12 de janeiro de 2009

Justiça divina

Por que algumas pessoas nascem “bafejadas pela sorte” em tudo – na família, no trabalho, no dinheiro, na saúde (física e mental), no caráter – enquanto que outras, não obstante seu esforço e determinação, são infelizes e azaradas?

Por que algumas pessoas nascem com a saúde perfeita – enquanto que outras nascem deformadas, dementes, idiotas?

Por que algumas pessoas nascem para a bondade – enquanto que outras nascem para a maldade?

Toda vez que se levanta a questão do por que Deus permite essas coisas, as pessoas se socorrem da Justiça Divina e expressam o que pensam. É possível emitir fundamentalmente três explicações:

EXPLICAÇÃO CRISTÃ

“O sofrimento é um mistério. Temos de aceitá-lo em silêncio. Existem coisas além de nosso limitado do entendimento humano devemos conhecer esses limites e respeitá-los. Não queiramos ser espertos diante da realidade impenetrável da dor humana. Sofrer com quem sofre é a única maneira de tratar o sofrimento.”

“Muitos dizem que não sabemos o que mais nos convém de fato, que Deus tira o bem do mal e que uma pessoa com um defeito físico pode ser mais feliz que outra com um corpo perfeito.”

“Mais importante que a vida terrena, é a vida eterna. O grande e maior objetivo de Deus para os homens, nesta existência, é a concessão da vida eterna e a conseqüente preparação para o seu recebimento.”

“Bem-aventurados os que sofrem, porque serão consolados. Bem-aventurados os humilhados, pois eles herdarão o céu.”

EXPLICAÇÃO ESPÍRITA

“Cada existência é planejada, com antecedência, no Mundo Espiritual, antes da reencarnação. A duração da existência, saúde, doenças mais sérias, riqueza, pobreza fazem parte do planejamento. E todos os espíritos reencarnam com o objetivo de progredir, de só fazer o bem e de resgatar as dívidas contraídas em outras existências.”

“Aquilo que sofremos ou gozamos nesta vida independe nossas ações e de nossa vontade e está determinado por nossas culpas ou méritos em outras vidas.”

“A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são conseqüentes a uma falta, seja na vida atual, seja na vida espiritual, após a morte, ou ainda em nova existência corporal.”

“Todo sofrimento, doenças e desgraças em geral, são necessários e úteis para o nosso desenvolvimento espiritual.”

“Mais importante que o sofrimento do corpo é a pureza da alma. Vivemos num mundo onde todas as coisas são temporais, somente a alma é eterna.”

EXPLICAÇÃO RACIONAL

“As doenças, os defeitos congênitos, os acidente e a morte são coisas da Natureza. Deus nada tem a ver com isso. Existe o Universo com suas leis, e a Lei, é bom insistir, é totalmente indiferente à dor, ao sofrimento, à maldade, à bondade, à beleza, à feiúra ou a qualquer outra coisa que possamos valorizar. O Universo se baseia em leis naturais e, portanto, não pode conceber que exista um “ser” mudando as leis segundo caprichos de sua vontade.”

“As vezes herdamos de nossos pais certas características orgânicas que afetarão nossa vida, apenas isso.”

“Devemos procurar, em que pese parecer desconfortante, através dos meios naturais e não sobrenaturais, as causas de todos os “males”. Acidentes, infortúnios e defeitos físicos congênitos são coisas naturais.”

“O que somos e seremos, é determinado pelo nosso corpo (corpo sujeito às leis da física, da química, da biologia e da genètica), nossa família, nossa sociedade.”

“Não podemos negar também a existência de determinismos, tais como agir em determinada situação, pensar e sentir. Determinismos psicológicos, tais como memória, invenção, intuição e abstração. Determinismos culturais, tais como ao nascer, encontramos um mundo já construído, recebendo como herança, a moral, a religião, a organização social e política, a língua, enfim, os costumes que sem duvida moldam nossa forma de sentir e pensar.”

“Somos um misto de herança genética, bagagem psicológica adquirida ao longo da vida, experiências e formação. Somos comandados a todo instante por nossos instintos animais: fome, sede, frio, calor, sexo, medo, insegurança e, pela nossa permanente busca da felicidade.”

CONCLUSÃO

“Existe Justiça Divina, mas Deus não é culpado de nada”.

“Se a ciência não explica tudo, a religião não explica nada.”