15 de dezembro de 2009

Então é natal

Então é NATAL, a festa cristã, do pobre e do rico, do velho e do novo. Tudo bem, é NATAL... Mas, se a festa é cristã, o que dizer aos ateus, aos mulçumanos e aos judeus? O que dizer aos mendigos e aos desempregados? O que dizer da violência, da fome e da exclusão social? De gente que não é gente? Da hipocrisia? Da intolerância? De desafetos que passam o ano inteiro brigando? De patrões que oprimem seus empregados? De pais e filhos com atitudes algozes? De políticos que iludem a população? Mas todos eles, oponentes, algozes e vítimas se confraternizando no NATAL, mesmo que no resto do ano, a falsidade continue.

É duro saber que fomos nós que transformamos nossas festas afetivas em festas comerciais; que fomos nós que educamos nossas crianças para acreditar em um Papai Noel mercantilista; que somos nós que nos desdobramos e endividamos para construir toda essa alegoria. Mas crianças crescem e essa passagem será sempre marcada pelo terrível choque de saber que Papai Noel não existe. É duro, mas não devemos ficar aqui com a sensação de tristeza e revolta. Talvez o NATAL seja apenas um símbolo, uma crença, afinal, crenças são a aceitação de idéias que nos são transmitidas por tradição ou autoridade, geralmente sem a devida apreciação. São elas que transmitem nossos sonhos e anseios para a geração seguinte. São elas que nos impulsionam na busca da felicidade.

Felicidade - um estado de espírito - um sentimento criado em nossa mente. Um estado em que tudo parece se entrosar em perfeita harmonia e coordenação; onde a satisfação pessoal supera toda e qualquer amargura ou aflição; onde somos instigados a praticar as mais nobres virtudes. Quando vem acompanhada de atributos como caridade, generosidade, honestidade, humildade, justiça, tolerância e carinho, ocorre aquilo que chamamos NATAL. Assim, só assim é NATAL.

Assim, só assim saberemos que Ele existe, que ninguém será mais triste, que haverá mais amor. Só assim saberemos que a vida tem sentido e que nós temos significado diante da vida. Que devemos continuar com nossas crenças, nossa fé, nossos sonhos, nossas fantasias e nossa esperança...

Então, NATAL não é só do cristão. È também do ateu, do mulçumano e do judeu. Não é só aleluia, é também humildade. É esperança. Quem sabe seja o lado bom da vida, a nossa infância, a inocência perdida. Então é NATAL, e o que você fará? O ano termina e outro virá...

João Carlos Coutinho

10 de dezembro de 2009

Natal com ideologia

Penso no Natal como criança,
Que nos ensina a ter esperança.

Penso no Natal com alegria,
Apesar de sua fantasia.

Penso no Natal com poesia,
Apesar de sua alegoria.

Penso no Natal com harmonia,
Apesar de ser utopia.

Penso no Natal com simpatia,
Apesar de sua hipocrisia.

Penso no Natal com ideologia,
Apesar de sua essência fria.

Penso no Natal como gente,
Que já plantou uma semente.

Penso no Natal sem revelação,
Que acabem os servos da religião.

Penso no Natal com reflexão,
Que nasçam os ternos de coração.

Penso no Natal sem opressão,
Que haja amor no coração.

João Carlos Coutinho

Agulha placebo

Acupuntura “falsa” supera medicina comum em teste: Um estudo que avaliou a eficácia da acupuntura para tratamento de dor nas costas concluiu que ela não consegue ser melhor do que uma forma falsa desse tratamento, na qual as pessoas são submetidas apenas a picadas superficiais em pontos aleatórios do corpo.

O trabalho, porém, trouxe uma revelação surpreendente: as duas formas de acupuntura, a verdadeira e a simulada, parecem ser mais eficazes do que o “atendimento usual” que pacientes de lombalgia costumam receber. Para avaliar a eficácia de um remédio que vem na forma de comprimidos, o que médicos fazem é comparar seu efeito ao de um placebo - uma pílula de farinha sem nenhuma substância relevante.

O problema da acupuntura é que é difícil alguém fingir que está aplicando agulhas num paciente sem que ele perceba que não está sendo espetado. Só nos últimos anos é que cientistas têm usado a acupuntura simulada - um tipo de “agulha placebo” - para isso. Para distanciar o tratamento ainda mais da acupuntura real, os cientistas plicaram o palito de dentes em pontos longe das regiões tidas como corretas por acupunturistas profissionais. Ninguém percebeu a diferença e, surpresa ou não, o palito de dentes teve a mesma eficácia da agulha verdadeira. Mas susto maior veio quando os dados sobre “atendimento usual” aos pacientes entraram na conta.

Após oito semanas, 60% dos pacientes sob acupuntura real ou simulada tiveram certa melhora, mas só 39% dos outros voluntários relataram progresso. Estes últimos, porém, não passaram por nenhum “atendimento relacionado ao estudo”, só pelo tratamento que o médico de cada um indicava ("em geral remédios, cuidados primários e idas à fisioterapia"). Se, por um lado, a acupuntura real não se saiu melhor do que palitos de dentes, por outro, o teste sugere que autoridades de saúde pública deem um passo atrás para saber o que o “atendimento usual” tem reservado a quem tem lombalgia.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u564282.shtml

2 de dezembro de 2009

Uma luz no natal

Dizem que no Natal,
Há paz e felicidade,
Então porquê a guerra?
Porquê tanta maldade?

Dizem que no Natal,
Há bastante altruísmo,
Mas é somente máscara,
Camuflando o egoísmo.

Dizem que no Natal,
Exaltamos quem nos criou,
Mas não há explicação,
Para a fera que gerou.

Dizem que no Natal,
Enaltecemos as virtudes,
Depois vem o ano-novo,
E revelamos as vicissitudes.

Dizem que isso é chato,
Dizem que não seduz,
Daí despertar o facho,
Para enxergar a luz.

João Carlos Coutinho

17 de novembro de 2009

A natureza não é cruel

Às vezes dizemos que tudo que vem da natureza é lindo e bom. Que existe um justo equilíbrio. Mas, assistindo aos ataques de animais selvagens, verificamos que esse equilíbrio só ocorre em cima de quem é mais fraco ou doente. É de dilacerar o coração ver imagens de animais lutando pra sobreviver, sendo literalmente comidos e agonizando. Muito sofrimento em cima de quem deveria ser amparado. Mas sempre funcionou assim, mesmo por que os animais precisam comer. No mundo animal o mandamento “NÃO MATARÁS” não funciona!

No livro “Os Dentes da Galinha”, STEPHEN JAY GOULD fala que o maior desafio dos que queriam provar a bondade divina de deus na natureza não eram os carnívoros e sim algumas espécies de marimbondos. Alguns marimbondos, através de um longo ovopositor, injetam ovos dentro de outros insetos (larvas, aranhas, lagartas) e juntamente com o ovo injetam uma droga paralisante. Quando o ovo eclode a larva do marimbondo vai devorando seu hospedeiro de dentro para fora (fez analogia ao filme Aliem). O autor conta que a larva chega ao ponto de evitar os órgãos vitais para manter seu hospedeiro vivo e fresco o maior tempo possível. Ao final, apenas existe uma cápsula vazia onde antes era um animal. Ele também relata que algumas espécies depositam não apenas um ovo mais milhares. Em uma passagem relata sobre uma lagarta se contorcendo com cerca de 3.000 larvas devorando-a por dentro.

Parece que realmente deus foi muito inspirado e benevolente quando criou tais seres. Entretanto, reconhece-se que é apenas uma visão deturpada da natureza, feita com valores humanos, motivada em um código ético e moral de um deus antropomórfico, criado pelo homem, justo e bondoso. É o homem olhando para a natureza e querendo interpretá-la como nela existissem todas as características que ele possui (amor, ética, compaixão, caridade, ódio).

A natureza pode realmente ser cruel, mas essa crueldade não é a maldade que nós seres humanos (almados) às vezes praticamos. Como disse o Gengis Khan, essa é a lei, os seres vivos só conseguem obter a energia para sobreviver se alimentando de outros.

É certo que pode ser comovente ver um animal mais forte matar e devorar um mais fraco, mas eles não fazem isso porque querem, isso é instinto, não maldade.

Retirado do Livro “Os Dentes da Galinha” - Stephen Jay Gould

16 de novembro de 2009

Provas do além

JUSTIÇA VALIDA CARTA PSICOGRAFADA: A carta psicografada usada na defesa de uma mulher acusada de mandar matar um tabelião em 2003 foi validada pela 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) em 11/11/2009. Para o desembargador Marco Antonio Ribeiro de Oliveira, que presidiu a sessão, havia provas para a absolvição e condenação, cabendo aos jurados decidirem. Na mesma linha, o desembargador José Antonio Hirt Preiss ressaltou que o júri entendeu não haver provas para a condenação. Como os jurados não fundamentam seus votos, é improvável que se descubra o real peso da carta psicografada.

ESTADO LAICO: Dentro do universo jurídico, não há nada de errado na atitude da Justiça. Nada impede que cartas psicografadas sejam usadas como provas judiciais, assim como não há nenhum problema de o réu jurar pela Bíblia que não cometeu o crime ou ainda justificar seu ato como uma obrigação de fé. Para os especialistas, lançar mão de argumentos religiosos não viola a característica laica do Estado Brasileiro. Apenas confirma. “Dizer que o Estado é laico significa dizer que ele não tem religião oficial, e não que ele não aceita a religião”, explica Maurício Zanóide, advogado criminalista e membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim). No entanto, considera que a carta não pode ser usada como única prova já que depende exclusivamente da fé. Afinal, não há argumentos lógicos para a prova do além. “Não há racionalidade discursiva.”

DEPOIMENTO PÓSTUMO: Roberto Serra da Silva Maia, advogado e assessor da 9ª Procuradoria de Justiça do estado de Goiás, escreveu, em abril de 2006, um estudo sobre a psicografia como meio de prova. Ao se debruçar sobre o tema, Maia concluiu que a mensagem psicografada não pode ser admitida como prova judicial por afrontar o princípio da igualdade, liberdade de culto e o princípio do contraditório, pois coloca a parte que não apresentou a carta em posição desigual. Para ele, fica difícil rebater a carta já que é algo que depende de fé. Zanóide afirma que “para qualquer documento ser considerado como prova, ele tem de ser, pelo menos, autêntico”. O advogado explica a diferença entre autenticidade e veracidade. A carta é autêntica se realmente tiver sido escrita pelo médium que a assina, por exemplo. Mas a sua veracidade não pode ser provada. Depende da fé de cada um.

VERACIDADE DA CARTA: A veracidade depende, por exemplo, da credibilidade do médium. Credibilidade da qual Chico Xavier desfrutava mesmo entre aqueles que nem no espiritismo acreditavam. Quando o médium não tem o quilate de Xavier, o exame grafotécnico é a ferramenta buscada para os espíritas. Por ela, acredita-se provar que a letra de quem assina a carta é mesmo do espírito do morto. Para os espíritas, essa prova é necessária para que a carta seja verídica.

MORTO COMO TESTEMUNHA: Ainda que a Justiça esteja aceitando e reconhecendo a validade de cartas psicografadas, os temerosos do sobrenatural podem ficar tranqüilos. Por enquanto, a possibilidade de se depararem com o depoimento de um morto durante um julgamento é nula. Ainda que aceite a prova do além, a Justiça não reconhece o morto como testemunha. “É desconhecer o Direito afirmar que o conteúdo de uma mensagem psicográfica caiba no conceito de prova testemunhal”, diz o juiz Luiz Guilherme. “Morto não é testemunha”, reforça o advogado Podval. A figura do médium encarnado na cadeira dos réus não é aceita na Justiça.

MÉDIUM COMO TESTEMUNHA: Seria o médium, então, uma testemunha? Sabe de fatos e deve depor sobre os mesmos em juízo, sob o compromisso de dizer a verdade, respondendo por falso testemunho, conforme o caso. Outra situação absurda para os padrões processuais, pois o médium nada viu diretamente e não pode ser questionado sobre pretensa mensagem (equivalente a ouvir dizer), proveniente de um morto. Introduzida a comunicação enviada pelo morto, por intermédio do médium, a parte contrária teria o direito de levantar uma questão prejudicial heterogênea: para que a prova seja admitida, convém evidenciar, antes, a existência de vida após a morte.

VIDA APÓS A MORTE: Há vida após a morte? Com qual grau de comunicação com os vivos? Depende-se de fé para essa resposta e o Estado prometeu abster-se de invadir a seara da individualidade humana para que todos acreditassem ou deixassem de acreditar na espiritualidade e em todos os dogmas postos pelas variadas religiões.

CONCLUSÃO: O perigo na utilização da psicografia no processo penal é imenso. Fere-se preceito constitucional de proteção à crença de cada brasileiro; lesa-se o princípio do contraditório; coloca-se em risco a credibilidade das provas produzidas; invade-se a seara da ilicitude das provas; pode-se, inclusive, romper o princípio da ampla defesa. Garantir-se legitimidade à psicografia, como meio de prova, considerando-a lícita, é medida arriscada e temerária. Hoje ela é usada para absolver (quando não há provas para condenar); amanhã, poderá ser usada para condenar. E o processo penal deslocar-se-ia, com isso, do mundo da ciência para o cenário da irracionalidade, da fé e da pura emoção.

Fontes:
Revista Consultor Jurídico, 14/07/2007.
Jornal Carta Forense, 04/05/2009.

21 de outubro de 2009

Um prefeito visionário

Quem anda pelas ruas do Rio Grande e observa com atenção percebe que a cidade não tem para onde prosperar. Percebe-se um crescimento desordenado. Um trânsito caótico, com soluções provisórias. Falta de saneamento básico. Drogas e violência urbana.

Não há investimento no setor imobiliário. Os imóveis, no Centro, são caros e estão nas mãos de poucos, que não têm interesse em novas construções. Não querem concorrência. Vivem da especulação imobiliária. Assim, os imóveis tornam-se caros para comprar e para alugar.

O trânsito, com o crescimento descomunal de automóveis e motos, com as ruas estreitas e irregulares, estará daqui a alguns anos totalmente impraticável.

Como solução definitiva, de longo prazo, a exemplo do que outras cidades fizeram, vislumbro a construção de uma nova Rio Grande, ou seja, um novo centro da cidade, arquitetado com projetos urbanos que levem em consideração o futuro crescimento da região. Um novo centro da cidade, com menos poluição, com projetos socioeconômicos, urbanísticos, culturais e ambientais, que tragam mobilidade urbana e conforto para a população.

Um local ideal seria entre a Vila da Quinta e Pelotas (próximo ao Povo Novo), com aquisição de alguns hectares de terra (enquanto têm), adquirida por compra ou desapropriação, com recursos a perder de vista, do PAC, de bancos (sociais) nacionais ou internacionais. A curto prazo, com a construção de estabelecimentos públicos, shoppings, supermercados, escolas, bancos, teatros, cinemas, igrejas, praças e hospitais, saneamento, moradia barata, policiamento nas ruas, trânsito ordenado, ruas largas e acesso à educação e à saúde, a urbanização seria imediata.

Para isso, precisamos de um prefeito visionário e de “forças vivas” que pensem no dia de amanhã. Que coloquem o interesse coletivo acima do interesse político, individual. Sob esse ponto de vista, tudo que se fizer sem levar em consideração essas premissas, com soluções imediatas e paliativas, na base do “quebra galho”, estará fadado ao insucesso.

João Carlos Coutinho

22 de setembro de 2009

Livre para viver

“Quando me tornei convencido de que o Universo é natural, de que todos os deuses e fantasmas eram mitos, entraram na minha mente, na minha alma, em cada gota do meu sangue, o senso, o sentimento e a alegria da liberdade. Os muros da prisão racharam e caíram. As masmorras foram invadidas pela luz, e todas as travas, as algemas, as barreiras, viraram pó. Eu não era mais um servo ou um escravo. Não havia mais para mim nenhum mestre em todo este gigantesco mundo – nem mesmo no espaço infinito. Eu estava livre. Livre para pensar, para expressar meus pensamentos. Livre para viver meu próprio ideal. Livre para rejeitar toda e qualquer crença cruel e ignorante. Livre para rejeitar todos os “livros sagrados” que selvagens ignorantes produziram e todas as bárbaras lendas do passado. Livre de papas e padres. Livre do medo do sofrimento eterno. Livre dos monstros alados da noite. Livre de diabos, fantasmas e deuses. Pela primeira vez eu era livre. Não haviam lugares proibidos em qualquer recanto da mente. Não havia ar ou espaço em que a imaginação não pudesse atingir com suas asas coloridas. Nenhuma algema me prendendo. Nenhum chicote nas minhas costas. Nenhum fogo na minha carne. Nenhum mestre me encarando nem me ameaçando. Nada mais de seguir os passos dos outros. Nenhuma necessidade de me curvar, ajoelhar ou rastejar, ou expressar palavras mentirosas. Eu estava livre. Coloquei-me de pé, e, alegre e sem medo, encarei o mundo. Então, meu coração foi preenchido de gratidão, com a paixão por todos aqueles heróis, os pensadores, que deram suas vidas pela liberdade de cérebros, pela liberdade de trabalho e pensamento, por aqueles que tombaram nos campos cruéis da guerra, por aqueles que morreram nas masmorras, acorrentados, por aqueles que subiram orgulhosamente os degraus do patíbulo, aqueles cujos ossos foram esmagados, cujas carnes foram feridas e rasgadas, por aqueles consumidos pelo fogo, por todos os bravos, sábios e bons de todos os países, cujo saber e ações resultaram em liberdade para os filhos dos homens. Quando me dispus a segurar a tocha que eles acenderam e a ergui no alto, aquela chama pôde ainda iluminar a escuridão. ”

Robert Green Ingersoll (1833 - 1899), Livre-pensador Norte‑Americano

18 de setembro de 2009

Livros recomendados

A Dança do Universo (Marcelo Gleiser);
A Dupla Hélice (James Watson);
A Falsa Medida do Homem (Stephen Jay Gould);
A Mente Seletiva (Geoffrey Miller);
A Natureza da Psique (Carl Jung);
A Paixão Perigosa (David M. Buss);
A Perigosa Idéia de Darwin (Daniel Dennet);
A Revolução dos Bichos (George Orwell);
A Verdade Sobre Cinderela (Martin Daly e Margo Wilson);
Anatomia do Amor (Helen E. Fisher);
Assim Falou Zaratustra (Friedrich Nietzche);
As Coisa São Assim (John Brockman & Katira Matson);
As Origens da Virtude (Matt Ridley);
Ateísmo e Liberdade (André Díspore Cancian);
Bilhões e Bilhões (Carl Sagan);
Como a Mente Funciona (Steven Pinker);
Como Vejo o mundo (Albert Einstein);
Conciência Explicada (Daniel Dennet);
Convite à Filosofia (Marilena Chauí);
Cosmos (Carl Sagan);
Crítica da Concepção Teológica do Mundo (Jacob Bazarian);
Deus Um Delírio (Richard Dawkins);
DNA: O Segredo da Vida (James D. Watson);
Fique Por Dentro da Evolução (David Burnie);
Instinto Humano (Robert Winston);
Mania e Crendices Em Nome da Ciência (Martin Gardner);
Mar Sem Fim (Amyr Klink);
Maya (Jostein Gaarder);
Mostre-me Deus (Fred Heeren);
O Andar do Bêbado (Leonard Mlodinow);
O Animal Moral (Robert Wright);
O Babuíno de Madame Blavatky (Peter Washington);
O Capelão do Diabo (Richard Dawkins);
O Futuro do Espaço-tempo (Stephen Hawking);
O Gene Egoísta (Richard Dawkins);
O Glorioso Acidente (Clemente Nobrega);
O Guardador de Rebanhos (Fernando Pessoa);
O Mundo Assombrado Pelos Demônios (Carl Sagan);
O Mundo de Sofia (Jostein Gaarder);
O Ócio Criativo (Domenico De Masi);
O Que nos Faz Humano (Matt Ridley);
O Relojoeiro Cego (Richard Dawkins);
O Rio Que Saia do Éden (Richard Dawkins);
O Romance da Ciência (Carl Sagan);
O Universo em Casca de Noz (Stephen Hawking);
O Universo Inflacionário (Alan H. Guth);
O Verdadeiro Objetivo da Vida (Jiddu Krishnamurti);
Os Dentes da Galinha (Stephen Jay Gould);
Os Mistérios Não Explicados da Ciência (John Malone);
Os Três Primeiros Minutos (Steven Weinberg);
Pálido Ponto Azul (Carl Sagan);
Quem Sou Eu? (Richard David Precht);
Será que Deus Joga Dados? (Ian Stewart);
Tábula Rasa (Steven Pinker);
Uma Breve História do Tempo (Stephen Hawking).

15 de setembro de 2009

Penso no mundo

Penso no mundo como uma criança,
Que nos ensina a ter esperança.
Penso na vida com alegria,
Apesar de sua ironia.

Penso no mundo como um adolescente,
Que tem o mistério pela frente.
Penso na vida com valentia,
Apesar de sua rebeldia.

Penso no mundo sem revelação,
Que acabem os servos da religião.
Penso na vida sem miséria,
Apesar de ser matéria.

Penso no mundo como um adulto
Que já passou por um insulto.
Penso na vida com poesia,
Apesar de sua alegoria.

Penso no mundo como um idoso,
Que já cruzou o vazio tenebroso.
Penso na vida com simpatia,
Apesar de sua hipocrisia.

Penso no mundo sem opressão,
Que nasçam os ternos de coração.
Penso na vida sem preconceito,
Apesar de ser suspeito.

Penso no mundo como gente,
Que já plantou uma semente.
Penso na vida com ideologia,
Apesar de sua essência fria.

João Carlos Coutinho

Para enxergar a luz

Dizem que a vida é bela,
Que é bênção e alegria,
Então porquê a guerra?
E a razão da hipocrisia?

Dizem que o homem é bom,
Que é sublime e caridoso,
Então onde está o dom?
Cadê o maravilhoso?

Dizem que tenho alma,
Em um corpo espiritual,
Por isso que sou a calma,
A espera de um ritual.

Dizem que tenho mente,
Em um corpo material,
Por isso que sou errante,
A espera de um funeral.

Dizem que tenho destino,
Quando chegar ao final,
Por isso tanto abismo,
A espera do factual.

Dizem que sou razão,
Sou incrédulo e bondoso,
Então porquê a religião,
Se sou crédulo e maldoso.

Dizem que sou ação,
Sou livre e pensador,
Então porquê a devoção,
Se sou servo e adorador.

Dizem que sou máquina,
Abundante de altruísmo,
Mas é somente máscara,
Camuflando o egoísmo.

Dizem que sou projeção,
Daquele que me criou,
Mas não acho explicação,
Para a fera que gerou.

Dizem que na amizade,
Enaltecemos as virtudes,
Depois vem a honestidade,
E revelamos as vicissitudes.

Dizem que ninguém morre,
Que morrer é como dormir,
Então porquê o socorre?
Porquê não deixá-lo ir?

Dizem que isso é chato,
Dizem que não seduz,
Daí despertar o facho,
Para enxergar a luz.

João Carlos Coutinho

4 de setembro de 2009

Frases na internet

1) Nunca perca seu tempo pensando em pessoas que você não gosta.

2) A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém.

3) Inveja é perda de tempo. Você já tem tudo o que necessita.

4) Não compare sua vida com a dos outros. Você não sabe da jornada deles.

5) Crie filhos em vez de herdeiros.

6) Seus cupinchas não irão cuidar de você quando adoecer. Seus familiares e pais vão.

7) Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso.

8) Seja excêntrico agora, não espere ficar velho para usar roxo.

9) Ninguém é responsável pela sua felicidade além de você.

10) O tempo cura quase tudo. Dê tempo. O melhor sempre está por vir.

11) Aquele que se diz ser o seu melhor amigo pode se tornar o seu pior inimigo.

12) O inimigo nada mais é do que alguém mais difícil de se conquistar.

13) Não existem pessoas imprestáveis, mas pessoas mal valorizadas e aproveitadas.

14) Fracassar faz parte da vida. Não lamente seus erros, aprenda com eles.

15) É dando e perdoando que somos considerados.

16) A boa relação afetiva visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.

17) O outro, com o qual estabelecemos um elo, é apenas um companheiro de viagem.

18) Buscamos apoio nas religiões, procurando verdades em suposições.

19) Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.

20) Em algum lugar dentro de nós existe um jardim onde podemos nos refugiar quando as coisas estão difíceis ou nos retirar na alegria e contemplação.

21) Quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda a gente anda pra frente.

22) Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer.

23) Pensem nas crianças mudas telepáticas. Pensem nas meninas cegas inexatas. Pensem nas feridas como rosas cálidas.

24) Mas não se esqueçam da rosa de Hiroxima. A rosa hereditária. A rosa radioativa estúpida e inválida. A rosa com cirrose. A anti-rosa atômica. Sem cor sem perfume. Sem rosa sem nada.

25) Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas.

26) Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil - e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos.

27) A razão diz pense! A religião diz acredite!

28) Quanto mais aprendemos, de menos divindades precisamos. A crença em uma divindade é somente a resposta de um mistério por outro mistério.

29) Deus é a Lei. A Lei funciona automaticamente. Não tem nada a ver com um deus pessoal ou com um deus emocional que se possa comover.

30) Existe Justiça Divina, mas Deus não é culpado de nada .

31) Se a ciência não explica tudo, a religião não explica nada.

32) Rezar faz bem. Proporciona conforto espiritual e estimula o espírito do amor e da caridade.

33) Nem todo aquele que reza é bom. Nem todo aquele que é bom reza.

34) Não basta rezar, tem que ser bom. Basta ser bom, não precisa rezar.

35) Tudo que há, houve e haverá, pode, deve e deverá ser explicado em termos materiais.

36) Os genes são a nossa essência imortal - a Vida Eterna. São os responsáveis pela capacidade, que todos os seres vivos possuem, de transmitir a sua informação genética aos descendentes.

37) Se já é difícil provar a existência de algo que existe, imagine provar a inexistência de algo que inexiste.

38) Não é um deus que julga as pessoas, mas é a própria pessoa que faz o julgamento de si mesmo.

29 de julho de 2009

Alma pura

És paixão,
Minha aflição,
Minha metade,
Minha lealdade.

És emoção,
Minha solidão,
Minha folia,
Minha agonia.

És inspiração,
Minha trepidação,
Minha companheira,
Minha carpideira.

És gratidão,
Minha refutação,
Minha prudência,
Minha negligência.

És razão,
Minha ficção,
Minha fraqueza,
Minha fortaleza.

És carne e osso,
Pele e sangue,
Vida e sonho.

És harmonia,
Âmago da alegria,
Essência que faz brotar.

És amiga,
Aquela que tudo abriga,
Que faz com o coração.

És ternura,
Alma pura,
Razão de existir.

João Carlos Coutinho

30 de junho de 2009

Triste pedra no caminho

Vida que se esvai,
Sonho que se desfaz,
Que fadário diferente,
Se apresenta a nossa frente.

Ao longo dessa estrada,
Só imprevisto e lamento,
Felicidade sendo roubada,
Da juventude da gente.

Triste pedra no caminho,
Que açoita os descontentes,
Furtando nosso carinho,
E o futuro da gente.

Mas ainda há esperança,
Se é prazer ou ilusão,
Se é vício ou doença,
Tem cura e salvação.

Só nos resta caminhar,
Para combater essa aflição,
Que desvirtua os nossos jovens,
Investindo em prevenção.

Mas de nada adianta isso,
Se não tivermos vocação,
Pois há interesse econômico,
Do político ao ladrão.

João Carlos Coutinho

* Poesia vencedora do 3º Festival de Arte e Cultura Seiva da Terra (Fearg/Fecis) 2009.

Na profundezas do ser

Num mar de incertezas e solidão
Parado olhando pro nada
No abandono da longa caminhada
Está o homem repleto de aflição.

Talvez de sentir
Talvez de existir.

Olhando pro firmamento infinito
Nasce a descrença
Acreditando que tudo não passa de um mito
Nasce a esperança.

Caminho sem volta
Caminho sem falta.

No princípio um átomo
Era tudo paixão
Agora um quark
Quanta ilusão.

Por isso navega
Para aliviar a dor
A dor do vazio
Do vazio da alma
Da alma que acalma.

No fim, o começo
O começo do fim
No fim do começo
O começo de tudo
No começo de tudo
O começo do nada.

Por isso vai errante
Sem comandante
Num mar bravejante
Dum vento uivante.

Vai seguindo
Vai sentindo
Vai sorrindo.

Na vida que anda
Na vida que manda.

Tudo pra entender
As profundezas do ser.

João Carlos Coutinho

* Poesia vencedora da 36ª Feira do Livro (Furg) 2009.

19 de maio de 2009

Clonagem de almas

Com tantas crenças no mundo, muitas antagônicas, como fica o tão almejado céu de cada um de nós? Qual será o verdadeiro céu? Segundo as crenças religiosas, céu é o lugar para onde vão as almas dos justos. A teoria celestial diz que existem cerca de 390 céus. O céu dos católicos; o céu dos hebreus; o céu dos hindus; o céu dos evangélicos; o céu dos budistas; o céu dos hinduístas; o céu dos espíritas; o céu dos umbandistas; o céu dos mulçumanos, e outros céus. No mundo religioso não existe meia-verdade. Todos estão certos. Ninguém está errado.

Não seria justo um crente passar a vida acreditando num céu, e ao morrer se deparar com um céu totalmente oposto ao seu. Se no céu budista existem diversas almas libertando‑se do karma de reencarnações e atingindo o Nirvana; se no céu hinduísta existe a transmigração de uma alma para o corpo de um animal; se no céu mulçumano existem almas de intrépidos guerreiros deleitando-se com suas 72 noivas virgens; se no céu católico existem anjos, querubins e serafins, formados de pura energia e almas a espera da vida eterna; se no céu umbandista existem almas convivendo com espíritos, orixás e guias; se no céu evangélico existem almas aguardando a ressurreição; se no céu espírita existem vários planos vibratórios, dos mais inferiores aos mais elevados, com espíritos transitando entre os diversos planos. Para sanar o problema, da multiplicidade de céus, o Supremo Criador, com toda a sua sabedoria, criou a CLONAGEM DE ALMAS.

Pela clonagem das almas, é possível almas com diferentes crenças se comunicarem entre si. Até a alma de um ateu, que conforme sua suposição, fica no mundo da matéria, numa espécie de inconsciente coletivo, pode-se comunicar com a alma de um crente. Para isso, são criados “clones” da alma do ateu e enviados aos céus que têm almas com afinidade à dele.

A idéia do Clone é perfeita, pois permite que entes queridos se comuniquem nos diversos céus. Assim, a alma de um católico ou evangélico pode se comunicar com o “clone de uma alma” de um familiar ou amigo ateu. É uma maravilha, todos, apesar de estarem em céus diferentes, podem se comunicar. A comunicação é alma-a-alma, para almas de um mesmo céu e, alma‑a‑clone, para almas de céus diferentes. Os clones, antes de serem enviados aos diferentes céus, passam por um processo de “chipagem” para incorporarem as informações necessárias desses céus, sendo reciclados a todo o instante com a chegada de novas almas.

7 de maio de 2009

O que existe acima de nós?

A Revista Super Interessante (Março de 2009 - Edição 263-A) publicou uma edição especial: “DEUS - O que existe acima de nós?” - As Respostas das religiões (e as da ciência) para a pergunta mais inquietante de todos os tempos.



- CAUSA NÃO CAUSADA: Se tudo que existe no Universo tem uma causa, o próprio Cosmos não pode ser exceção. A “causa não causada” que supostamente explica sua existência pode - ou deve- ser chamada de Deus.

- RAZÃO: A racionalidade humana seria um “espelho” da razão divina que ordenou o Universo. Se não fosse assim, não teríamos motivo para acreditar que podemos compreender verdades essenciais sobre o Cosmos.

- LEIS DA NATUREZA: O Cosmos funciona de maneira supremamente ordenada. Como parece improvável que as leis da natureza tenham surgido sozinhas, haveria uma mente racional por trás de tudo – Deus.

- SINTONIA DO UNIVERSO: Detalhes do funcionamento da natureza, como a intensidade da força gravitacional, favorecem o desenvolvimento da vida. Deus seria o responsável por essa sintonia fina do mundo e do Universo.

CIÊNCIA

- O CRIADOR DE DEUS: Se Deus criou o Universo, quem criou Deus? Para os críticos da fé, a única coisa que se consegue ao postular um Criador é uma regressão infinita de causas - o que não acontece com a idéia de um Cosmos “autocriado”.

- AUSÊNCIA DE MILAGRES: Apesar dos relatos bíblicos, não existiria “milagre” que a ciência não pudesse explicar ou classificar como fenômeno natural. Isso indicaria que o Universo funciona com base em leis que nada têm a ver com Deus.

- PROBLEMA DO MAL: Existe muito sofrimento no mundo. Se Deus não age para evitar guerras, epidemias ou tragédias naturais, não pode ser bondoso e onipotente, como dizem os religiosos - talvez porque Ele simplesmente não exista.

- MENTE ENGANADORA: Sendo produto da seleção natural, a mente humana não pode ser tomada como guia absoluto para a razão e a moral. Nosso senso de certo e errado só existe porque ajudou nossos ancestrais a sobreviver.

TESTEMUNHA DE DEUS X ADVOGADO DO DIABO

Dom Odílio Scherer: hoje com 59 anos, ele nasceu em Cerro Largo (RS), filho de imigrantes alemães. Ordenou-se padre em 1976, no Paraná, hoje é bispo da Arquidiocese de São Paulo. Tido como moderado, ele foi oficial da Congregação para os Bispos, bispo-auxiliar de São Paulo e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB);

Daniel Dennet: hoje com 67 anos, ele nasceu em Boston (EUA), mas passou boa parte da infância em Beirute (Líbano), onde trabalhou como espião durante a 2ª Guerra Mundial. É especialista em dois ramos complicados do conhecimento filosófico: a filosofia da mente (relacionada às ciências cognitivas) e a biofilosofia (ligada à biologia evolutiva). Dennet é membro da Academia Americana de Artes e Ciências;

Deus existe? Qual é a prova mais contundente de que Ele existe ou não?

D. Odílio: Sim, Deus existe. Mas é muito difícil falar em provas, no sentido científico. A afirmação ou a negação de Deus não está sujeita a isso, pois Ele não é objeto de ciência experimental, mas de outro tipo de conhecimento. Nossa razão e a razoabilidade das coisas requerem a existência de Deus. Dessa forma, podemos dizer que ela é evidente e se impõe por si mesma sobre a nossa razão.

Dennet: Deus significa tantas coisas que essa pergunta é impossível de ser respondida. Para alguns, ele é apenas um nome para a beleza do Universo, e não tem nada a ver com forças sobrenaturais. Esse Deus, obviamente, existe. O que não existe é um agente sobrenatural que reponde às nossas preces ou supervisiona e guia a evolução das coisas. A humanidade acredita em Deus há milhares de anos. Só que, agora, já sabemos por quê. Até aqui, foi natural para o homem acreditar em algo divino, uma espécie de infância da evolução humana. Mas nós nos tornamos maiores do que Deus.

A Teoria da Evolução é uma prova da inexistência de Deus?

D. Odílio: Não, absolutamente. Nem Darwin quis afirmar isso. A evolução das espécies não se opõe à existência de Deus.

Dennet: Antes da Teoria da Evolução, era compreensível atribuir a Deus a existência de um designe inteligente na natureza. Hoje, podemos provar como surgiram formas de vida tão variadas e complexas. A teoria de Darwin é uma explicação muito melhor para isso do que Deus. Não precisamos mais nos render à tentação de acreditar em um ser superior que criou tudo. Agora essa idéia parece incoerente.

Deus é a explicação mais fácil para o que o homem não consegue compreender?

D. Odílio: Deus certamente é a mais convincente. A ciência pode explicar o modo de existir das coisas, mas a existência é objeto apenas de hipóteses. Eu não afirmaria que Deus é uma hipótese fácil ou cômoda para explicar tudo. A inteligência humana não fica impedida nem desestimulada de buscar outras explicações. Mas, ao lado de muitas hipóteses para explicar o mundo, a existência de Deus é, no mínimo, uma possibilidade convincente.

Dennet: É a explicação mais fácil até que se conheçam as respostas da ciência. Depois que você se informa, a hipótese de Deus torna-se incrivelmente improvável.

Acreditar em Deus é bom ou ruim para a humanidade? Por que tanta gente acredita? E qual é o futuro da crença?

D. Odílio: A fé verdadeira é boa para a humanidade. Muita gente continua a crer em Deus porque compreende, de maneira acertada, que não se pode atribuir a Ele a origem dos males que afligem a humanidade. Cometer atos de violência em nome da fé é uma aberração – um ato do homem, não de Deus. E o conhecimento científico não precisa ser visto como ameaça. Pelo contrário: a ciência vai mostrando a sabedoria de Deus e a beleza daquilo que lhe deve a existência. É um mito a idéia de que a ciência vai acabar com a fé.

Dennet: Se tivermos sorte, a crença em Deus vai desaparecer aos poucos, mas provavelmente nunca vai acabar. Muitas pessoas que dizem acreditar não têm qualquer compromisso com este ou aquele Deus, elas apenas acham que acreditar é bom. Trata-se daquilo que chamo “crença na crença”. Mas acreditar é ruim, porque atravanca a evolução humana. Quando a maioria entender isso, a idéia de Deus tenderá a se extinguir.

Por que as pessoas recorrem a Deus nos momentos de dificuldade, mesmo aquelas que não demonstram qualquer religiosidade no dia-a-dia?

D. Odílio: A descrença em Deus também pode ser um fenômeno cultural. Numa cultura que faz pouco caso da religião, é fácil que as pessoas não liguem muito para ela e, talvez, nem sintam falta. Mas, na angústia, quando a pessoa experimenta o seu limite, ela vai em busca de sentido, de superação. Poderíamos dizer que o homem não é descrente por natureza. Ao contrário, ele tende para Deus.

Dennet: Porque elas simplesmente perdem a razão. Quando sofrem, as pessoas acabam se apegando a fantasias. Não defendo perturbar a paz de quem acredita ou roubar desse indivíduo o alívio que a crença em Deus possa representar para seus sofrimentos. A não ser que essa crença conduza a algum tipo de ação imoral. Levar pessoas de bem a fazer coisas ruins é uma especialidade das religiões.

DARWIN CONTRA-ATACA

A Teoria da Evolução acabou de vez com a idéia de que a vida foi criada por intervenção divina. Para a biologia evolutiva, somos apenas animais pensantes. Somos apenas mais uma espécie animal, com uma diferença decisiva em relação às outras: tivemos a sorte de desenvolver nossa capacidade mental, característica que fez do homem o mamífero de grande mais numeroso e bem-sucedido da Terra.

ESCRITO NAS ESTRELAS

Stephen Hawking, o cientista que mais conhece os mistérios do Universo, pergunta: se tempo e espaço não têm começo nem fim, faz sentido acreditar no Criador?

Hawking acredita que estamos perto de encontrar uma resposta científica para uma das perguntas mais inquietantes da história da humanidade: como e por que existimos? O caminho para chegar lá talvez seja o que se convencionou chamar de Teoria do Tudo – aquela que, num futuro não tão distante quanto se imagina, vai explicar todos os fenômenos físicos observáveis no Universo. “Se encontrarmos a resposta para essa pergunta, isso seria o triunfo final da razão humana”, escreve o cientista nas últimas linhas de Uma Breve História do Tempo. “Então, nós conheceríamos a mente de Deus.”

O DEUS DE EINSTEIN

“Não creio em um Deus pessoal” escreveu Einstein em 1954. Adulto, dizia professar uma “religiosidade cósmica”. Certa vez o físico americano e rabino ortodoxo Herbert Godstein enviou-lhe um telegrama perguntando: “Você acredita em Deus? Resposta paga – 50 palavras”. Eisntein só precisou de metade delas para responder: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela na harmonia de tudo o que existe, não num Deus atento ao destino e às ações da humanidade”. A referência era ao filósofo holandês Baruch Spinoza, defensor de um Deus sem personalidade, sem vontades e que se manifestava apenas na natureza ordenada do Cosmos.

A tal religiosidade cósmica, para Albert Einstein, representaria o estágio mais maduro da religião. O primeiro teria sido o medo-medo da fome, dos animais selvagens, da morte, que levou o homem primitivo a criar um Deus pessoal. No último desses estágios, porém, a crença no divino daria lugar a um sentimento religioso que não se baseia em dogmas ou igrejas, mas em leis imutáveis da natureza. “Segundo Einstein, todo o evento no mundo físico é causado por outro evento físico, e toda causa é descrita com precisão pelas leis científicas”, explica Stanley. Trocando em miúdos: na ordem que rege o Cosmos, não haveria espaço para o Deus das grandes religiões. “É o sentimento de compreender os mistérios do Universo que move os cientistas em suas pesquisas e os motiva após cada fracasso”, Einsten costumava dizer: “Os cientistas sérios são os únicos homens profundamente religiosos.”

FUNCIONÁRIO DE DEUS

De acordo com o pesquisador americano Henry Ansgar Kelly, o Satã da Bíblia é um ser moralmente correto, uma espécie de “empregado de Deus” com a tarefa de perseguir e acusar pecadores. Mas sua biografia foi deturpada pelos patriarcas da Igreja Católica. Ao interpretar Adão e Eva, a igreja associou o demônio à serpente. Daí em diante, ele virou o inimigo do Criador.

330 MILHÕES DE DIVINDADES

Os hindus acreditam numa força divina única, mas que assume incontáveis formas. O número de deuses pode ser até maior: talvez um para cada devoto. No sul da Índia, próximo à cidade sagrada de Tiruvannamalai, fica o templo de Bhuvaneshwari. Lá, os monges residentes têm uma única ocupação – bem insólita, por sinal: desde o século 16, ou talvez até há mais tempo, eles fazem um minucioso recenseamento de todos os deuses hindus. Em pergaminho, registram a origem, a função e as relações de parentesco. É uma tarefa gigantesca. O número oficial de deuses na Índia chega a 330 milhões. Extraoficialmente, porém, essa conta bate na casa do bilhão. O deus Brahma é o princípio de tudo: ele representa a força criadora ativa no Universo. Logo abaixo, estão Visnu e Shiva.

28 de abril de 2009

Projeção astral

“Se me pedirem para provar que Zeus, Poseidon, Hera e o resto do Olimpo não existem, estaria perdido até achar argumentos convincentes”. E diria mais, “Se já é difícil provar a existência de algo que existe, imagine provar a inexistência de algo que inexiste”. (Bertrand Russell)

Você está sonhando. De repente, sente-se flutuando acima de seu corpo. Viaja por vários lugares, encontra pessoas (vivas e falecidas!) e depois volta sem problemas para o seu corpo. Esta é a descrição do que muito chamam de “projeção astral”. É a separação da consciência de uma pessoa do seu corpo, permitindo à pessoa viajar sem levar o corpo. A projeção astral exige que acreditemos que:

1) a consciência é uma entidade separada do corpo e que pode existir sem o corpo, pelo menos em durante curtos períodos de tempo;

2) que a consciência sem corpo consiga “ver”, “ouvir”, “sentir” e “cheirar”.

A crença de que a mente e o corpo podem ser entidades separadas e possam existir separadas do corpo é a base da visão ocidental tradicional da imortalidade da alma. Na visão tradicional, temos que morrer para a alma poder viajar, e mesmo assim os destinos estão limitados ao céu ou ao inferno. Na visão mística da Nova Era (do inglês New Age) podemos levá-la onde quisermos e não temos que morrer para isso. Que fantástico!

Se a viagem astral existisse, como seria a viagem de um psicopata? De um pedófilo? De um tarado sexual? De um perverso? Existiriam barreiras morais? Limites? Quem estabeleceria essas barreiras ou limites? Espíritos superiores? O homem? A religião?

A neurologia tem demonstrado que todas as nossas capacidades cognitivas estão no cérebro. Não existem evidências científicas de que se possa sair do corpo, voando por aí, por mais que a idéia seja tentadora. Nossa consciência ao que tudo indica está em milhões de células de nosso cérebro, sem a possibilidade dela se desligar de nosso corpo e se religar novamente.

A consciência é fruto da evolução do sistema nervoso. Percepções, individualidade, linguagem, idéias, significado, cultura, escolha (ou livre arbítrio), moral e ética, todos existem em decorrência do funcionamento cerebral. Nós só podemos pensar com o nosso corpo e nossas emoções. A percepção das emoções é a base daquilo que os seres humanos chamam, depois de milênios, de alma e de espírito.

O neurologista português Antonio Damásio propõe uma base biológica para alegria, tristeza e religião. Sentimentos nada mais são do que representações altamente elaboradas do estado de equilíbrio do organismo. Alegria, tristeza, empatia, orgulho, são todos, em maior ou menor medida, derivados de uma idéia que o cérebro faz do funcionamento do corpo. Existem áreas definidas no sistema nervoso onde essas representações são geradas. A proposta está delineada em “Looking for Spinoza: Joy, Sorrow and the Feeling Brain” (Procurando Spinoza: alegria, tristeza e o cérebro que sente), mais recente e mais ousado livro do neurologista da Universidade de Iowa, lançado neste ano nos EUA.

Há, por vezes, receio de que a investigação científica possa levar a uma “desmistificação” da consciência humana. De fato, são inúmeras, e não triviais, as consequências da conceituação da consciência como fenômeno natural. Uma delas, talvez a mais importante, refere-se à percepção que o ser humano tem de si próprio e de seus semelhantes: teme-se que a concepção da consciência como resultado de um processo biológico corresponda a uma “profanação do espírito humano”, com consequente abandono do comportamento moral e ético.

O fato do Eu acontecer no corpo tem implicações imensas sobre várias das crenças comuns de nossa cultura. Qualquer permanência ou existência do Eu sem o seu corpo não tem sentido, inclua-se aí, pelo menos numa acepção mais primária, o conceito de “vida após a morte”.

Parte substancial desse viés dualista deve-se a dogmas que estabelecem uma separação entre o espírito e o corpo. Em seu livro “O erro de Descartes”, Antonio Damásio questiona-se: ao afirmar “penso, logo existo”, Descartes não estaria reconhecendo a superioridade da razão e do sentimento consciente, sem compromissos no que se refere à sua origem, substância ou permanência? Isto é, não estaria Descartes afirmando que pensar e ter consciência de pensar é que constituem os verdadeiros substratos da existência? Damásio pergunta-se, ainda, se essa famosa frase de Descartes não se constituiu numa estratégia de redação para evitar as fortes pressões religiosas da época. E finaliza referindo-se à inscrição escolhida por Descartes para sua lápide: “Aquele que se esconde bem viveu bem”, como uma possível indicação de contestação discreta ao dualismo.

Seria fácil provar a viagem astral, se essa realmente existisse. Existe método científico para isso. No entanto, tudo o que temos são apenas testemunhos. Método científico é uma forma de investigação da natureza. Para isso, não leva em consideração superstições ou sentimentos religiosos, mas a lógica e a observação sistemática dos fenômenos estudados. Os cientistas criam, então, um conjunto de teorias baseadas nesses estudos e observações, e essas teorias são sujeitadas a uma seleção natural, até que se chegue a uma explicação satisfatória para os fatos observados. Essa teoria deve ser consistente com os fatos. Teorias científicas não são meros palpites ou especulações. Uma teoria deve se prestar a explicar as observações e deve poder fazer predições, tendo como conseqüência de sua legitimidade a sua aplicação e aceitação.

Portanto, por mais que esta crença seja atraente, ela não possui fundamento científico. Portanto, desconfie de qualquer pessoa que se apresente como “especialista em viagem astral”, “especialista em projeciologia” ou , que tente lhe ensinar como “viajar para o astral”. Qualquer suposto ensinamento de tais técnicas é pseudocientífico, sem embasamento em fatos reais. Muitas pessoas adquirem estes ensinamentos e, como têm um forte desejo de “viajarem no astral”, acabam tendo sonhos aonde se sentem como se estivessem viajando fora do corpo.

Recentemente, Francis Crick, Cientista, um dos descobridores da hélice dupla do DNA, publicou uma pesquisa atribuindo a consciência humana a um grupo de neurônios. A comprovação também representaria a conclusão de anos de pesquisas sobre a consciência. Numa pesquisa anterior, ele dissera: “A crença da ciência é que nossas mentes - o comportamento de nossos cérebros - podem ser explicadas inteiramente pelas interações das células nervosas.” A nova pesquisa de Crick indica que ele provou sua teoria. O ensaio baseia-se em anos de experiências, incluindo estudos de pacientes com danos cerebrais, testes com animais e pesquisa psicológica. Alguns dos dados mais relevantes vêm do uso terapêutico de minúsculas sondas no cérebro de epilépticos para avaliar seus ataques. O estudo descreve como partes distintas do cérebro interagem para gerar a consciência. “Pela primeira vez, temos um esquema coerente para as combinações neurais da consciência em termos filosóficos, psicológicos e neurais”, diz o ensaio.

“A verdadeira consciência pode ser expressa meramente por um pequeno grupo de neurônios, em particular aqueles que se estendem da parte de trás do córtex para partes do córtex frontal.” Christof Koch, professor de neurociência no Instituto de Tecnologia da Califórnia e co-autor da última pesquisa de Crick, afirmou: “Está claro que a consciência surge de reações bioquímicas dentro do cérebro.”

Assim, todos os fenômenos que geram a mente, o pensamento, a consciência e o Eu tem base material e são conseqüências de complexos processos físico-químicos, que têm lugar em nossos corpos. O Eu é parte indissociável do corpo. Existe e acontece nele. A própria sensação de dissociação tão comum a todos nós - a sensação de que “eu habito meu corpo”, como se o corpo fosse um lugar no qual o Eu está e eventualmente pode sair - é parte dos processos materiais que devem ser explicados por uma teoria da mente.

FONTES:
A Alma não Existe (por Darlene Menconi)
As Células da Alma (por Jonathan Leake - The Sunday Times)
A Razão dos Sentimentos (por Cláudio Ângelo - Folha de SP)
Consciência (por Alexandre de Campos, Andréa dos Santos e Gilberto F. Xavier)
Método Científico (por Francisco Saiz)
Quem Sonha com Ovelhas Elétricas? (por Mario Barbatti)
Viagem Astral (por Aurélio Moraes)

16 de abril de 2009

Feitiço e feiticeiros

A morte, a doença e a paixão abalam profundamente as pessoas, chegando a ponto de perderem a razão e o discernimento. Nessas circunstâncias, entram em ação os videntes, hábeis manipuladores que jogam com o medo e a esperança das vítimas, as quais raramente percebem quão habilmente são iludidas e manipuladas.

De um lado, um “cliente” fragilizado e sincero, que PERDEU A FÉ NA SUA FÉ. Do outro lado, um “profissional” com um vasto conhecimento de uma tradição milenar, ardiloso, que usa a “leitura fria” como método.

LEITURA FRIA é uma estratégia usada por manipuladores para fazer com que uma pessoa se comporte de uma certa forma, ou a pensar que os que fazem a leitura têm algum tipo de capacidade especial que “misteriosamente” permite que saibam coisas sobre um acontecimento. O manipulador faz uma meticulosa observação da vítima e utiliza também conhecimentos estatísticos e gerais da natureza humana.

Começa a interagir com a vítima, fala o óbvio de um modo enigmático ou interrogativo e observa cuidadosamente a reação da pessoa (“joga verde”): você está deprimida! alguém a deixa muito infeliz... E a vítima prontamente responde: é meu filho! Começa falando sobre generalidades e em pouco tempo já está adivinhando detalhes íntimos da vítima. Na verdade é a vítima quem está revelando tudo, o vidente apenas traduz a linguagem em um português nem sempre bem clara. Fazendo perguntas vagas e obtendo respostas sinceras, conseguirá ao final dar um veredicto do caso.

VEREDICTO: Conforme sua formação religiosa e/ou espiritual dirá que é: o karma; um feitiço; o demônio; um encosto, etc.

TRATAMENTO: Conforme sua formação religiosa e/ou espiritual recomendará: um trabalho espiritual; um desmancha feitiço; um exorcismo; uma unção; muita reza; um desencosto.

OBSERVAÇÃO: Seja qual for o tratamento a ser seguindo, o vidente solicitará que prossiga com o tratamento médico prescrito (é indispensável). Assim, se o paciente tiver o sucesso desejado, ficará em dúvida se foi a medicina ou a quiromancia quem o curou. Se o tratamento for de difícil solução, solicitará mais “trabalhos” e mais rezas. Se não tiver a solução esperada, dirá que é ou foi o karma; um feitiço bem feito; que Deus assim quer ou quis; que é ou era seu destino; e assim por diante. Além do mais, para que procurar um intermediário (vidente) se Deus é onisciência, onipotência e onipresença e benevolência?

POR QUE OS “TRATAMENTOS” PARECEM FUNCIONAR: Muitos métodos dúbios permanecem no mercado principalmente porque satisfazem consumidores que oferecem testemunhos de seu valor. A seguir algumas razões pelas quais as pessoas podem erroneamente concluir que um tratamento ineficaz funciona:

1. A doença pode ter seguido seu curso natural. Muitas doenças são autolimitadas. Se a condição não é crônica ou fatal, os processos de recuperação próprios do corpo normalmente restauram a saúde do doente.

2. Muitas doenças são cíclicas. Certas condições como artrite, esclerose múltipla, depressões, alergias e problemas gastrointestinais normalmente tem “altos e baixos”.

3. O efeito placebo pode ser o responsável. Através da sugestão, crença, expectativa, reinterpretação cognitiva e desvio da atenção, os pacientes que recebem tratamentos inúteis biologicamente freqüentemente experimentam alívio mensurável. Algumas respostas placebo produzem mudanças reais na condição física; outras são mudanças subjetivas que fazem os pacientes se sentirem melhores mesmo que não haja nenhuma mudança objetiva na patologia de base.

4. O diagnóstico ou prognóstico original pode ter sido incorreto. Terapeutas treinados cientificamente não são infalíveis. Um diagnóstico errado, seguido por uma visita a um santuário ou a um curandeiro “alternativo”, pode levar a testemunhos inflamados de cura para uma condição que teria se resolvido sozinha. Em outros casos, o diagnóstico pode ser correto, mas o prognóstico, que é inerentemente difícil de se prever, pode mostrar-se impreciso.

5. Melhora temporária do humor pode ser confundida com cura. Curandeiros alternativos freqüentemente possuem personalidades fortes, carismáticas. Até o ponto que os pacientes são levados pelos aspectos messiânicos da “terapia alternativa”, o que pode ser seguido por uma melhora psicológica.

31 de março de 2009

Evolução em tempo real

Um dos maiores flagelos atuais da humanidade, a pandemia de Aids, paradoxalmente nos dá uma oportunidade única: ver a evolução por seleção natural ocorrendo em tempo real. Isso acontece porque o vírus HIV replica-se com enorme rapidez e também porque a enzima responsável, a transcriptase reversa, é predisposta a erros. Em conseqüência, o HIV está constantemente sofrendo mutações, gerando no paciente um enxame de variantes virais sujeitas às forças da seleção natural.

Quando um medicamento anti-HIV entra na corrente sangüínea, a seleção natural favorece as variantes resistentes do vírus, que então sobrevivem, se multiplicam e passam a predominar em pouco tempo. Este processo darwiniano é basicamente o mesmo que ocorreu nas centenas de milhões de anos da evolução da vida na Terra, só que agora é medido em dias e horas. Não há desenho nem direcionalidade, apenas as forças combinadas do acaso e da necessidade gerando cepas cada vez mais resistentes.

Uma estratégia para tentar driblar esse processo de seleção é o uso concomitante de vários fármacos anti-retrovirais com alvos diferentes, a chamada terapia tríplice. Assim, para sobreviver, o vírus precisaria ter múltiplas resistências simultaneamente, o que é muito improvável. Infelizmente a variabilidade genética é tamanha que tal multirresistência ocorre em alguns casos. Dessa maneira, para doentes com Aids, a evolução por seleção natural é uma inimiga! Entretanto, recentemente foi descoberto que ela pode ser manipulada a favor do paciente. Isso, como sói acontecer, foi descoberto acidentalmente.

Em 1997 a médica alemã Veronica Miller, da Universidade Goethe, em Frankfurt, estava tratando um paciente simultaneamente com vários medicamentos anti-HIV quando observou que não só havia resistência do vírus a todos eles, como também o paciente já estava apresentando sinais de toxicidade medicamentosa. Na falta de alternativas, ela decidiu suspender todos os medicamentos até que os sintomas tóxicos desaparecessem. Após três meses sem tratamento o paciente foi reexaminado e, para surpresa de todos, a resistência viral havia desaparecido! Em outras palavras, em 90 dias a população do HIV havia evoluído de um estado de resistência a todos os fármacos a um estado de suscetibilidade a todos eles. O que havia ocorrido?

Logo se constatou a razão. Na presença dos medicamentos, as cepas resistentes predominavam, mas algumas cópias do vírus infectante original não resistente (o chamado tipo selvagem) sobreviviam nos linfócitos. Quando os medicamentos foram suspensos, a vantagem seletiva das cepas resistentes desapareceu e o tipo selvagem, melhor adaptado a esse ambiente sem fármacos, começou a se replicar com enorme velocidade e logo substituiu as mutantes resistentes. A partir dessa constatação, nasceu o chamado “tratamento de interrupções estruturadas” da Aids, uma nova arma na guerra contra a doença, alicerçado ortodoxamente em princípios darwinianos!

Sergio Danilo Pena Professor
Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia
Universidade Federal de Minas Gerais

23 de março de 2009

Um robin hood às avessas

A respeito do estacionamento rotativo no centro de Rio Grande, cerca de 1,3 mil vagas, creio que o projeto não foi avaliado sob ponto de vista dos trabalhadores, que diariamente, por não terem um transporte público eficiente, utilizam seus veículos para se locomoverem ao centro da cidade e estacionarem o mais próximo de seu trabalho. São eles, que juntamente com os comerciantes, utilizam cerca de 80% das vagas no centro da cidade.

Embora uma pesquisa no site da Prefeitura, com comerciantes e motoristas em geral, diga que 62% comerciantes e 77% do público em geral são a favor do estacionamento rotativo, isso não condiz com a realidade.

Ainda que os empresários pensem num primeiro momento, num cliente à beira da porta de seu estabelecimento, esse não comparecerá, pois o alto custo do estacionamento o afugentará do centro, pois comprar é um ato que demanda tempo e dinheiro. Por isso, as lojas, bancos e supermercados da cidade, sabiamente, não cobram estacionamento para não afugentarem os clientes.

É claro que é necessário estacionamento para aqueles que vão esporadicamente ao centro da cidade, mas essas vagas, deveriam ser de cerca de 20% (das 1,3 mil vagas), ou seja, 260 vagas, com administração da própria Prefeitura, como por exemplo, estacionamento no entorno da praça Xavier Ferreira.

Os maiores prejudicados, como sempre, além dos chamados “flanelinhas”, serão os trabalhadores que terão que pagar para estacionar, diariamente, um valor que vai ultrapassar mais de R$ 200,00 no fim do mês.

Qual a vantagem de tirar dinheiro da população? É um Robin Hood às avessas, pois tira dinheiro de quem já tem pouco e concentra em quem tem muito, provavelmente de fora da cidade.

13 de março de 2009

Rezar ou não rezar

De acordo com a Wikipédia, FÉ é definida como “a firme convicção de que algo seja verdade, sem nenhuma prova de que este algo seja verdade, pela absoluta confiança que depositamos neste algo ou alguém. É a confiança em um fato que não se apóia em prova lógica ou evidência material”. Com essa definição, não é difícil entender porque as religiões se apropriaram e alimentaram a fé ao longo do tempo e por que a fé ainda resiste nos dias de hoje. Quanto mais emblemática é a natureza da fé mais forte e apaixonante ela é. Quanto mais arrojada, mais valor ela tem. Deste modo, por meio fé, o devoto explica o mundo, e para isso REZA, acreditando que possui o livre‑arbítrio (não no poder de escolher suas ações, mas de que com essas escolhas possa mudar as decisões de Deus).

Entretanto, se Deus vê tudo, sabe de tudo e é bondoso (onisciência, onipotência e onipresença e benevolência), para que rezar? Deus já não sabe da necessidade de todos; já não sabe das desgraças que vão acontecer; já não sabe das necessidades de cada um; já não sabe o merecimento de cada um? Qual a diferença que rezar irá fazer nisso? O que se pode pedir para Deus que Ele já não saiba?

Se Deus sabe tudo, então, o homem, perante Deus, não tem livre-arbítrio. Se Deus sabe de todas as coisas, já sabe o que você vai fazer antes que você o faça. Se Deus já sabe exatamente o que você vai fazer antes que você o faça, isso de alguma maneira significa que o livre‑arbítrio não existe, nem mesmo para Deus, pois ele já tem todas as deliberações em tempo real. Não existe imprevisibilidade de atos nem de conseqüências, porque Ele já sabe de tudo.

Ainda bem que a maioria das pessoas não avalia esses conceitos de modo racional. Acham que somente rezando, estarão mais próximas de Deus (um Deus pessoal, com emoções e que mora no céu). Por isso rezam; por isso acham que têm um livre-arbítrio. E rezando e achando que podem mudar uma situação, encontram o conforto espiritual para seus anseios e suas aflições. De um modo geral, as pessoas bondosas e generosas são as que menos rezam, pois sabem que basta praticarem o bem, fazendo boas ações e o resto lhes será retribuído.

Por fim, comprovações científicas têm nos mostrado que rezar ou não rezar não trás efeito sobre a vida real, só sobre a vida espiritual. Rezar não nos livrará das desgraças da vida; dos acidentes; das doenças; da crueldade; da morte prematura.

Em resumo:

· Rezar faz bem. Proporciona conforto espiritual e estimula o espírito do amor e da caridade;

· Deus é a Lei. A Lei funciona automaticamente. Não tem nada a ver com um deus pessoal ou com um deus emocional que se possa comover;

· Nem todo aquele que reza é bom. Nem todo aquele que é bom reza;
Não basta rezar, tem que ser bom. Basta ser bom, não precisa rezar.

5 de fevereiro de 2009

Inconsciente coletivo

Certa vez, durante uma caminhada junto a um penhasco, no Nepal, um praticante perguntou ao seu mestre: - Mestre! cuidado com o abismo, o cão pode atirar-se e morrer. Não te preocupes, o cão é sabedor, respondeu o velho sábio. O jovem aprendiz retrucou perguntando: - Como eles sabem? È simples, falou o mestre, eles aprenderam herdando esse instinto de seus ancestrais, que sobreviveram a ponto de deixarem descendentes. Hoje esse aprendizado, adquirido, faz parte de sua memória atávica.

É claro que o mestre estava falando da memória genética, o inconsciente coletivo a que se referia Carl Jung. Um tipo de memória que não se extingui - uma camada oculta da psique comum à humanidade inteira e onde estão armazenados todos os registros das experiências humanas desde os mais remotos tempos. Seus conteúdos (chamados arquétipos) são condições ou modelos prévios da formação psíquica em geral. Nesse inconsciente, coletivo, os temas importantes para a humanidade vão amadurecendo até o momento em que eles podem ser absorvidos no imaginário popular em forma de lendas e superstições e em manifestações artísticas. São esses mitos que servirão de enredo para determinados aspectos da vida e guiarão os povos durante certo período de seu amadurecimento psíquico. Os arquétipos presentes no inconsciente coletivo são universais e idênticos em todos os indivíduos e manifestam-se simbolicamente em religiões, mitos, contos de fadas e fantasias. Entre os principais arquétipos estão os conceitos de nascimento, morte, sol, lua, fogo, poder e mãe.

A psique humana contém inúmeras coisas que nunca foram adquiridas, nem cada homem possui um cérebro inteiramente novo e único. Ele nasce com um cérebro que é resultado do desenvolvimento de uma série interminavelmente longa de ancestrais. Este cérebro é produzido em cada embrião, com toda a sua perfeição diferenciada, e quando começar a funcionar, produzirá infalivelmente os mesmos resultados que já foram produzidos inúmeras vezes antes na série de ancestrais.

Herdamos as predisposições de temer as serpentes e a escuridão porque nossos ancestrais experimentaram tais medos ao longo de um sem-número de gerações. Estes medos ficaram-lhes gravados no cérebro. Os conteúdos do inconsciente coletivo estimulam um padrão pré-formado de comportamento pessoal que o indivíduo seguirá desde o dia do nascimento. De modo que os conteúdos do inconsciente coletivo são responsáveis pela seletividade da percepção e da ação. Percebemos facilmente algumas coisas e a elas reagimos de certas maneiras porque o inconsciente coletivo está predisposto a elas. Aos nos depararmos com um leão, um cão feroz ou um agressor, tanto nossa memória genética (que herdamos) quanto nossa memória cerebral (que construímos) disparam um sinal de alarme que coloca nosso corpo imediatamente em prontidão.

Ao longo da história, todo processo de amadurecimento e os processos de iniciação, em qualquer povo que se examinar, são brutais. E embora isso faça parte de determinada cultura, deixa marcas muito fundas em uma pessoa com uma sensibilidade mais aguçada. Existem ainda experiências de guerras, de agressões, de mutilações. Tivemos a Segunda Guerra Mundial, que deixou muitas marcas, e as pessoas que trazem isso no seu repertório de memórias - no inconsciente coletivo existe tudo - geralmente apresentam fobia social, problemas respiratórios: muitas vezes morreram em câmaras de gás, em fornos crematórios; ou um medo muito grande de barulho de explosão. São coisas que ficam, que fazem parte da história da humanidade e nós as trazemos gravadas em nosso íntimo. Cada um tem uma fatia dessa história para administrar na vida atual. Carregamos conosco e não podemos nos separar disto. Isso é o que nós somos.

O espírito com todas as suas manifestações, são o reflexo do inconsciente coletivo. São apenas o resultado das complexas reações físico‑químicas operadas no cérebro, em resposta aos estímulos externos e internos captados pelos sentidos ou outros meios, e levados àquele órgão via rede nervosa de todo o organismo. Quando mergulhamos em nosso inconsciente e encontramos lá respostas que não se justificam diante de nossas experiências pessoais, não significa que sejam resultantes de vidas passadas, reencarnações ou quaisquer outras explicações místicas, são simplesmente resultantes de arquétipos oriundos de experiências ancestrais, que arquivaram-se nas delicadas estruturas nervosas e posteriormente são transmitidas aos descendentes através de genes ao longo de gerações. As memórias de “vidas passadas” não estão no passado, elas estão aqui, agora. Carregamos no hoje as memórias e os efeitos daquelas vidas em nosso campo de energia, e inconscientemente representamos aquelas crenças e experiências armazenadas.

O Inconsciente Coletivo é como um enorme banco de dados, um DISCO RÍGIDO onde ficam todas as impressões da humanidade, desde o início dos tempos. É como o AR, que é o mesmo em todo lugar, é respirado por todo o mundo e não pertence a ninguém. Assim, podemos consultar esse banco de dado à medida que pesquisamos em profundidade um determinado assunto. Nos sonhos, visões, êxtases e devaneios espirituais, podemos ter acesso aos cantos mais profundos do banco de dados desse HD.

Os genes são os responsáveis pela capacidade, que todos os seres vivos possuem, de transmitir a sua informação genética aos descendentes. Levamos em nossas células, nos genes, as memórias de nossos ancestrais, seus instintos, a personalidade, a individualidade consciente de todos os que participaram na formação do nosso corpo. O conhecimento pretérito, apenas parece ser de “vidas passadas”, mas em verdade decorre da memória incorruptível dos genes, constituída por bytes, bytes e mais bytes de informação digital pura. A crença na imortalidade da alma, comum a quase todas as religiões, não passa da percepção, em nível consciente, da imortalidade dos genes. Nossos corpos efêmeros, portadores dos genes imortais, não passam de carapaças descartáveis que são deixadas pelo caminho, enquanto os genes caminham, triunfalmente, atravessando gerações, rumo a um futuro desconhecido.

Reencarnacionistas, freqüentemente, admitem que ao falecer uma pessoa, sua alma se desprende do corpo e reencarna em outro que está sendo gerado pela fecundação naquele exato momento, ou então, a alma fica vagando por um espaço ou por um tempo até que lhe seja destinado um corpo apropriado. Entretanto, não é necessário recorrer a essa extraordinária teoria para admitir que certas recordações e lembranças que ocorram durante o sonho ou em uma sessão de hipnose possam ser frutos de outras vidas, de outros corpos em outros tempos, e para isso, basta considerar a teoria da estrutura do DNA proposta por J. D. Watson e F. H. C. Crick em 1953 e, esclarecida em 1958 por Meselson & Stahl.

Os resultados do experimento de Meselson & Stahl mostraram que o DNA seria formado por duas cadeias complementares de polinucleotídicas que se enovelavam uma na outra assumindo a forma de uma dupla hélice, podendo se dizer, de maneira simplificada, que as duas fitas da molécula original se separam e cada uma vai copiar uma fita nova complementar. As duas moléculas resultantes da duplicação são formadas por uma fita nova e uma fita velha. Nas fitas velhas estão contidas todas as informações da célula que as originou. As informações que codificaram a formação dos núcleos cerebrais, que possuem códigos de memória visual, auditiva e cognitiva, ou de situações vividas por outra ou até outras pessoas que já a tenham recebido em outras fecundações.

Essa cadeia velha pode chegar a um determinado espermatozóide que a recebeu durante a espermiogênese, podendo inseri-la no ovócito, no momento da fecundação e, durante o pareamento dos cromossomos homólogos, a fita velha pode voltar a formar os núcleos da base cerebral, reimplantando as informações de outras vidas que ela esteja trazendo e, com isso, ao ser submetido a uma hipnose, ou então durante um sonho, a pessoa pode se lembrar de coisas que outras pessoas possam ter vivido em outras vidas.

Está provado que o Arquicórtex (inconsciente) está envolvido com os comportamentos instintivos, que são transmitidos geneticamente, pois são inerentes a uma espécie - a humana, no caso. Pois bem, as lembranças mais profundas, aquelas que marcam a vida das pessoas e também aquelas ditas como “de outras encarnações” ficam armazenadas no inconsciente, e, portanto no arquicórtex. Como é o arquicórtex quem comanda os instintos e os comportamentos inatos de sobrevivência, e sendo ele também programado apenas a partir de informações genéticas, ele pode simplesmente trazer as fitas cromossômicas que contém códigos de memórias de situações vividas por ancestrais em outras vidas, não se devendo confundir com outras “encarnações” do ponto de vista espírita. Outro ponto que reforça esta teoria é o fato de que o indivíduo ao nascer, já possui comportamentos instintivos e inatos como agarrar, sugar e chorar, observados por Weissmann em 1883, quando este formulou sua Teoria da Continuidade do Plasma Germinativo, onde defendia que os pais transmitiam seu “Plasma Germinativo - A parte imortal dos seres vivos”, aos filhos via gametas sexuais. Sabe-se atualmente que o plasma germinativo de Weissmann nada mais é que os cromossomos sexuais do homem ou da mulher.

Portanto, somos meras “máquinas”, compostas de uma infinidade de partes, cada parte feita de uma infinidade de genes. A vida está dentro dos genes, e os genes são os reais indivíduos. Nossa inteligência é a inteligência agregada dos genes que nos compõem. Não há nenhuma alma, diferente da mente, e o que nós falamos que é a mente, é apenas a inteligência agregada dos genes.

É através dos genes que somos imortais, porque os genes não morrem. Os indivíduos são passageiros, mas os genes são para sempre. Eles carregam consigo, toda uma herança genética, desde a mais remota cadeia da vida biológica sobre a terra. Eles não são destruídos pela recombinação, simplesmente trocam de parceiros e seguem em frente. Os genes são a nossa essência imortal - a “vida eterna”. São os responsáveis pela capacidade, que todos os seres vivos possuem, de transmitir a sua informação genética aos descendentes.

É incorreto declarar que nós temos almas além da inteligência animal, além do cérebro. É o cérebro que nos mantém vivos. Não há nada além disso. TUDO que há, houve e haverá, pode, deve e deverá ser explicado em termos materiais. Não é nas reencarnações que a personalidade é determinada - ela é, sim, determinada nos genes, que se expressam nos neurônios.

Fontes:
Não há imortalidade da alma, diz Thomas A. Edison
http://str.com.br/Str/thomas2.htm
Recordações de vidas passadas
Vladimir Antonini
http://antonini.med.br/html/modules.php?name=News&file=article&sid=201
Compreendendo os Símbolos Astrológicos
Graziella Marraccini
http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=3216
Livro: O rio que saía do éden
Richard Dawkins
Livro: A natureza da psique
Carl G. Jung

12 de janeiro de 2009

Justiça divina

Por que algumas pessoas nascem “bafejadas pela sorte” em tudo – na família, no trabalho, no dinheiro, na saúde (física e mental), no caráter – enquanto que outras, não obstante seu esforço e determinação, são infelizes e azaradas?

Por que algumas pessoas nascem com a saúde perfeita – enquanto que outras nascem deformadas, dementes, idiotas?

Por que algumas pessoas nascem para a bondade – enquanto que outras nascem para a maldade?

Toda vez que se levanta a questão do por que Deus permite essas coisas, as pessoas se socorrem da Justiça Divina e expressam o que pensam. É possível emitir fundamentalmente três explicações:

EXPLICAÇÃO CRISTÃ

“O sofrimento é um mistério. Temos de aceitá-lo em silêncio. Existem coisas além de nosso limitado do entendimento humano devemos conhecer esses limites e respeitá-los. Não queiramos ser espertos diante da realidade impenetrável da dor humana. Sofrer com quem sofre é a única maneira de tratar o sofrimento.”

“Muitos dizem que não sabemos o que mais nos convém de fato, que Deus tira o bem do mal e que uma pessoa com um defeito físico pode ser mais feliz que outra com um corpo perfeito.”

“Mais importante que a vida terrena, é a vida eterna. O grande e maior objetivo de Deus para os homens, nesta existência, é a concessão da vida eterna e a conseqüente preparação para o seu recebimento.”

“Bem-aventurados os que sofrem, porque serão consolados. Bem-aventurados os humilhados, pois eles herdarão o céu.”

EXPLICAÇÃO ESPÍRITA

“Cada existência é planejada, com antecedência, no Mundo Espiritual, antes da reencarnação. A duração da existência, saúde, doenças mais sérias, riqueza, pobreza fazem parte do planejamento. E todos os espíritos reencarnam com o objetivo de progredir, de só fazer o bem e de resgatar as dívidas contraídas em outras existências.”

“Aquilo que sofremos ou gozamos nesta vida independe nossas ações e de nossa vontade e está determinado por nossas culpas ou méritos em outras vidas.”

“A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são conseqüentes a uma falta, seja na vida atual, seja na vida espiritual, após a morte, ou ainda em nova existência corporal.”

“Todo sofrimento, doenças e desgraças em geral, são necessários e úteis para o nosso desenvolvimento espiritual.”

“Mais importante que o sofrimento do corpo é a pureza da alma. Vivemos num mundo onde todas as coisas são temporais, somente a alma é eterna.”

EXPLICAÇÃO RACIONAL

“As doenças, os defeitos congênitos, os acidente e a morte são coisas da Natureza. Deus nada tem a ver com isso. Existe o Universo com suas leis, e a Lei, é bom insistir, é totalmente indiferente à dor, ao sofrimento, à maldade, à bondade, à beleza, à feiúra ou a qualquer outra coisa que possamos valorizar. O Universo se baseia em leis naturais e, portanto, não pode conceber que exista um “ser” mudando as leis segundo caprichos de sua vontade.”

“As vezes herdamos de nossos pais certas características orgânicas que afetarão nossa vida, apenas isso.”

“Devemos procurar, em que pese parecer desconfortante, através dos meios naturais e não sobrenaturais, as causas de todos os “males”. Acidentes, infortúnios e defeitos físicos congênitos são coisas naturais.”

“O que somos e seremos, é determinado pelo nosso corpo (corpo sujeito às leis da física, da química, da biologia e da genètica), nossa família, nossa sociedade.”

“Não podemos negar também a existência de determinismos, tais como agir em determinada situação, pensar e sentir. Determinismos psicológicos, tais como memória, invenção, intuição e abstração. Determinismos culturais, tais como ao nascer, encontramos um mundo já construído, recebendo como herança, a moral, a religião, a organização social e política, a língua, enfim, os costumes que sem duvida moldam nossa forma de sentir e pensar.”

“Somos um misto de herança genética, bagagem psicológica adquirida ao longo da vida, experiências e formação. Somos comandados a todo instante por nossos instintos animais: fome, sede, frio, calor, sexo, medo, insegurança e, pela nossa permanente busca da felicidade.”

CONCLUSÃO

“Existe Justiça Divina, mas Deus não é culpado de nada”.

“Se a ciência não explica tudo, a religião não explica nada.”