9 de dezembro de 2010

Uma fé que contagia

Dizem que no natal,
há paz e felicidade,
então porquê a guerra?
porquê tanta maldade?

Dizem que no natal,
há bastante altruísmo,
mas é somente máscara,
camuflando o egoísmo.

Dizem que no natal,
exaltamos quem nos criou,
mas não há explicação,
para a fera que gerou.

Dizem que no natal,
enaltecemos as virtudes,
depois vem o ano-novo,
e revelamos as vicissitudes.

Dizem que isso é chato,
dizem que não seduz,
daí despertar o facho,
para enxergar a luz.

Afinal,
natal não é só alegria,
tem vivência que judia,
tem tristeza e agonia,
tem meiguice e cortesia,
tem uma fé que contagia.

No final,
tudo não passa de alegoria,
a esperança em simbologia.

Talvez seja o lado bom da vida,
a nossa inocência esquecida,
que o tempo não apaga mais.

Então é NATAL,
e o que você fará?
o ano termina e outro virá...

JC Coutinho

És Maria,

Mãe de Jesus,
que morreu na cruz.
Aquela que nos conduz,
aquela que é a própria luz.

És a imaculada,
amada e idolatrada.
És a nossa estrada,
até a última morada.

Para uns és poesia,
a graça e a alegria.
Para outros és utopia,
o engano e a fantasia.

És firmeza e convicção,
na certeza e na exatidão.
És fortaleza e religião,
na fraqueza e na ilusão.

És afinco e amizade,
apego e lealdade.
És meiguice e caridade,
mensageira da bondade.

És vida e sonho.
És a harmonia,
âmago da alegria,
seiva que faz brotar.

És ternura,
força pura,
nexo da criação.

És a mãe amiga,
aquela que tudo abriga,
que faz até sem a oração.

És a estrela guia,
a luz que nos irradia,
àquele que tudo cria.

JC Coutinho

Felicidade

É uma infinda aspiração,
que não tem definição.
Uma sublime satisfação,
oferecida pela religião.

É lucidez e poesia,
equilíbrio e alegria.
Diferente de ufania,
que passa como a euforia.

É sentir-se por inteiro,
mesmo não sendo costumeiro.
É sentir-se verdadeiro,
mesmo na pele dum cordeiro.

É a verdade,
até na adversidade.
É a integridade,
mesmo na hostilidade.

É ser congruente,
sem ser intransigente.
É estar contente,
sem estar indiferente.

É uma alegre emoção,
um amor sem aflição.
Nada a ver com a paixão,
que passa como um tufão.

É um impressão marcada,
de uma ternura ilimitada.
duma inspiração chegada,
que nunca é finalizada.

JC Coutinho

Espiritualidade

É uma intensa conexão,
que nos causa inspiração.
Nada a ver com religião,
que crê por suposição.

É um eterno meditar,
sem saber onde chegar.
Diferente de rezar,
que sabe o que vai ganhar.

É humildade,
que se nutre de bondade.
Mesmo na adversidade,
é busca pela integridade.

É um eterno observar,
e ao mundo contemplar.
É aos outros respeitar,
sem nada ambicionar.

É uma sublime emoção,
um amor em profusão,
mesmo tendo a sensação,
de que não haverá revelação.

É a busca da verdade,
mesmo sem conhecer a realidade.
É a busca pela finalidade,
mesmo sem entender a causalidade.

JC Coutinho

28 de outubro de 2010

Crueldade humana (e com os animais)

Assistimos hoje em dia maldade em todo o planeta. Muitos tentam entender o fenômeno e se perguntam: De onde vem tanta maldade? E a violência imposta aos animais? Como entendê-la?
Desde os primórdios da inteligência, os seres humanos começaram os seus anseios de respostas para a maldade.
“O homem é bom por natureza, é sociedade que o corrompe”, dizia Rousseau.
“O homem é mau por natureza, e a sociedade é quem o disciplina”, dizia Hobbes.
“O homem não é bom nem mau, simplesmente é homem”, dirão uns.
“O homem é a imagem e semelhança do Senhor, então ele é bom”, dirão outros.
Mas, qual será a estrutura de atrocidade e maquiavelice que permeia a vida neste planeta? Qual será o grau de crueldade intrinsecamente ligado ao dia-a-dia da vida de todas as espécies que habitam neste planeta?
As religiões foram e são uma invenção dos humanos para ver o mundo “cor-de-rosa”, de forma a verem um deus de bondade e amor, escondendo o viés do mal existente em cada um de nós, a exemplo da nossa indiferença com os nossos próprios pares que estão na miséria absoluta (em fétidas cadeias, nas favelas ou mesmos pelas ruas padecendo de todo o tipo de privação) ou com as brutalidades que cometemos diariamente com indefesos animais. Ficamos nos perguntando como alguns de nós, seres humanos, que participamos de forma direta ou indireta das crueldades e maquiavelismos, acreditamos ter sido criados à imagem e semelhança de um Ser Superior, de amor e bondade.
Em Santo Agostinho que “o amor humano é extremamente egoísta, chega mesmo a renegar Deus por amor a si próprio”.
Em Gênesis: “porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça e tu armarás traições ao seu calcanhar”.
Em Eclesiástico: “há amigos em certas horas que deixarão de o ser no dia de tua aflição; há amigo que se torna inimigo; há amigos que deixarão de o ser no dia de tua desgraça”.
Teólogos afirmam que o que chamamos mal é para nosso próprio benefício, que nós fomos colocados neste mundo de tristezas e pecado para desenvolver o caráter.
Já os Espíritas, dizem que vivemos num mundo de expiações e de provas, onde a maioria dos seus habitantes são espíritos atrasados, orgulhosos e egoístas.
Por isso, em toda a parte o forte vivendo do fraco, o superior do inferior. Por isso, em todo lugar, assassinatos, dor, doenças e morte. Morte que leva a mãe da criança desamparada; morte que enche o mundo com tristeza e lágrimas. Precisamos de tudo isso para desenvolver o caráter? Para expiar?
Se Deus é amor, bondade, por que o sofrimento, as guerras e a violência? Por que os criminosos, os deformados e os idiotas? Como compreender? Qual o significado? Quem pode responder? As respostas oferecidas pelas doutrinas religiosas são sempre afirmações emanadas pela fé, sempre apontando para o dissimulado, o enigmático, o incognoscível.
Se as religiões são uma invenção dos humanos, criadores de mitos, o livre-arbítrio foi uma de suas maiores criações - para tirar a culpa do Criador. O livre-arbítrio foi criado para fechar algumas lacunas, de não conseguir explicar a existência do mal sobrepujando o bem com notável frequência, apesar de Deus ser um Pai onipotente e bondoso.
Com isso, Deus passou a não ser mais responsável pelas maldades, bestialidades, tragédias e desgraças existentes no mundo. A culpa passou a ser do homem que usa seu livre‑arbítrio. Com isso, tudo passou a ter explicações: Homicídios, maldade, agonia, doenças, bestialidades, morte prematura, escravidão, dementes e deformados. Ou é culpa do karma ou do livre-arbítrio ou de ambos. Até o ingresso do Diabo no corpo ou alma (possessão) passou a ser culpa do livre arbítrio.
Os criadores de mitos também disseram que nós (humanos) somos criaturas divinas, criados a imagem e semelhança do criador; que somos os mais evoluídos, mais inteligentes, que não reencarnamos num animal por este ser menos evoluído. Quanto disparate. Quem disse que somos mais evoluídos? o Criador? Nós, seres humanos, que matamos por prazer, por maldade (por livre-arbítrio)? Se os seres humanos têm direitos, os animais também. A Declaração Universal dos Direitos dos Animais diz:
Todos os animais têm o mesmo direito à vida.    
Todos os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem.
Nenhum animal deve ser maltratado.    
Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.  
O animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca ser abandonado.    
Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor. 
Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.    
A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimes contra os animais.    
O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.
O cão (muitas vezes utilizado como sinônimo de cafajeste, canalha, patife) é o único amigo absolutamente altruísta que existe neste mundo egoísta. O único que nunca lhe abandona, que nunca se prova ingrato ou falso. O único permanece a seu lado na prosperidade e na pobreza, na saúde e na doença. E, quando chega a última de todas as cenas, e o fim leva o dono em seu abraço, e todo o seu corpo está deitado no chão frio, não interessa se os outros amigos seguem o seu caminho. Ali, ao lado do túmulo, o nobre cão será encontrado com a cabeça entre as patas, os olhos tristes mas abertos, em completo alerta, fiel e verdadeiro até mesmo na morte...
Lembre-se, na próxima reencarnação não se zangue se você vier no corpo de um cão.  

Vegetarianismo e seus adeptos

Vem crescendo cada vez mais o número de adeptos da dieta vegetariana, que consiste em alimentar-se preferencialmente de vegetais. As correntes do vegetarianismo se dividem em, basicamente, duas:
Aqueles que não comem nenhum tipo de carne, mas consomem leite, ovos e seus derivados.
E os que não admitem o consumo de qualquer produto obtido por meio de sofrimento ou exploração animal (inclusive ovos, leite e mel). Esses são conhecidos como vegans.
Há ainda os que se dizem vegetarianos mas consomem carne de peixes, ou de aves, excluindo apenas a carne vermelha.
Os vegetarianos que se preocupam com os direitos dos animais não restringem sua postura apenas ao hábito alimentar, eles vão bem mais além: Se recusam a usar produtos que são feitos com pele de animais, como as roupas de couro, e fazem boicote às empresas que testam seus produtos em animais. Os vegans, geralmente, adotam essa postura.
Porém, os vegetarianos, de um modo geral, se esquecem que para comerem vegetais, alguém tem que matar as plantas, e isso também seria uma violência. É certo que as plantas são tão vivas como os animais. Alguns dizem que as plantas têm sentimentos. Outros acreditam, inclusive, que elas têm alma. Assim, para os vegetarianos, matar um animal para comer, não pode, mas matar uma planta, pode. Vegetais e animais são diferentes apenas no grau de manifestação da vida. O Prof. J. C. Bose, da Índia, provou que os vegetais têm um sistema nervoso que responde a um estimulo favorável através do prazer, e a uma influência desfavorável através da dor. Eles têm batimento cardíaco, sistema circulatório, pressão da seiva e uma vida central, em certas células das raízes - o cérebro dos vegetais. Ampute um dedo seu e você não morrerá, corte um galho e a planta não morrerá, mas remova o cérebro humano e o corpo que o continha morrerá, exatamente como ocorre quando se corta a raiz de uma planta: ela morre.
Assim como os animais respondem a certos tratadores, os vegetais crescem em abundância sob certas vibrações humanas benignas, e definham ou crescem pouco quando cultivados por pessoas com vibrações erradas. Pode‑se anestesiar uma planta, fazer com que sinta prazer ou dor, ou até envenená-la e matá-la. Matar um vegetal é o mesmo que matar um animal?
Instrumentos de precisão desenvolvidos pelo Prof. J. C. Bose nos mostram a dor e a agonia da morte em plantas torturadas ou moribundas. A couve-flor abatida só pode expressar sua agonia pré-morte através dos instrumentos do Prof. J. C. Bose. O homem se aproveita do fato de que ele não entende a linguagem dos vegetais e os mata contra a vontade deles.
Pense bem: As plantas podem ser abatidas (mortas), para satisfazer a nossa alimentação, só porque não podem expressar seu sofrimento? Por acharmos que nas escala evolutiva são inferiores?
A maior parte dos consumidores de carne bovina desistiriam de comer carne se tivessem que matar os animais para obtê-la. Mas nenhum vegetariano se importaria em descascar os vegetais e cortar as cabeças das cenouras ou de qualquer outro vegetal. Os vegetais não gritam de dor nem derramam sangue quando são mortos. Como os gemidos e sofrimentos das plantas estão fora do nosso alcance sensorial, pretensiosamente achamos que elas nada sentem quando são devoradas. Como se diz: o que os olhos não veem o coração não sente. Do ponto de vista da sensibilidade humana, podemos dizer que é menos dolorido matar um vegetal do que um animal. No entanto, “almas adiantadas” hesitam até em remover as cabeças das rosas de seus corpos vegetais que florescem em jardins domésticos.
Do ponto de vista civilizado, a preocupação em escolher uma alimentação não é como evitar a mortandade de animais ou vegetais, uma alternativa impossível, mas adotar uma alimentação equilibrada, de frutas, cereais, vegetais, carnes, leite e derivados. Ou seja, buscar o Caminho do Meio.
Nesse sentido, o Budismo é mais evoluído. Ele ensina que uma alimentação vegetariana proporciona condições melhores para uma prática meditativa e para uma vida emocional mais estável. Mas isso não é uma regra. O vegetarianismo não torna ninguém melhor. Existem muitos vegetarianos que são insensíveis e muitos carnívoros que são compassivos. O importante é que cada um coma aquilo que precise e dignifique aquilo que está comendo. Que dignifique aquela vida que está nos dando o sustento e o sacrifício que foi feito, mesmo por uma cenoura, com ações virtuosas na vida.
LEMBRE-SE:
Haverá um tempo em que o homem não precisará mais se alimentar de animais ou de vegetais.
Assim como temos animais de estimação e animais para alimentação, temos também plantas de estimação e plantas para alimentação.
Experiências mostram que as plantas reagem como seres humanos, possuindo emoções e mostrando alegria, medo, angústia, depressão.
A verdade é que as plantas reagem a pensamentos sobre o bem-estar delas, sofrem com a morte de formas de vida e simpatizam com seres humanos que as cultivam e são capazes de comunicar-se sensorialmente com estes, a centenas de quilômetros de distância.
Não destruas nenhum ser vivo (seja animal ou vegetal). Já que não te foi dado o poder de criar, não te é dado o direito de destruir.
Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante.
Maltratar animais (e plantas) é demonstrar covardia e ignorância.

21 de outubro de 2010

Zen-budismo

Em recente entrevista com o Monge ordenado no Budismo Zen, Jorge Mello, natural de Itaqui/RS, ao Blog do Alfaro, pudemos conhecer mais de perto o autêntico Budismo (563-483 a.C), ou pelo menos aquele que não se deixou contagiar por influência de ideias e doutrinas ocidentais, não tradicionais, como o Espiritismo e a Sociedade Teosófica, que causaram uma série de deformações e alterações doutrinárias de caráter bastante grave nas filosofias orientais, a partir da metade final do século XIX. Para o Budismo não corrompido - pelas falsas ideias “espiritualistas”, você só vai nascer biologicamente UMA VEZ. Ou seja, você só vai ter um nascimento biológico (com gestação, parto, infância, adolescência, maturidade, velhice e morte). O Budismo não aceita reencarnação, espíritos, Ser Superior, pois essas são ideias que não tem nada a ver com tradições autênticas da Antiguidade.
NA PALESTRA DO MONGE BUDISTA TIVEMOS CONHECIMENTO QUE:
Não há distinção entre a divindade (Buda) e a humanidade (mortais comuns). Em nenhum sentido o Buda é tido como um ser superior, supremo ou transcendental.
É a filosofia do “conhecer a si próprio com profundidade e propriedade”. “Iluminar” é uma metáfora para “compreender” a vida.
Na prática, significa reconhecer a essência da vida para remover a escuridão e a ilusão ali instaladas por especulações promovidas por práticas religiosas que deram outro sentido à vida que não o original.
Promover mudanças em si mesmo e, consequentemente, nas suas próprias atitudes, a partir do entendimento do mecanismo de funcionamento da vida.
Eu sou o meu próprio ambiente. O meu ambiente é a manifestação da minha vida. Este é um dos princípios fundamentais do budismo: o meio ambiente em que vivemos é exatamente o reflexo da nossa vida, e efeito de causas feitas no passado.
Buda ensinou que tudo é vazio de auto natureza, que a vida é insatisfatória, que o sofrimento vêm através do desejo ou da afeição, e que a suspensão do desejo leva à libertação do sofrimento.
No budismo não existe um ente superior ou inferior ao qual as pessoas devem obediência. Há uma lei natural ou uma lei universal natural, única para tudo e todos.
AS QUATRO VERDADES NOBRES
Toda a vida é sofrimento;
A origem do sofrimento são desejo egoísta e os apegos de qualquer tipo;
A extinção do sofrimento é obtida pela cessação dos desejos egoístas e dos apegos;
O caminho que conduz à libertação do sofrimento é o Nobre Caminho Ócuplo.
NAS PALAVRAS DE JORGE MELLO:
“Se nós considerarmos como religião, algo que constitui-se no intermediário entre o ser humano e o transcendente, ai o Budismo deixa de ser uma religião, porque ao contrário de outras tradições espirituais o Budismo não se baseia numa revelação, e sim, na experiência de cada praticante. O Budismo incorpora a cultura de cada região.”
“O budismo se baseia na sabedoria e na compaixão. O budismo tem um transmissão direta. Não há uma revelação. Uma coisa, um livro que se leia e as coisas acontecem. Não tem como base a reencarnação. É o contato direto. Aprende-se diretamente com o professor, que aprendeu com seu professor e assim sucessivamente, até o Buda histórico. A sabedoria em certo sentido é prejudicada pelo conhecimento. Pela nossa natureza humana, como ser humano, na medida que  sabemos mais, começamos a pensar que sabemos tudo. E isso é um grande obstáculo a verdadeira sabedoria. A sabedoria tem que ser pura.”
“O ser humano é por natureza imperfeito. É um vir a ser. Somos seres que se constroem nas relações. Desse modo, não há o fim na nossa jornada. A jornada é próprio momento presente. Isso foge do raciocínio de que as coisas tem uma causa e que dali surge um efeito. A visão budista concebe as coisas como um processo contínuo. Em que causas e condições geram efeitos que se tornam causas e condições de novos efeitos e assim por diante.”
“Conduta sexual inadequada é aquele que decorre da cultura que hoje é muito dominante, do descartável. A sexualidade correto é aquele que baseada na relação de afeto, ou se quiser, chamar de amor, um termo hoje tão desgastado, que assim seja. O outro é uma pessoa, a sexualidade não é exercida com um corpo e sim com uma pessoa.”
“Quando nos referimos ao Nirvana, ausência de ventos, a gente tende a comparar naquela cultura que nós fomos criados. Se nós fomos criados numa cultura judaico-cristão, então tem o paraíso. O lugar que não é aqui. Mas se não existe aqui, provavelmente não vá existir em lugar nenhum.”
“Nós vivemos hoje como seres humanos, de uma maneira geral, um crise sem precedentes de isolamento. A solidão em termos existenciais é muito produtiva. Já o isolamento como a pobreza é debilitante, eu não consigo estabelecer um vínculo, uma relação. Isso é desesperador. É desesperador para a estrutura do ego como tal e para a natureza humana que está muito além do ego.”
“Nós somos seres de relações. Nós nos construímos nas relações, nós nos nutrimos nas relações e nós geramos benefícios nas relações. A prova mais evidente disso é quando algo muito bom acontece. Esse algo muito bom quando acontece se torna muito melhor quando a gente partilha. Isso é a natureza essencial do ser humano. Quando partilhamos algo bom, o prazer aumenta.”
“Na pratica a gente sabe que uma alimentação vegetariana proporciona condições melhores para uma prática meditativa e para uma vida emocional mais estável. Mas isso não é uma regra. O vegetarianismo não torna ninguém melhor. Existem muitos vegetarianos que são insensíveis e muitos carnívoros que são compassivos. O importante é que cada um coma aquilo que precise e dignifique aquilo que está comendo. Que dignifique aquela vida que está nos dando o sustento e o sacrifício que foi feito, mesmo por uma cenoura, com ações virtuosas na vida.”
“Conforto é a parte da felicidade que nós podemos comprar. Mas, lamentavelmente, a partir de um determinado limite não tem mais como comprar, porque não tem mais como usufruir. Conforto se compra, felicidade se vivencia.”
“Felicidade é um estado subjacente que vai além da alegria e tristeza. É um estado da mente. Não tem como acumular felicidade.
“Sucesso é aquilo que eu obtenho e satisfaz os outros. Realização é aquilo que eu vivencio e que não tem nada a ver com a expectativa dos outros.”
“Se você é um budista, um muçulmano, um cristão, um judeu, um ateu, o ou que for, se preocupe mais em praticar o bem e não causar o mal, e ter uma mente pacífica. A forma é só uma forma. O mais importante é que sejamos seres humanos autênticos, inteiros e de relações positivos. O resto é apenas algo que facilita. São meios hábeis. O mais importante é que a vida tenha sentido.”

15 de setembro de 2010

Cassino abandonado

Apesar de termos um Superporto, um Pólo Naval, um Dique Seco, um dos maiores PIBs, Orçamentos e ICMS, a atenção à população rio-grandina continua precáriaUma desatenção enorme é dada aos bairros e vilas da cidade, que com suas ruas esburacadas ou com pavimentação insuportável, quando chove, viram um verdadeiro lodaçal.
O Cassino, lembrado e enaltecido no verão, convive ininterruptamente com esse caos. Atualmente, até a Avenida Rio Grande está esburacada e abandonada. Cheia de crateras e esgotos a céu aberto. Recentemente um Vereador desafiou as Autoridades Municipais a transitarem por meia hora nas ruas esburacadas do Cassino, com uma velocidade constante de 30 a 40 Km/hora, e chegarem ao destino com o automóvel inteiro. É um absurdo, porque não calçam mais umas 10 (dez) ruas (de ponta a ponta), em ambas as direções?
Mesmo com toda essa riqueza existente no município, as benfeitorias efetuadas são sempre acanhadas e singelas para o nosso potencial. São sempre soluções paliativas, na base do “quebra galho”. Tinha um Administrador no Cassino que fazia alguma coisa, ou pelo menos era interessado. O erro da população foi elegê-lo Vereador, pensando que resultaria em melhorias para o Cassino. 
O Balneário do Cassino precisa urgentemente de um administrador. De um Prefeito visionário, que “pense grande”. Que deixe um legado de transformações às futuras gerações. Com ruas calçadas e transitáveis, com obras urbanas (passarelas, túneis, pontes e viadutos), com mais saneamento, mais empregos, mais moradias, melhores escolas, mais hospitais, mais postos de saúde nos bairros (com médicos) e mais inclusão social. 

JC Coutinho

O mistério da consciência

Esteve em Porto Alegre, participando do Fronteiras do Pensamento, o cientista social e economista, Eduardo Giannetti, um dos economistas mais respeitados do Brasil. Seu tema, A Ilusão da Alma: A Dualidade entre Mente e Cérebro, ou, mais especificamente, a nossa consciência - seria ela controlada pela nossa mente ou pelo cérebro, à revelia de nossas próprias vontades?
Na entrevista concedida por telefone de São Paulo à RBS, antes do evento, Giannetti explica essas teorias e aponta que os avanços científicos na área só vêm a comprovar o quanto o homem sabe pouco sobre sua própria condição.
Agência RBS: Seu livro é uma ficção que fala sobre a dualidade entre mente e cérebro. A conferência desta segunda-feira vai aprofundar esse tema?
Eduardo Giannetti: Sim. Vou falar sobre as duas correntes filosóficas que definem essa dualidade. A primeira, o mentalismo, está afinada com a nossa psicologia intuitiva, com as crenças espontâneas que nós temos sobre como se dá essa relação. Sua idéia básica é de que a mente governa nossos pensamentos e nossas ações. Já a segunda, que vem se tornando cada vez mais plausível à medida que avançam os estudos no campo da neurociência, é o fisicalismo. Segundo ele, é o cérebro que domina completamente as nossas ações e os nossos sentimentos e que, por isso, nossas sensações de identidade e liberdade provavelmente são enganosas. No livro, o meu protagonista começa a estudar o assunto após ter um tumor cerebral. Quer dizer, ele entra num tema que preferiria não ter entrado. É convencido a entrar pela lógica e pelas evidências empíricas.
Agência RBS: O avanço da ciência comprova que o fisicalismo está certo, e o mentalismo, errado?
Giannetti: Esse assunto foi debatido durante 2,5 mil anos por filósofos e teólogos sem que houvesse qualquer tipo de base experimental ou de evidência empírica. De 20 ou 30 anos para cá, com o avanço da neurociência e de áreas afins, é que começam a surgir os primeiros resultados práticos sobre esse assunto. À luz desses resultados, o fisicalismo – que era defendido na Grécia por Demócrito; no Iluminismo, por La Mettrie; no século 19, por Thomas Huxley; no século 20, por uma série de cientistas – vem ganhando muito terreno. Vai se firmando, ao que parece, como “a verdade” no que diz respeito à relação entre cérebro e mente.
Agência RBS: O que, em síntese, constitui essa verdade?
Giannetti: A conclusão básica que tiro do estudo desse assunto é que nós, humanos, podemos estar radicalmente enganados sobre o tipo de ser que acreditamos ser. Assim como vemos com clareza que o homem pré-científico estava enganado sobre a natureza externa – o relâmpago, o arco-íris, as estrelas –, pode ser que estejamos igualmente enganados sobre a nossa natureza interna. Nosso desconhecimento sobre o bicho homem, digamos assim, ainda é muito profundo. As descobertas recentes vêm demonstrando a extensão do provável equívoco geral sobre quem somos e sobre o que nos faz agir como agimos. Nosso grau de desconhecimento sobre nós mesmos é absurdo. É comparável ao que achávamos ser o universo antes da descoberta de que a Terra não é quadrada. Deveríamos ter mais humildade ao falar sobre nós mesmos.
Agência RBS: Por que, ao escrever sobre esse tema, o senhor escolheu fazer ficção, algo que nunca havia feito, e não um ensaio?
Giannetti: Acho o tema fascinante. Para mim, é a grande fronteira do mundo científico. É nesse campo que me parece residir o grande enigma da condição humana no mundo natural. A opção pelo romance é porque, mais do que considerar verdades e falsidades sobre essas teorias, eu estava interessado em mostrar o que acontece com alguém que por algum motivo passa a acreditar nessa hipótese espantosa que é o fisicalismo.

Fronteiras do Pensamento - ZH 11/09/2010

1 de setembro de 2010

Por que alguns acham que dá para voltar da morte?

Não há motivo para imaginar que seja possível ver o outro lado e retornar. Seriam essas experiências só um defeito no cérebro?
por Texto Salvador Nogueira

Em situações potencialmente fatais, não são poucas as pessoas que, ao sobreviver, relatam experiências aparentemente sobrenaturais durante os momentos em que caminharam na tênue fronteira entre a vida e a morte. Em muitos casos, percebem-se saindo fora do próprio corpo e, em algumas situações, dizem inclusive ter visto uma luz forte, chamando-as para si.
O que é isso? Não há dúvida de que esses fenômenos acontecem, mas explicá-los é sempre mais difícil. Durante muito tempo, essas experiências foram interpretadas como evidência incontestável de que existe uma “vida após a morte”. Isso encorajou cientistas a buscar sinais concretos da presença de uma alma que habita o corpo enquanto ele está vivo.
Nenhum desses experimentos obteve resultados conclusivos. Em compensação, os pesquisadores que apostaram no fato de que as pessoas que experimentaram essas sensações de quase-morte foram enganadas pelo seu próprio cérebro têm colhido excelentes resultados.
Hoje, é possível até mesmo afirmar qual a região do cérebro que se responsabiliza por essa sensação. A chamada junção temporo-parietal é a área do córtex cerebral que está ligada à sensação do “eu” – na prática, ela ajuda a pessoa a se localizar no espaço, perceber onde estão as fronteiras de seu corpo e onde ela está se colocando no momento.
PAU NA MÁQUINA: Só que esse sistema às vezes pode dar pau. É o caso de um dos pacientes de Peter Brugger, que trabalha no Hospital da Universidade de Zurique, na Suíça. Vítima de epilepsia, ele experimentava regularmente a sensação de estar fora do corpo, e isso acontecia justamente na ativação de sua junção temporo-parietal, medida por ressonância magnética.
Esse mesmo sistema cerebral, quando dá defeito, pode produzir outros fenômenos aparentemente sobrenaturais, como a sensação de que existem almas penadas no ambiente, estranhamente presas à pessoa que consegue vê-las ou senti-las (são os chamados doppelgängers).
Foi o que o grupo de Olaf Blanke, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, também na Suíça, percebeu. Blanke estudou uma moça de 22 anos que também sofria de epilepsia. Ao ser estimulada eletricamente em sua junção temporo-parietal, a jovem passou a sentir a existência de “alguém” postado exatamente atrás dela. E, quanto maior o estímulo elétrico, maior a riqueza de detalhes com que a moça “percebia” seu doppelgänger, bem como a aflição ligada a isso.
Aparentemente, essas mesmas ilusões são disparadas numa situação de quase-morte – produzindo desde a sensação de sair do corpo até a presença de “fantasmas” (muitas vezes na forma de entes queridos), interpretados normalmente como pessoas que estão ali para facilitar a transição para o tal “outro lado”.
Se não é muito charmosa do ponto de vista religioso, essa explicação ajuda a mostrar como nosso cérebro ainda é um mistério em aberto, capaz de nos enganar com grande vivacidade de detalhes. E não dá por encerrada a questão. Afinal, saber que o cérebro é capaz de produzir essas ilusões não exclui a possibilidade de que exista algo além. “Eu de fato acredito que as experiência ligadas à ‘alma’ devam ser vistas como simples produtos do nosso cérebro”, diz Brugger. “Mas a verdade é que estamos bem longe de ter explicado todas as coisas.”
Junção Temporo-parietal: É a área do córtex cerebral que parece estar ligada à sensação do “eu”, tal como a percepção das fronteiras do próprio corpo.
Oito milhões de americanos relataram ter passado por uma experiência de quase-morte em algum momento de sua vida.
Virando gasparzinho: Quatro fenômenos comuns nas experiências de quase-morte
Quentinho: Como se estivesse de volta ao útero, o paciente parece sentir um calor reconfortante ao seu redor durante a experiência.
Peso-pluma: Uma espécie de “eu astral” da pessoa – uma réplica de seu corpo – consegue ver, de cima, todo o ambiente onde ela está.
Tudo Zen: Muitas pessoas relatam uma sensação sobrenatural de calma e paz envolvendo sua mente e corpo nesses momentos.
Iluminado: Surge diante do moribundo um túnel de luz que dá a impressão de conduzi-lo para fora do mundo, para um “lugar melhor”.
FONTE: Superinteressante nº 253a, junho/2008

Por que a vida surgiu no universo?

Acaso puro ou seleção natural cósmica? As idéias capazes de explicar por que estamos aqui ainda são chutes quase completos
por Texto Salvador Nogueira

Hoje em dia, a ciência se vangloria de saber, pelo menos em grandes pinceladas, como viemos parar aqui. Resumindo uma longa história, tudo começou com uma grande explosão que, 13,7 bilhões de anos atrás, deu origem ao Cosmos. Desse big-bang nasceram os elementos hidrogênio e hélio, que formaram as primeiras estrelas. Essas, por sua vez, produziram outros elementos, como carbono e oxigênio, indispensáveis para a formação de planetas como a Terra e pessoas como nós.
Em locais adequados (até agora só conhecemos com certeza um, o nosso próprio planeta), as moléculas formadas com os novos elementos foram adquirindo grau cada vez mais elevado de organização, gerando os primeiros seres vivos. Por seleção natural (a famosa “lei do mais apto”), essas criaturas foram evoluindo e, pelo menos em um lugar do Universo (possivelmente, em mais de um), desembocaram em seres inteligentes e capazes de deduzir toda essa história. Foi o que aconteceu aqui, nos últimos 4 bilhões de anos.
Bonito, né? Pena que essa historinha ainda esteja longe de realmente explicar a coisa toda. Isso porque todo mundo entende o que aconteceu para que o Universo acabasse produzindo vida, mas ninguém entende por que o Universo nasceu “configurado” para permitir todas essas maravilhas. Parece uma sorte tremendamente grande.
Aparentemente, nós só estamos aqui porque algumas regulagens específicas das leis da física – a intensidade da gravidade, ou o nível de atração entre elétrons e prótons, partículas que compõem os átomos – vieram “certinhas” para permitir a nossa existência. Quer exemplos? Se a gravidade fosse um pouco mais forte, as estrelas teriam vida muito curta e nunca haveria tempo hábil para a evolução das espécies; se fosse um pouco mais fraca, não seria capaz de agregar a massa em estrelas. E a atração mútua entre elétrons e prótons? Se fosse diferente do que é, não existiriam átomos estáveis.
CERTINHO DEMAIS: São parâmetros que, devidamente ajustados, tornaram o Universo um lugar habitável. A pergunta que não quer calar: quem ou o que fez essa “tunagem”, ou “regulagem” do Cosmos, lá no começo de todas as coisas?
Nem é preciso mencionar quem os religiosos acham que fez isso, certo? Acontece que os cientistas não seguem a mesma cartilha e, por isso, passam um aperto para explicar o mistério. A coisa anda tão feia que boa parte deles, incluindo Martin Rees e Stephen Hawking, responde à pergunta descartando-a. É o princípio antrópico.
Para os defensores do princípio antrópico, o suposto mistério não passa de mera conseqüência de estarmos aqui. Quando alguém pergunta por que o Universo é tão bom para nós, eles respondem que essa pergunta só pode existir em universos que são bons para nós. Se o Cosmos fosse diferente, e a vida inteligente fosse impossível pelas leis da física, ninguém faria essa pergunta. Ou seja, o grande enigma é apenas um sintoma de um Universo como o nosso, mas nada que exija grandes explicações. E eles seguem a vida.
Há quem se sinta intelectualmente desonesto com uma explicação mequetrefe dessas e prefira sofisticar um pouco o argumento. Em apoio ao princípio antrópico, esses cientistas defendem que é possível que existam infinitos universos, cada um com sua afinação diferente. O nosso não teria nada de especial, seria apenas mais um de uma gama de universos totalmente desligados uns dos outros, componentes de um Multiverso.
Se, de um lado, essa hipótese elimina por completo o caráter especial do Cosmos em que vivemos, de outro ela é completamente metafísica – um outro tipo de roubalheira intelectual, em que se usa de hipóteses não verificáveis para solucionar (entre aspas) um problema apresentado pela configuração do Universo. A única forma de dar legitimidade à hipótese do Multiverso é criar uma teoria que seja verificável em nosso Universo e explique como todos esses cosmos separados poderiam surgir. Foi o que o físico americano Lee Smolin acredita ter obtido. Sua inspiração, acredite se quiser, é o naturalista britânico Charles Darwin. Imagine por um momento que o nosso Universo, aparentemente tão sintonizado para produzir criaturas como nós, na verdade esteja sintonizado para produzir o maior número possível de buracos negros. Sim, buracos negros.
REPRODUÇÃO CÓSMICA: Smolin aponta, em seu livro A Vida do Cosmos, que existe grande coincidência entre as “necessidades” que tem um Universo para produzir muitos buracos negros (ou seja, estrelas muito grandes, que implodem de forma tão violenta que nada consegue escapar de seu interior, nem mesmo a luz) e as “necessidades” ligadas a produzir pessoas – como o surgimento de elementos químicos mais pesados, por exemplo.Agora vá um pouco mais longe e imagine que cada buraco negro (definido, pela Teoria da Relatividade Geral, como um literal rombo no tecido do espaço-tempo) pode dar origem a um outro Universo, independente do que o gerou. E o toque final: imagine que esses universos-bebês, de alguma maneira, carregam o “DNA” (ou seja, a regulagem) dos universos que os geraram, apenas um pouco modificados.
Pronto, está armado o circo para o surgimento de um Multiverso governado pela seleção natural – ou melhor, pela “seleção cosmológica natural”, como coloca Lee Smolin.
Assim como seres vivos que se reproduzem com mais eficiência conservam suas características ao longo dos tempos, universos mais capazes de se multiplicar teriam o mesmo efeito. Logo, em pouco tempo, os universos com o potencial para criar mais buracos negros – e, coincidentemente, pessoas – estariam em número muito maior que os que têm poucos “filhos”. Resultado: torna-se, de súbito, muito mais provável que estejamos em um Universo como o nosso, em vez de em qualquer outro menos prolífico, digamos.
E como testar a idéia? Smolin dá uma série de sugestões, tanto teóricas quanto práticas. Na teoria, é possível simplesmente manipular a “tunagem” do Universo nas equações e tentar produzir um Cosmos hipotético mais propenso a formar buracos negros que o nosso. Se conseguíssemos, a hipótese de Smolin sairia enfraquecida. Mas ninguém conseguiu fazer isso ainda.
Na prática, é possível investir em detectores de ondas gravitacionais capazes de estudar os ecos do próprio big-bang, na esperança de encontrar neles sinais do que pode ter existido antes (quiçá um buraco negro em outro universo?) e de como o suposto “DNA” de universos pode ter sido transmitido, com poucas alterações, de um universo a outro durante trilhões de anos.
Fácil falar, mas difícil fazer. Até hoje, a despeito das tentativas, ninguém conseguiu detectar uma onda gravitacional, por mais que tentasse. Mas detectores têm sido construídos no mundo todo – inclusive no Brasil. O que faz crer que talvez a resposta ao maior dos enigmas da ciência possa ser encontrada algum dia. Ou não.
FÓRMULA VITAL: Temos uma idéia razoavelmente boa da receita para o surgimento de seres vivos como os terrestres Universo afora. O carbono (C) é importante por sua versatilidade química, assim como o nitrogênio (N). O oxigênio (O) produz energia de forma insuperável, e a água é o meio ideal para o metabolismo celular.
Desde os primórdios até hoje em dia
Confira os principais passos da evolução cósmica que culminou com a vida por aqui
Big-bang: As teorias atuais falam do big-bang como um ponto de singularidade – ou seja, um momento em que as leis da física são tão violentadas pelo calor e pressão que deixam de valer. Por isso, é dificílimo estudar a grande explosão.
Primeiras estrelas: Cerca de 400 milhões de anos após o big-bang, a ação da gravidade começa a juntar grandes massas do elemento químico hidrogênio para formar estrelas. A fusão nuclear no interior desses astros produz novos elementos.
Primeiras galáxias: Não se sabe ao certo como as estrelas primordiais se juntaram em estruturas de maior escala, as galáxias. Esses conjuntos, contudo, dão início a uma espécie de ambiente estelar, no qual energia e matéria circulam sem parar.
Vida na Terra: Os primeiros indícios de seres vivos por aqui são minerais modificados pela ação de micróbios há uns 4 bilhões de anos. A vida complexa tem só um quarto dessa idade, tendo aparecido entre 1 bilhão e 600 milhões de anos atrás.
FONTE: Superinteressante nº 253a, junho/2008

Por que temos fé?

Para sobreviver, precisamos obter informações realistas e confiáveis sobre o mundo e não aceitar nada sem provas. Então, de que serve crer?
por Reinaldo José Lopes

Nosso cérebro e nossos órgãos dos sentidos estão maravilhosamente adaptados para extrair informações do mundo, mas há ocasiões em que esses dados objetivos são simplesmente ignorados. Por alguma razão, estamos dispostos a acreditar em seres sobrenaturais que não podemos ver ou tocar; sentimos que a morte não é o fim e que, de certo modo, as pessoas amadas que passaram por ela ainda pensam em nós. É o mistério que deu origem à fé em geral e a todas as reli-giões do mundo. Sozinha, a ciência não tem como provar ou desmentir essa intuição. O que ela pode fazer é tentar entender por que a fé humana surgiu. Hoje, existem duas grandes propostas para explicar o fenômeno. Entenda abaixo os pontos fortes e fracos de cada uma delas.
VANTAGEM ADAPTATIVA: Biólogos como o americano David Sloan Wilson apostam que a fé religiosa pode trazer benefícios diretos a quem a tem. O principal benefício seria aumentar as chances de sobrevivência e reprodução dos indivíduos com fé em detrimento dos indivíduos sem fé. Ou seja, quem é capaz de acreditar sairia ganhando na seleção natural, de forma que, ao longo de milhares de anos, a capacidade para a crença no sobrenatural se espalharia por boa parte da população.
As vantagens potenciais são muitas. Do ponto de vista do indivíduo, a fé poderia ser um recurso interessante diante de uma doença ou um ferimento grave, digamos. Afinal, acreditar que a cura é possível ajuda um bocado na recuperação em quase todos os problemas de saúde. Práticas como a adivinhação feita por sacerdotes, após consulta aos deuses, ajudaria o grupo a não ficar paralisado e indeciso diante de uma crise muito complicada. Além disso, não é à toa que, ao longo da história, quase todos os exércitos partiam para a guerra depois de pedir a proteção divina. Acreditar que forças sobrenaturais estão do seu lado deu coragem e coesão a guerreiros em todas as culturas e em todos os tempos. Quem não tivesse esse poderoso reforço moral combatendo junto corria um risco maior de ser derrotado ou de desistir da batalha antes mesmo de ela começar.
O problema com essa visão é que ela é controversa para os próprios biólogos. Ela pressupõe que, de alguma forma, a seleção natural age sobre grupos inteiros de pessoas, embora o consenso a-tual seja que tal mecanismo promove apenas indivíduos, que sempre estão competindo com outros indivíduos – mesmo que eles sejam seus aliados.
EFEITO COLATERAL: Também pode ser que acreditar no invisível seja só um subproduto relativamente inútil da própria organização da nossa mente. Um dos principais defensores da idéia é Justin Barrett, psicólogo da Universidade de Oxford que propôs o conceito de HADD (sigla inglesa de “aparelho hiperativo de detecção de agente”). A idéia básica por trás do termo é que nossa cabeça está adaptada para detectar “agentes” – outros seres do mundo lá fora que, como nós, têm interesses e desejos.
Essa capacidade é essencial para encontrar entidades que todos desejamos, como presas ou parceiros, ou para fugir de seres que nos põem em risco, como predadores e competidores. E também é importantíssima para a vida social: sem ela, não conseguiríamos imaginar o que uma pessoa está pensando e, se for o caso, antecipar as ações dela. O problema é que, para não deixar passar sinais potencialmente importantes de “agentes” externos, esse detector precisaria ser regulado no máximo – daí a qualificação de “hiperativo” dada a ele.
Dessa forma, estaríamos fadados a enxergar pensamentos, desejos e vontades em coisas como um computador, um carro – ou a chuva, ou o Sol. Não é difícil imaginar como isso poderia levar à crença em entidades sobrenaturais por trás desses fenômenos, ou na sobrevivência do espírito de uma pessoa após a morte. Outro elemento, nesse caso, seria a incapacidade de conceber a nossa própria não-existência – logo, algo “teria” de sobrar depois da morte. Desse ponto de vista, nosso cérebro dificilmente funcionaria direito sem a presença desse efeito colateral quase fantasmagórico.
15% da população mundial se declarou “não religiosa” numa pesquisa recente. Mais de 50% diz acreditar num só Deus.
FONTE: Superinteressante nº 253a, junho/2008

30 de julho de 2010

O calcanhar de aquiles


De todas os problemas enfrentados pela Prefeitura de Rio Grande, o trânsito parece ser “o calcanhar de aquiles”. No entanto, é um obstáculo que ela não pode se esquivar. Se na Saúde, Educação e Segurança, ela diz que a responsabilidade é, igualmente, do Governo Federal e/ou Estadual, no trânsito não tem desculpas. O trânsito em Rio Grande, combinado com as precárias vias de tráfego do município, tem gerado descontentamento à população. Passado o período do “milagre rio-grandino” – do asfaltamento e ajardinamento das ruas, parece que se esqueceram do bem-estar da população. Apesar de termos um Superporto, um Pólo Naval, um Dique Seco, um dos maiores PIBs do estado, um dos maiores Orçamentos do estado, um dos maiores ICMS do estado e uma das maiores arrecadações federais, de nada adianta tudo isso, se não melhorarmos a qualidade de vida da população, com mais empregos, mais habitações, melhores escolas, mais hospitais, melhores salários e mais inclusão social

O que vemos são reclamações a todo o momento (o povo está insatisfeito): do estacionamento rotativo, do transporte integrado, dos ônibus, dos acidentes de trânsito, dos esgotos a céu aberto, do atendimento na saúde, da violência, da falta de moradias, do calçamento precário e do recolhimento de lixo. Uma atenção especial merece os bairros e vilas da cidade, que com suas ruas intransitáveis, quando chove, é um verdadeiro lamaçal. O Cassino, lembrado e enaltecido no verão, tem convivido ininterruptamente com esse caos. As ruas esburacadas, sem pavimentação, com a chuva, viram uma verdadeira “estrada do inferno”. Recentemente um Vereador desafiou as Autoridades Municipais a transitarem por meia hora nas ruas esburacadas do Cassino, com uma velocidade constante de 30 a 40 Km/hora, e chegarem ao destino com o automóvel inteiro. É um absurdo, porque não calçam mais umas 10 (dez) ruas (de ponta a ponta), em ambas as direções? 


Apesar de muitas coisas boas já terem sido efetuadas, são sempre acanhadas e singelas para o potencial do município. São sempre soluções paliativas, na base do “quebra galho”. E olha que não temos, a exemplo de muitas cidades da serra, com bem menos recursos, grandes obras urbanas, passarelas, túneis, pontes, viadutos, calçamento/esfaltamento e saneamento em toda a cidade. A solução definitiva, a longo prazo, a exemplo do que outras cidades fizeram, é a construção de um novo centro da cidade (novo bairro), arquitetado com projetos urbanos que levem em consideração o futuro crescimento da região. Um novo centro da cidade, com menos poluição, com projetos socioeconômicos, urbanísticos, culturais e ambientais, que tragam mobilidade urbana e conforto para a população. Para isso, precisamos de um Prefeito visionário, que pense no presente e no futuro. Que deixe um legado de transformações às futuras gerações.

5 de julho de 2010

Futilidades (não tão fúteis)

SEXO DO BEBÊ: Num estudo empírico, que ainda não se obteve uma explicação racional, constata-se que toda a vez que um casal possuir as duas primeiras crianças do mesmo sexo, a terceira, quase com certeza, nascerá com o mesmo sexo. Assim, para os mesmos pais, se o primeiro e o segundo nascerem meninas (ou meninos), a terceira criança provavelmente nascerá menina (ou menino). Não existe uma explicação lógica. A única anotação que se pode fazer é de um provérbio árabe que diz: “Tudo o que acontece uma vez pode nunca mais acontecer, mas tudo o que acontece duas vezes, acontecerá certamente uma terceira”
MAIOR PAIXÃO: Entre as paixões humanas, o futebol é seguramente a maior de todas. É mais vigorosa que a paixão erótica, religiosa, política ou matrimonial. É uma força capaz de superar limitações biológicas e, até mesmo, de suplantar as barreiras da conduta humana. Há pessoas que mudam de religião; de partidos políticos; de parceiros ou de casamento. Há até alguns que mudam de sexo ou opção sexual. Mas praticamente inexistem os que trocam de clube de futebol. Um gremista jamais se converterá em colorado. Um colorado jamais se tornará gremista. A idolatria ao futebol é a mais irracional de todas as paixões. Enquanto as religiões prometem a vida eterna e os políticos o bem-estar da população, o futebol promete, como numa guerra, a vitória sobre os adversários. E o prazer não é simplesmente vencer, é também poder ver os adversários sofrerem.
QUANDO TROCAR DE CARRO: Carro não é investimento (é custo). Em decorrência da depreciação/desvalorização, pode valer a pena usar o carro por quatro, cinco ou mesmo seis anos. Como a perda de ano para ano é cada vez menor, manter o automóvel usado significa um gasto a menos que facilitará em muito a próxima troca. Em geral, o carro sofre maior desvalorização, entre 20% e 30%, no primeiro ano. Um fator que influencia essa queda abrupta é o lançamento de modelos novos, com preços mais altos. A desvalorização se reduz e praticamente se estabiliza a partir do quarto ano, com um índice anual inferior a 10%. Outro fator importante é que a cada troca o revendedor valoriza o carro que ele está vendendo e deprecia o que está comprando de você (ganha na venda e na compra). Assim, quanto mais trocas, maior o prejuízo.
EXEMPLO 1 - GOL CITY (TREND) 1.0 MI (base tabela FIPE)
a) gastos com a troca no 6º ano = R$ 59.865,00
b) gastos com troca de ano em ano = R$ 90.675,00
EXEMPLO 2 - MEGANE EXPRESSION HI-FLEX 1.6 (base tabela FIPE)
a) gastos com a troca no 6º ano = R$ 112.361,00
b) gastos com a troca de ano em ano = R$ 170.925,00
*foram considerados: taxas, seguros, manutenção, desvalorização, licenciamentos e IPVAs.

17 de junho de 2010

Por dentro das vidas passadas

A terapia de vidas passadas foi utilizada inicialmente para descobrir, por meio da hipnose, os possíveis traumas psíquicos sofridos no passado, tanto na infância como em pressupostas vidas passadas. O objetivo de tal terapia era levar o paciente a reviver esses traumas. Devemos esclarecer que a psicoterapia clinica atual não aceita mais esse método de trabalho. Essa é a razão pela qual a terapia de vidas passadas está sendo rejeitada pelos representantes da psicoterapia científica.
As afirmações são em grande parte apriorísticas, baseadas num tipo de crença totalmente superficial em relação a fenômenos claramente fora do quadro daquilo que podemos considerar verdadeiro. São provas circulares que supõem aquilo que querer provar.
Os adeptos da reencarnação, no entanto, insistem na eficiência de seus métodos. Constatamos, além disso, que cada vez o grande público está assimilando esse método como aquele que é, por excelência, capaz de investigar e fazer descobertas sobre suas vidas anteriores. A conseqüência de tudo isso é que hoje há milhares de pessoas que se querem submeter a uma “regressão”, não por razões terapêuticas, mas por curiosidade. Todos esses candidatos querem no fundo confirmar por meio de suas experiências aquilo em que já acreditam em maior ou menor escala: a reencarnação.
A fé na doutrina age de modo como uma forte predisposição a receber sugestões do terapeuta. Tais sugestões podem ser feitas por métodos tanto hipnóticos como não-hipnóticos – o resultado é o mesmo. O paciente deixa-se conduzir pelas orientações do terapeuta de tal maneira que começa a fazer associações livres. Essas associações são dirigidas cada vez mais na direção de uma regressão antes do nascimento. Passo a passo, o terapeuta pede ou exige recordações pré-natais, e o paciente, em estado de transe ou pré-transe, deixa-se conduzir pelas sugestões e, de fato, chega a tais recordações, descobrindo lembranças até então esquecidas, bem como experiências feitas em outras vidas. Por meio dessas associações finalmente o paciente descreve experiências vividas. Com isso teríamos a prova da existência de vidas passadas e conseqüentemente a prova de que a reencarnação existe. A terapia de vidas passadas torna-se assim, para muitos, o argumento mais convincente para provar a reencarnação.
O pesquisador Ian Stevenson, adepto a priori da reencarnação, reconhece, depois da análise minuciosa de muitos casos de regressão, que a maioria das recordações apresentadas em tais processos não são reais, mas produto da fantasia. 
As recordações extraordinárias não passam do resultado da situação específica vivenciada pela pessoa sob efeito de sugestão, o que faz entrar em transe ou pré-transe. Por meio de técnicas específicas, o terapeuta a conduz pelos caminhos da sugestão e do reforço sugestivo. Ele determina as regras e dirige as associações, exercendo um domínio que se torna tão mais decisivo quanto mais o paciente se sentir inseguro. E, por se sentir inseguro, busca segurança no terapeuta. A aceitação daquilo que lhe está sendo sugerido não passa mais por um processo crítico de reflexão. Trata-se muito mais da expressão de algo resultante de um laço emocional dentro do qual o terapeuta é aceito como guru e mestre.
Quando o paciente se sente seguro, entra numa espécie de conflito por não ser sugestionado pelo terapeuta. Ainda que ele queira responder ao que o mestre dele deseja, não pode, porque não há recordação nenhuma de vida passada. O mestre, porém, insiste em que ele busque tal recordação. È nessa situação que o paciente desenvolve aquele tipo de atitude que na psicologia conhecemos sob o nome de confabulação ou fabulação. 
O manual de psiquiatria de Antoine Porot define o termo fabulação da seguinte maneira: Nome dado a fatos imaginários que se apresentam na forma de relato mais ou menos coordenados em torno de um tema principal, resultante de uma “compensação imaginativa” de complexos de inferioridade ou fracassos afetivos, seguidos de rejeição. Constrói-se um enredo que, mais tarde, conforme a complexidade espiritual e as tendências da pessoa, pode produzir estados delirantes ou imaginários.
Mediante tal fabulação, o paciente, sob sugestão de que está regredindo a vidas passadas, substitui a sua falta de experiência real de vidas passadas pelo produto de sua imaginação. Faz parte do fenômeno da fabulação que a pessoa que o produz comece a acreditar naquilo que fantasiou, defendendo suas convicções de maneira tão convincente que em outras situações chegam a levar a erros judiciários. 
No fundo, porém, é a correlação entre o paciente e o seu “terapeuta” que determina a construção da fabulação. Baseada em alguns elementos típicos da situação, o terapeuta induz o paciente a fazer associações, sugerindo que tais elementos têm um significado especial. O paciente aceita a sugestão, reforçada e recompensada pelo terapeuta, de modo que se desenvolve todo um esquema de sugestão e auto-sugestão capaz de convencer o paciente, o terapeuta e todos os que acreditam na teoria a aceitá-la como verdade inquestionável.
Hansjörg Hemminger, depois de analisar os mecanismos de transe e sugestão aplicados nas terapias de regressão, assim como os seus resultados, chega à seguinte conclusão sobre a veracidade dos relatos sobre vidas passadas: Em geral faltam casos documentados de maneira convincente. Muitos dos detalhes (em geral históricos) são impressionantes e até coerentes, mas não é possível prová-los. Muitos são claramente improváveis; outros, embora pareçam prováveis, são falsos. O leitor e observador sem preconceitos chegará à conclusão de que as supostas recordações de reencarnações refletem em geral todo o imaginário que povoa a mente do cidadão comum. 
Wisendanger, psicólogo que pesquisou de maneira profunda e científica a terapia da reencarnação, resume a questão da seguinte maneira: Disparidades e contradições evidentes, erros fáceis de serem demonstrados representam a regra, e não a exceção, até mesmo em regressões aparentemente bem-sucedidas. Ocorre que vários clientes se vêem identificados com a mesma figura histórica; também ocorreu de um regredido descobrir em sessões distintas várias vidas distintas, vividas na mesma época; outras vezes ocorre de alguém identificar o seu eu com uma pessoa ainda viva; são relatados fatos sobre descobertas técnicas que ainda não existiam na época que o acontecimento se situa. Há pessoas regredidas que contradizem fatos históricos conhecidos, mencionam lugares, países e pessoas fictícias e produzem de maneira convincente dados históricos falsos. Entre dúzias de volumosos relatos editados por terapeutas reencarnacionistas há três décadas, não conheço nenhum que admitiria tais problemas nem numa nota ao pé de página.
Não há dúvida de que, por meio das propaladas terapias de vidas passadas, é também possível descobrir fatos verdadeiros sobre os quais a pessoa hipnotizada não podia saber.
Harald Wiesendanger menciona que numa regressão em vidas passadas com centenas de crianças e adultos, 40% dessas, apresentavam lembranças reencarnacionistas de vidas passadas. Pesquisando essas lembranças de maneira crítica com a ajuda da hipnose, ele descobriu o seguinte: Com habilidade, muitos dos “regredidos” tinham reunido fragmentos de informações procedentes de livros, filmes e acontecimentos de sua vida atual.
Baseado no livro “A morte em questão” de Renold J. Blank.