22 de novembro de 2012

Metafísica dos vasos comunicantes

ORIGEM: Medo das forças “misteriosas” da natureza (trovões, raios, enchentes, vulcões, maremotos, terremotos, vendavais) + Medo da fome, de animais, de doenças, do sofrimento + Medo da morte, do desconhecido.
® Falta de interpretação dos fenômenos naturais. Movimentação do sol e da lua. Estrelas cadentes. Imensidão do Universo.
® num mundo cheio de mistérios, o homem primitivo imaginou um ser invisível, poderoso, como o criador dos artefatos existentes no mundo e autor dos fenômenos da natureza. A esse ser imaginário chamou de deus.
SACRALIZAÇÃO: Ruptura entre o natural e o sobrenatural, introduzindo no sobrenatural uma força ou potência para realizar aquilo que os humanos julgavam impossível efetuar contando apenas com as forças e capacidades humanas. Proporciona superioridade e poderio de alguns sobre outros, sentidos como espantosos, misteriosos, desejados e temidos. Opera o encantamento do mundo, habitado por forças maravilhosas e poderes admiráveis que agem magicamente à distância, enlaçando entes diferentes com laços secretos e eficazes. Pode suscitar devoção e amor, repulsa e ódio. Esses sentimentos suscitam um outro: o respeito feito de temor. Nasce, aqui, o sentimento religioso e a experiência da religião.
® Natural x Sobrenatural; Material x Espiritual = cria diferença ® oposição, antagonismo (para dominar).
® Sobrenatural (crença → desconhecimento → ignorância) = potência (força → poder → pré-figura deus!).
® Espiritual (crença → desconhecimento → ignorância) = incognoscível (inexplicável → mistério → temor).
RELIGIÃO: Códigos morais, de bom comportamento, que aspiram à vida eterna. A Religião pressupõe que, além do sentimento da diferença entre natural e sobrenatural, haja o sentimento da separação entre os humanos e o sagrado, mesmo que este habite os humanos e a Natureza.
® Nasceu da superstição (crença infundada, ignorância), passando a servir a tirania (opressão).
® É nefasta porque mantém os homens em estado de ignorância das verdadeiras causas de todas as coisas, da origem humana, do poder político e das leis.
LEI DIVINA: Os deuses são poderes misteriosos e vontades. Misteriosos, porque suas decisões são imprevisíveis e, muitas vezes, incompreensíveis para os critérios humanos de avaliação. Vontades, porque o que acontece no mundo manifesta um querer pessoal, supremo e inquestionável. A religião, ao estabelecer o laço entre o humano e o divino, procura um caminho pelo qual a vontade dos deuses seja benéfica e propícia aos seus adoradores. A vontade divina pode tornar-se parcialmente conhecida dos humanos sob a forma de leis, isto é, decretos, mandamentos, ordenamentos, comandos emanados da divindade.
® As leis são instuituidas pela vontade de Deus, reveladas a alguns que têm o direito divino, com poderes para dominar e comandar.
MORTALIDADE: Toda religião explica não só a origem da ordem do mundo natural, mas também do mundo humano. No caso dos humanos, a religião precisa explicar por que são mortais. O mistério da morte é sempre explicado como expiação de uma culpa original, cometida contra os deuses. No princípio, os homens eram imortais e viviam na companhia dos deuses; a seguir, uma transgressão imperdoável tem lugar e, com ela, a grande punição: a mortalidade.
IMORTALIDADE: Algumas religiões afirmam que o corpo humano possui um duplo, feito de outra matéria, que permanecerá após a morte, usando outros seres para relacionar-se com os vivos. Certas religiões acreditam que o corpo é habitado por uma entidade – espírito, alma, sombra imaterial, sopro -, que será imortal se os decretos divinos e os rituais tiverem sido respeitados pelo fiel. Por acreditarem firmemente numa outra vida – que pode ser imediata, após a morte do corpo, ou pode exigir reencarnações purificadoras até alçar-se à imortalidade -, as religiões possuem ritos funerários, encarregados de preparar e garantir a entrada do morto na outra vida.
Ø    RELIGIÕES = Códigos morais, de bom comportamento + vida eterna.
Ø    UNIVERSO = Grande oceano com seus vasos comunicantes (a Natureza, o Tudo).
Ø    ENTE = Consciência individual.
Ø    SER = Consciência coletiva.
VASOS COMUNICANTES: Todos os atos que praticamos, através de um sistema de vasos comunicantes, acabam repercutindo no mundo físico, no planeta e nos demais seres vivos. O Universo (o Tudo) é como se fosse um Grande Oceano, interligado com os Entes, por mares, lagos, rios e arroios.  
® Os Entes (vasos), depois de extinguir-se o prazo de validade, são despejados na margem do oceano onde evoluíram.
® O líquido/fluído (consciência individual) ao ser despejado na margem, interage imediatamente com o Grande Oceano (o Universo), através de “vasos comunicantes”.
® Novos Entes (vasos) são enchidos com o líquido/fluído da margem do Grande Oceano de seus ancestrais, começando o prazo de validade desses.
® Os Entes são distintos, pois embora pertençam ao Grande Oceano (ao Tudo, ao Ser), guardam algumas características dos lugares onde foram enchidos.
® O Grande Oceano (a Natureza) é reciclado a todo o instante com o despejo ininterrupto de líquidos/fluídos (consciência singular) de Entes (vasos) que vão se extinguindo.
CONSCIENTE COLETIVO: O consciente coletivo (o Ser) é constituído por um patrimônio coletivo da espécie humana (Entes). Esse conteúdo coletivo é essencialmente o mesmo em qualquer lugar e não varia de pessoa para pessoa.
® Nesse consciente coletivo, os temas importantes para a humanidade vão evoluindo até o momento em que eles são absorvidos no imaginário popular em forma de lendas e superstições e em manifestações artísticas.
® Os Entes (vasos) carregam armazenadas no inconsciente coletivo, informações de um enorme banco de dados (o Ser, o Tudo), onde ficam todas as impressões da humanidade, desde o início dos tempos.
® Os arquétipos presentes no inconsciente coletivo são universais e idênticos em todos os indivíduos e manifestam-se simbolicamente em religiões, mitos, contos de fadas e fantasias.
® Entre os principais arquétipos estão os conceitos de nascimento, morte, sol, lua, fogo, poder e mãe.
® Nos sonhos, visões, êxtases e devaneios espirituais (vidas passadas, EQMs, etc.), podemos ter acesso, através do cérebro, aos cantos mais profundos desse banco de dados (do Ser, do Tudo).
GENES: Os genes são os responsáveis pela capacidade, que todos os seres vivos (Entes) possuem, de transmitir informação (o fluído Universal, o Consciente Coletivo) aos descendentes. Levamos nos genes, as memórias de nossos ancestrais, seus instintos, a personalidade, a individualidade consciente de todos os que participaram na formação do nosso Ente.
® O conhecimento pretérito, apenas parece ser de “vidas passadas”, mas em verdade decorre da memória incorruptível dos genes (do Ser), constituída por bytes, bytes e mais bytes de informação digital pura.
® As explicações místicas, são simplesmente resultantes de arquétipos oriundos de experiências ancestrais, que se arquivaram nas delicadas estruturas nervosas e posteriormente são transmitidas aos descendentes através de genes ao longo de gerações.
® A crença na imortalidade da alma, comum a quase todas as religiões, não passa da percepção, em nível consciente, da imortalidade do Ser (o Universo, o Tudo). São o resultado das complexas reações físico‑químicas operadas no cérebro, em resposta aos estímulos externos e internos captados pelos sentidos ou outros meios, e levados àquele órgão via rede nervosa de todo o organismo.
® Herdamos as predisposições de temer serpentes e a escuridão porque nossos ancestrais experimentaram tais medos ao longo de um sem-número de gerações. Estes medos ficaram-lhes gravados no cérebro. Os conteúdos do inconsciente coletivo estimulam um padrão pré-formado de comportamento pessoal que o indivíduo seguirá desde o dia do nascimento.
ALMA OU ESPÍRITO: Não existe nenhuma alma ou espírito individual diferente do Ente. A alma ou espírito do Ente é apenas a inteligência agregada das células (dos genes). Não existe alma ou espírito individual além da inteligência animal, além do cérebro. É o cérebro que nos mantém vivos. Não há nada além disso. Toda essa conversa de uma existência (consciência individual) para nós, além do túmulo, está errada. Nasce de nosso apego à vida - nosso desejo continuar vivendo - nosso medo de chegar a um fim como indivíduos.
® Corpo e alma = Uno (uma coisa só). Unidade imanente ao Ente. Permanência do fim. Que existe sempre e é inseparável dele. Que não pode ser encontrada do lado de fora.
® Deus (o Ser, o Tudo, a Natureza, o Universo) é imantente à Natureza e somente pode ser conhecido pela razão.
ENERGIA: Energia é igual a matéria, bastando multiplicar pelo quadrado da velocidade da luz. É nisto que consiste o princípio da fórmula E=m.c². Tudo é energia, mesmo que não pareça, pois matéria é energia com “massa em repouso”, ou seja, a massa do objeto quando sua velocidade é nula. Qualquer atividade que resulte numa mudança de um estado inicial de um objeto requer energia.
MATÉRIA: Matéria e energia são a mesma coisa, só que apresentadas de forma diferente. Massa é uma espécie de âncora da matéria. Sem massa, a matéria não poderia se organizar estruturas como átomos, moléculas, células e seres vivos. Sem massa não existiria repouso. Tudo ao nosso redor é constituído de matéria. Dos mesmos átomos, dos mesmos elementos, da mesma matéria que compõe o restante do Universo. Todas as estrelas, um dia, foram massas enormes de hidrogênio puro, comprimido, quentíssimo, girando pelo espaço. Toda a matéria que conhecemos por aqui veio delas. Tudo veio das estrelas.
TUDO ACABA! Um dia a Terra desaparecerá. Apaga-se o sol, o sistema solar acaba e o Universo nem sequer se dará conta de que existimos. Ainda assim, em algum canto do Universo, no Grande Oceano, um mar, um lago, um rio ou um arroio, continuará existindo...
Ø    UNIVERSO: O Tudo (o Ser) ® Um Grande Oceano (o Consciente Coletivo) que interage com os Entes através de vasos comunicantes (o Grande Oceano). Não foi criado, sempre existiu. A ordem vem do “design” da regularidade natural, não havendo qualquer necessidade de uma explicação mais ampla.
Ø    O ENTE: Consciência individual (o Consciente Coletivo singular) ® aparente, sensível e mortal.
Ø    O SER: Consciência coletiva (o Universo, a Natureza, o Tudo) ® amórfico, insensível e imortal.
Ø    RELIGIÕES: Códigos morais, de bom comportamento, que aspiram à vida eterna da consciência individual.
Ø    DEUS: Sacralização do Ser ® Incognoscível (inexplicável ® mistério ® crença). Um ser antropomórfico (pessoa), com pensamentos e emoções.
Ø    A LEI: O Universo (a Natureza, o Tudo) é regido por uma “Lei” impessoal, imanente, perfeitamente racional e acessível. A Lei funciona automaticamente. Quem se harmoniza com a Lei, goza; quem se opõe, sofre. A Lei é essencialmente neutra. A Lei é totalmente indiferente à dor, ao sofrimento, à maldade, à bondade, à beleza, à feiúra ou a qualquer outra coisa que possamos valorizar.