam gordinhas e assim por diante. Em algum ponto da evolução, o homem aprendeu a calcular inconscientemente essa medida, e agora traz esse conhecimento instalado no cérebro.

Somos descendentes dos melhores caçadores e das melhores coletoras. Assim, continuamos a repetir o comportamento que tínhamos há milhares de anos. Por isso, ao chegar em casa, o homem apropria-se do controle remoto da televisão e muda de canal sem parar. Claro que não dá tempo para perceber os programas. O que importa é “matar” os canais - ter o controle sobre o aparelho. Por isso, milhões de anos depois, estão aí, as mulheres coletando muitas coisas em shoppings, supermercados, lojas e feiras. E como elas são boas nisso!

A mulher infeliz no relacionamento não consegue se concentrar no trabalho; o homem insatisfeito no trabalho não consegue se concentrar no relacionamento. Mulheres não se importam de admitir erros porque isso é uma forma de aproximação e demonstração de confiança. O homem passou um milhão de anos não querendo ser visto como um fracasso, daí sua dificuldade em pedir perdão e admitir críticas. Meninas buscam relacionamento e cooperação; meninos buscam poder e status.

As mulheres que usam variedade de roupas íntimas sensuais têm companheiros mais fiéis. É a adaptação da relação monogâmica à necessidade masculina de variar. O cérebro masculino precisa de variedade. Ele engana a si mesmo e finge que tem um harém ao ver sua mulher vestida com diferentes roupas sensuais. Para fazer sexo as mulheres precisam de motivo; os homens precisam de lugar.

Paixão é o estágio em que o outro fica “martelando” na cabeça. Nesse momento o cérebro só focaliza as qualidades e ignora os defeitos. As pessoas apaixonadas são mais saudáveis. A principal substância química que provoca os sintomas da paixão é a feniletilamina, da família das anfetaminas, encontrada no chocolate e que estimula o centro do amor no cérebro da mulher. Já o champagne contém uma substância química não encontrada em outra bebida, que aumenta o nível de testosterona. Os hormônios masculinos, em especial a testosterona são chamados hormônios da agressão. Criaturas com os mais altos níveis de testosterona dominam o reino animal.

A paixão quase sempre retratada como a arrebatação que envolve os sentidos e emudece a razão, não passa de um truque biológico da natureza que tem como único e nobre objetivo a união entre homem e mulher pelo tempo suficiente para procriar (perpetuação da espécie). O romantismo, as melosas declarações de amor, o tufão que invade todas as células e causa destruições, são tão somente reações químicas causadas pela produção e secreção de substâncias que fluem cérebro para a corrente sangüínea. A cultura mascara a tendência biológica, por isso há exceções a regras de comportamento.

Cerca de metade dos casamentos acaba em divórcio e os relacionamentos mais sérios não duram muito. Considerando as relações não oficiais e as uniões homossexuais, os divórcios chegam a cerca de 70%. Os casamentos encurtaram depois que o amor entrou na história. Durante muitos séculos, as uniões duravam porque não existia expectativa de romance ou de prazer sexual. Ninguém se decepcionava. O marido tinha de prover e respeitar. A esposa tinha de ser boa dona de casa e boa mãe. No momento em que se passou a procurar realização afetiva e prazer, o casamento melou.

No homem a emoção se posiciona no hemisfério direito e por isso opera independente de outras funções cerebrais. Na mulher a emoção está presente numa região bem mais ampla de ambos os hemisférios e opera junto com outras funções. O cérebro feminino tem os centros da emoção e da razão melhor conectados e a mulher não perde o controle por causa da testosterona. Normalmente a mulher é que termina o relacionamento, deixando o homem confuso. Mais de 90% dos casamentos começam por iniciativa masculina e mais de 80% terminam por iniciativa feminina.

A mulher quer muito sexo com o homem que ama. O homem quer muito sexo. O homem se estimula com o que vê; a mulher, com o que ouve. O homem precisa fazer sexo antes de entrar em sintonia com seus sentimentos. A mulher precisa de sentimento antes de fazer sexo. A mulher se estimula com romance, compromisso, comunicação, intimidade e toque não-sexual. O homem, com pornografia, nudez, variedade, roupas íntimas e disponibilidade da mulher.

Quando a mulher vai para a cama com um homem é porque tem uma ligação emocional com ele. Se ela tiver um caso e disser que não significou nada, provavelmente estará mentindo. Para a mulher, amor e sexo estão entrelaçados. Enquanto a mulher faz amor, o homem faz sexo. A mulher que muito sexo com o homem que ama. O homem quer muito sexo.

O centro do sexo fica no hipotálamo, que é maior no homem que na mulher, homossexuais e transexuais. 37% dos homens pensam em sexo a cada 30 minutos. Só 11% das mulheres apresentam a mesma freqüência. A mulher irá procurar um homem sensível e carinhoso, personalidade forte e com silhueta em V - ombros largos, cintura estreita e braços fortes, que são os pré-requisitos para um bom caçador.

O namoro é a fase de relacionamento em que o homem mais toca a mulher. Na verdade, está louco para “pôr as mãos nela”, mas ainda não recebeu o sinal verde para as carícias mais íntimas. Então, toca em todos os lugares permitidos. Depois que “avança o sinal”, não vê mais motivo para voltar aos velhos tempos e se concentra só no que ele considera as “partes melhores”. Durante o namoro, ele conversa bastante, colhe informações - fatos e dados sobre a namorada - e fala sobre si mesmo. Depois de casado, acha que já sabe tudo o que precisava saber e não vê necessidade de muito papo.

Os homens têm um comportamento semelhante ao dos animais. O processo de escolha do parceiro não passa pela consciência, é uma decisão das partes primitivas do cérebro. Ocorre da seguinte maneira: (1º) O imperativo reprodutivo, necessidade de deixar cópias genéticas da melhor maneira possível, é o fator que determinaria a escolha do par; (2º) o olho visualiza e seleciona a pessoa; (3º) a visão do ser escolhido detona a produção e a secreção de neuroquímicos; (4º) os neuroquímicos fluem do cérebro para a corrente sangüínea em substâncias como a dopamina, a norepinefrina, a feniletilamina e a endorfina; (5º) há reações no corpo, como pele enrubescida, mãos frias e trêmulas, respiração alterada, coração disparado, estado de alegria e torpor; (6º) a partir de critérios biológicos e culturais, o par se uniria; (7º) a mulher engravida. A reprodução humana caracterizada por uma prole pequena e um grande desgaste energético. O bebê é frágil e demora para se tornar independente; (8º) a mulher precisa de ajuda para cuidar dos filhos. A estrutura familiar surge para suprir essa carência; (9º) o amor aparece para que o macho volte para a fêmea depois da cópula e da gravidez.

Fontes:
BLAIR, Dique. A lógica de puppeteer. Internet.
CAMINHA, Renato. Amor pode ser um truque da natureza. ZH de 03/10/1998.
NOBREGA, Clemente. O glorioso acidente. Editora Objetiva.
PEASE, Alan e Barbara. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?
PROPATO, Valéria. Casamento ou tesão. Internet.
SPRIGGS, William. O que é psicologia evolutiva? Internet.
WRIGHT, Robert. O animal moral. Editora Campus.
ZAMORA, Renato. Amor pode ser um truque da natureza. ZH de 03/10/1998.­­­

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