5 de dezembro de 2011

A busca da felicidade

Felicidade é um truque. Um truque da natureza concebido ao longo de milhões de anos com uma só finalidade: enganar você. A lógica é a seguinte: quando fazemos algo que aumenta nossas chances de sobreviver ou de procriar, nos sentimos muito bem. Tão bem que vamos querer repetir a experiência muitas e muitas vezes. E essa nossa perseguição incessante de coisas que nos deixem felizes acaba aumentando as chances de transmitirmos nossos genes. “As leis que governam a felicidade não foram desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência dos nossos genes a longo prazo”, escreveu o escritor e psicólogo americano Robert Wright, num artigo para a revista americana Time.

A busca da felicidade é o combustível que move a humanidade – é ela que nos força a estudar, trabalhar, ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas. Mas tudo isso é ilusão. A cada vitória surge uma nova necessidade. Felicidade é uma cenoura pendurada numa vara de pescar amarrada no nosso corpo. Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar uma mordidinha. Mas a cenoura continua lá adiante, apetitosa, nos empurrando para a frente. Felicidade é um truque.
E temos levado esse truque muito a sério. Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação – as pessoas tristes são indesejadas, vistas como fracassadas completas. A doença do momento é a depressão. “A depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”, afirma o escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro A Euforia Perpétua. Muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar felicidade aos outros – e sofrendo por dentro por causa disso. Felicidade está virando um peso: uma fonte terrível de ansiedade.
Esse assunto sempre foi desprezado pelos cientistas. Mas, na última década, um número cada vez maior deles, alguns influenciados pelas idéias de religiosos e filósofos, tem se esforçado para decifrar os segredos da felicidade. A idéia é finalmente desmascarar esse truque da natureza. Entender o que nos torna mais ou menos felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita causa. Veja nas próximas páginas o que eles já descobriram.
TRÊS CAMINHOS
Um dos motivos pelos quais a felicidade é tão difícil de alcançar é que nem sabemos bem o que ela é (veja algumas tentativas de defini-la no quadro da página 52). Daí a importância das pesquisas do psicólogo americano Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia. Seligman concluiu que felicidade é na verdade a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado.
Prazer você sabe o que é. Trata-se daquela sensação que costuma tomar nossos corpos quando dançamos uma música boa, ouvimos uma piada engraçada, conversamos com um bom amigo, fazemos sexo ou comemos chocolate. Um jeito fácil de reconhecer se alguém está tendo prazer é procurar em seu rosto por um sorriso e por olhos brilhantes. Já engajamento é a profundidade de envolvimento entre a pessoa e sua vida. Um sujeito engajado é aquele que está absorvido pelo que faz, que participa ativamente da vida. E, finalmente, significado é a sensação de que nossa vida faz parte de algo maior.
A vantagem de dividir a felicidade em três é que assim fica mais fácil definirmos nossos objetivos. “Buscar a felicidade” é uma meta meio vaga, fica difícil até de saber por onde começar. Mas, se você se conscientizar de que basta juntar essas três coisas – prazer, engajamento e significado – para a felicidade vir de brinde, a tarefa torna-se menos penosa. Seligman acha que um dos maiores erros das sociedades ocidentais contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em apenas um dos três pilares, esquecendo os outros. E geralmente escolhemos justo o mais fraquinho deles: o prazer. “Engajamento e significado são muito mais importantes”, disse ele numa entrevista à Time. Como então alcançá-los? (Veja algumas dicas práticas para ser feliz, no quadro à direita.)
Comecemos pelo engajamento. Algumas pessoas são capazes de se engajar em tudo: entram de cabeça nos romances, doam-se ao trabalho, dão tudo de si a todo momento. Isso é raro e nem sempre é bom (inclusive porque gente engajada demais tende a negligenciar outros aspectos da vida, em especial o prazer). Ninguém precisa ir tão longe, mas o esforço de estar atento ao mundo, participando da vida, vale a pena.
Mihaly Csikszentmihalyi (pronuncie “txicsentmirrái”), pesquisador da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, estuda um fenômeno cerebral chamado “fluxo”, que ocorre quando o engajamento numa atividade torna-se tão intenso que dá aquela sensação boa de estar completamente absorto, a ponto de esquecer do mundo e perder a noção do tempo. Ou seja, é um estado de alegria quase perfeita. Esse fenômeno acontece com monges em estado de meditação, mas também em situações muito mais comuns, como ao tocar um instrumento, andar de bicicleta ou até mesmo ao consertar a estante da casa. Um outro pesquisador, o americano Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, observou em laboratório que as pessoas em estado de fluxo ativam uma região do cérebro chamada córtex pré-frontal esquerdo, o que pode ter uma série de efeitos no organismo, inclusive um melhor funcionamento do sistema imunológico. Ao longo de um estudo realizado na Holanda, pessoas que entraram em fluxo tiveram seu risco de morte reduzido em 50%, por reagirem melhor a doenças.
E como se entra no tal fluxo? Csikszentmihalyi afirma que o segredo é buscar atividades nas quais se possa usar todo o seu talento. Tem de ser um desafio não muito fácil a ponto de ser entediante, nem tão difícil que se torne frustrante. Procurar experiências desse tipo é recompensador e traz níveis bem altos de felicidade. Claro que infelizmente nem todo mundo tem a sorte de encontrar desafios assim no trabalho. Nesse caso, um hobby pode ajudar na busca por engajamento e por momentos de fluxo – pode tanto ser uma atividade manual ou intelectual quanto um esporte.
Quanto ao terceiro pilar da felicidade, o significado, o jeito tradicional de conquistá-lo é via religião. Há milênios, a humanidade encontra alento na crença de que cada um de nós faz parte de uma ordem maior. Pesquisas mostram que as pessoas religiosas consideram-se, na média, mais felizes que as não-religiosas – elas também têm menos depressão, menos ansiedade e suicidam-se menos. A crença de que Deus está nos observando, nas palavras do psicólogo e estudioso da religião Michael McCullough, da Universidade de Miami, é uma espécie de “equivalente em grande escala do pensamento ‘se eu não conseguir pagar o aluguel, meu pai vai ajudar’”. Ou seja, é um conforto, uma garantia de que, no final, as injustiças serão corrigidas e nossos esforços, reconhecidos.
Mas a religião não é a única forma de dar significado à vida. Um truque eficaz para ficar mais feliz é fazer o bem para os outros – visitar um orfanato, ajudar uma criança a fazer a lição de casa, dar um presente útil. E isso não é conversa mole. Seligman mediu em laboratório os efeitos do altruísmo e percebeu que um único ato de bondade pode melhorar efetivamente os níveis de felicidade de uma pessoa por até dois meses. Cinco atos de bondade por semana turbinaram sensivelmente o astral dos cobaias – e, quando todos os cinco foram realizados num mesmo dia, o benefício foi ainda maior. Também se alcança significado construindo algo que pode sobreviver a você. O exemplo clássico é criar filhos. Uma outra dica é acreditar que sua vida é importante para alguma grande causa: a história, a ciência, a justiça social, a democracia, a liberdade, o progresso, a natureza. Ou seja, é útil crer em algo, mesmo que não seja em Deus.
Para terminar, há uma regra da qual especialista nenhum discorda: ter amigos (e nem precisam ser muitos) ajuda a ser feliz. Amigos contam pontos nos três critérios: trazem, ao mesmo tempo, prazer, engajamento e significado para nossas vidas.
SER INFELIZ É PRECISO
Ok, já temos a receita da felicidade. Basta juntar prazer, engajamento e significado e nossa vida se resolve para sempre? Ah, se fosse assim tão simples. A felicidade, como não cansam de repetir os poetas e os chatos, é breve. Ainda bem. Felicidade, por definição, é um estado no qual não temos vontade de mudar nada. Ou seja, se passássemos tempo demais assim, nossas vidas estacionariam. A busca da felicidade é o que nos empurra para a frente – se agarramos a cenoura, paramos de correr e a brincadeira perde completamente a graça. Portanto, um pouco de ansiedade, de insatisfação, é perfeitamente saudável.
“Felicidade é projetada para evaporar”, escreveu Robert Wright. E, segundo ele, há uma razão evolutiva para isso também: “se a alegria que vem após o sexo não acabasse nunca, então os animais copulariam apenas uma vez na vida”. Mora aí um dos grandes problemas atuais. Muita gente acredita que é possível viver uma existência só de altos, sem nenhum ponto baixo, sem tristeza, sem sofrimento. E alguns estão dispostos a conseguir isso sem esforço algum, só à custa de antidepressivos.
Isso é conversa de cientista, mas alguns religiosos, em especial os budistas, já afirmam algo parecido há muito tempo. Um de seus preceitos básicos é o de que “a vida é sofrimento”. Coisa chata, né? Talvez, mas ter consciência de que o sofrimento é inevitável pode ajudar a trazer felicidade, e certamente diminui a ansiedade. O conselho do dalai-lama é que, quando as coisas estiverem mal, em vez de se entregar à infelicidade ou tentar apenas minimizar os sintomas, você respire fundo e tente descobrir o porquê da situação.
Segundo ele, grande parte da dor é criada por nós mesmos, pela nossa inabilidade de lidar com a tristeza e pela sensação de que somos obrigados a ser sempre felizes. Ao encarar o sofrimento de frente e identificar as suas causas reais, você estará dando um passo na direção do autoconhecimento, o que vai lhe permitir entender quais seus objetivos na vida, quais seus valores. Para usar a terminologia de Seligman, esse autoconhecimento dará a você mais clareza sobre que tipo de atividades lhe traz prazer, engajamento e significado. Ou seja, são esses momentos ruins que criarão condições para você correr atrás da sua própria realização – individual, pessoal e intransferível.
CADA UM É CADA UM
É aí que está o pulo-do-gato. Não existe uma fórmula da felicidade que funcione com todo mundo – é justamente nisso que os livros de auto-ajuda costumam falhar. Cada pessoa é diferente e reage à vida de modo diferente. Foi essa a conclusão do estudo realizado em 1996 pelo pesquisador David Lykken, da Universidade de Minnesota. Ele comparou dados sobre 4 000 pares de gêmeos idênticos e percebeu que, na maioria dos casos, quando um tem tendência a ver o mundo de modo otimista, o outro tem também – e quando um é pessimista o outro é igual. Ou seja, existe um forte componente genético na nossa tendência a ser feliz. Não que isso seja uma grande surpresa. Qualquer pai ou mãe sabe que algumas crianças nascem com vocação para o sorriso, enquanto outras são simplesmente muito mais difíceis de agradar.
Nas últimas décadas, apareceram muitas evidências de que nós tendemos a manter um “nível de felicidade” constante ao longo de nossas vidas – e nem mesmo grandes acontecimentos parecem capazes de alterar bruscamente esse nível. Um exemplo disso é a pesquisa conduzida pelo psicólogo Richard Lucas, da Universidade do Estado de Michigan, Estados Unidos. Lucas passou 15 anos entrevistando solteiros e casados na Alemanha e pedindo que eles dessem notas de 0 a 10 para seu estado de felicidade. Os solteiros tinham média 7,28. No momento em que eles casavam, o valor aumentava muito: para perto de 8,5. Mas dois anos depois a média já era de exatamente 7,28 outra vez. Ou seja, a longo prazo, o casamento parece não mudar – para melhor ou para pior – o nível de felicidade .
O mesmo vale para outros acontecimentos radicalmente transformadores – para o bem ou para o mal. Um estudo com ganhadores da loteria realizado em 1978 mostrou que esses felizardos têm picos de felicidade logo após o prêmio, mas tendem a voltar aos níveis anteriores alguns meses depois. Algo equivalente parece acontecer com pessoas que ficam paraplégicas em acidentes. Elas passam por um período de infelicidade, mas dois meses depois recuperam níveis quase tão altos quanto os anteriores ao acidente.
Esse acúmulo de dados levou alguns especialistas a afirmarem que a felicidade é algo imutável. Oito anos atrás, o pesquisador Lykken criou polêmica ao afirmar publicamente que “parece que tentar se tornar mais feliz é tão fútil quanto tentar se tornar mais alto”. Hoje até ele próprio reconhece que essa afirmação foi, no mínimo, exagerada. Parece que uma analogia melhor para a felicidade é compará-la com o peso. Cada um de nós tem um biotipo diferente – uma tendência para ser mais ou menos gordo. Mas é claro que os nossos hábitos e a nossa postura têm uma grande influência sobre o número que aparece na balança. É a mesma coisa com a felicidade: temos uma tendência natural para um certo nível. Mas fazer regime funciona.
UMA QUESTÃO DE DESEJO
Um exemplo do quanto podemos alterar nossa predisposição genética para a felicidade é a forma como lidamos com nossos desejos. Existem duas maneiras de alcançar a felicidade: possuindo mais ou desejando menos. Se a felicidade é a cenoura, a vara na qual ela está pendurada é o que chamamos de desejo. E estamos fazendo varas cada vez mais compridas.
Veja o caso dos países ricos. “Nos Estados Unidos e na Europa, há uma sensação de desapontamento, pois se está percebendo que existe um limite para a satisfação que a sociedade e os bens materiais trazem”, diz o economista e filósofo Eduardo Giannetti, autor do ótimo livro Felicidade. Nos Estados Unidos, desde a Segunda Guerra Mundial, todos os indicadores econômicos e sociais melhoraram sem parar. A renda triplicou, o tamanho das casas dobrou e o acesso aos bens materiais cresceu tanto, que hoje há mais carros nas garagens do que habitantes no país. Ainda assim, o índice nacional de felicidade não cresceu um milímetro sequer. O Centro de Pesquisas de Opinião Nacional dos Estados Unidos entrevista periodicamente os americanos desde os anos 50 – e o resultado é invariavelmente o mesmo (um terço deles se considera “muito feliz”).
Há uma razão para isso: os americanos querem cada vez mais. Seus desejos não páram de crescer. Ou seja, a cenoura está cada vez mais apetitosa, mas também mais distante. Demandas crescentes são a condição essencial para manter a economia funcionando. A lógica do capitalismo é criar necessidades, para então satisfazê-las – não por acaso, esse país de insatisfeitos é o mais rico do mundo. Precisamos das coisas a partir do momento em que elas estão disponíveis e isso vale tanto para produtos quando para idéias. Quando vemos pessoas lindas, maquiadas e malhadas nas capas das revistas, e aparelhos de som inacreditáveis nos anúncios, fica difícil nos satisfazer com nosso visual comum e com o walkman velho mas honesto. Acontece que a felicidade não está diretamente ligada aos bens materiais. Ed Diener, da Universidade de Illinois, estudioso do assunto há 25 anos, avaliou o nível de felicidade das 400 pessoas mais ricas do mundo segundo a revista Forbes, e concluiu que elas estão rigorosamente empatadas com os pastores maasai da África.
Para complicar, temos cada vez mais opções. Na época em que a prateleira da farmácia abrigava apenas xampu para cabelos secos, normais ou oleosos, era fácil escolher um e ir para casa tranqüilo. Mas, quando na sua frente se enfileiram xampus de todas as procedências e preços, para cabelos ondulados, escuros, danificados, mistos, com pontas duplas, tingidos ou fracos, você não tem mais tanta segurança de que sua escolha foi a melhor. O mesmo acontece na hora de comprar um carro, creme dental ou comida congelada. Ou no momento de escolher um namorado ou uma profissão. “Muita gente fica simplesmente paralisada com tantas opções”, diz o psicólogo americano Barry Schwartz em seu livro, The Paradox of Choice (“O Paradoxo da Escolha”, não lançado no Brasil). Está aí uma fonte de frustração e ansiedade.
Em 2000, Sheena Iyengar e Mark Lepper, das Universidades de Columbia e Stanford, montaram em uma loja dois estandes com amostras de geléia, um com 24 opções de sabor e outro com apenas seis. O número de clientes que comprou o produto foi dez vezes maior no estande menos variado, ainda que o outro tenha atraído 50% mais gente. Por que isso acontece? Schwartz sugere que nessas situações as pessoas avaliam intuitivamente os “custos de oportunidade”: uma escolha implica abrir mão de todas as outras opções. Quando há centenas de possibilidades, escolher uma só significa “perder” muito mais. E, no mundo de hoje, em que cada um tem acesso ao mundo inteiro pela internet e quase não há limites para os nossos desejos, parece inevitável ficar ansioso – e infeliz – com tudo isso.
Pesquisando o assunto, o psicólogo encontrou padrões de comportamento que permitem dividir as pessoas em dois grupos: as que procuram fazer escolhas apenas satisfatórias, sem tentar alcançar a perfeição, e as que não sossegam até que encontrem “a melhor opção de todas”. As pessoas do segundo grupo costumam fazer escolhas melhores, é claro. Mas as do primeiro ficam mais felizes com suas decisões. “A solução é diminuir o número de opções ou melhorar nossa maneira de fazer escolhas”, diz Schwartz.
Então tá. Mas será que sabemos fazer as melhores escolhas para nossa vida? Segundo os pesquisadores Daniel Gilbert, Tim Wilson, George Loewenstein e Daniel Kahneman, a resposta é não. Decisões são tomadas tendo como base nossa previsão de como cada opção vai afetar nossas vidas. Porém, segundo eles, temos uma dificuldade enorme para avaliar o quanto um acontecimento vai nos deixar felizes ou infelizes.
Nós superestimamos a intensidade e a duração das nossas reações emocionais, ao mesmo tempo que subestimamos nossa capacidade de adaptação. Lembra da história dos ganhadores da loteria e acidentados paraplégicos que logo voltam ao nível normal de felicidade? Pois então: somos capazes de nos acostumar com quase tudo. Damos importância demais a escolhas que não são tão definitivas assim e esquecemos que uma decisão “errada” não é o fim do mundo. É uma questão de colocar limites nos nossos desejos. Em outras palavras, ser feliz é muito mais simples do que se pensa.
SIMPLES? ENTÃO EXPLIQUE
Tem uma idéia central: não leve tudo tão a sério. “Leveza” é a palavra-chave. Não quer dizer que todos devamos instalar um sorriso permanente no rosto e começar a achar bom tudo o que acontece. Leveza significa entender que até as melhores sensações têm fim, assim como não há aborrecimento que dure para sempre. Não é para se tornar um bobo-alegre: às vezes as circunstâncias nos obrigam a reagir de jeito negativo, e isso não é necessariamente ruim.
Gianetti chama atenção para a diferença entre “ser feliz” e “estar feliz”. “Existem pessoas que levam uma vida cheia de momentos de prazer, mas que não têm um caminho ou um significado. No extremo contrário estão aqueles que abrem mão do ‘estar feliz’ por só pensar no futuro e viver com prudência demais”. Talvez o melhor caminho esteja entre esses dois. Atingir esse equilíbrio não é moleza e infelizmente não há fórmula mágica nem manual completo. O lance é prestar atenção a si mesmo e ir mudando aos pouquinhos. “As transformações mentais demoram e não são fáceis. Demandam um esforço constante”, aconselha o dalai.
Felicidade não é um fim em si, e sim uma conseqüência do jeito que você leva a vida. As pessoas que procuram receitas e respostas complicadas para ela acabam perdendo de vista os pequenos prazeres e alegrias. É o dia-a-dia de uma pessoa e a maneira como ela reage às situações mais banais que definem seu nível de felicidade. Ou, para resumir tudo: um jeito garantido de ser feliz é se preocupando menos em ser feliz.

A RECEITA DA FELICIDADE
Esses métodos para se tornar mais feliz foram testados em laboratório. E funcionam
Prazer
• Permita-se ter experiências sensorialmente agradáveis de vez em quando. Não se trata só de emoções fortes. A maior parte dos prazeres é bem simples: conversar, ver uma paisagem bonita, comer algo gostoso.
• Tire “fotografias mentais” dos momentos agradáveis de sua vida – repare nos detalhes, nas cores, nos cheiros. Nas horas difíceis, tente recordar-se de tudo.
• Tenha companhia. Quase todas as pessoas sentem-se mais felizes quando estão com outras pessoas. Claro que isso não significa evitar a solidão a qualquer custo, mas é importante ter amigos.
Engajamento
• Dedique-se a tudo que você faz, no trabalho ou fora. Lembre-se: a diferença entre um emprego chato e um emprego legal pode ser a sua postura. Se você se envolver mais, ele vai ficar mais divertido.
• Arrume uma atividade desafiadora, difícil, e esforce-se para se tornar cada vez melhor nela. Yoga, aeromodelismo, videogame, natação, flauta, mountain bike, culinária vegetariana, bateria. Há opções para todos os gostos.
• Exercite-se. Esporte praticado com freqüência aumenta a disposição para a vida e em geral nos deixa mais ligados no mundo e no nosso próprio corpo. Algumas pesquisas sugerem que dar risada é um ótimo exercício.
Significado
• Pesquisas mostram que escrever num diário as coisas pelas quais você é grato garante um aumento no nível de felicidade que dura seis semanas. Portanto, de tempos em tempos, lembre-se de agradecer.
• Faça atos de altruísmo ou bondade. Colabore com alguma instituição humanitária, ensine algo que você saiba (não interessa se as aulas são de alfabetização ou de guitarra), saia do seu caminho para ajudar alguém.
• Se tem alguém que foi importante na sua vida, ainda que num passado remoto, faça-o saber disso, de preferência com uma visita pessoal. Os cientistas dizem que essa “visita de gratidão” pode valer um mês de felicidade.

A RECEITA DA INFELICIDADE
Se você quer mesmo ser feliz, precisa se convencer de que nada disso é a solução
Dinheiro
• Ele só traz felicidade até o momento em que cobre as necessidades básicas. Depois disso, mais dinheiro não altera o nível de satisfação. E um foco exagerado em coisas materiais vai esvaziar sua vida de significado.
Casamento
• Condicionar a felicidade a fatores sobre os quais você não tem controle não pode dar certo. Além disso, um casamento não tem nada a ver com um estado perene de alegria. Ele tem altos e baixos como tudo na vida.
Futuro
• “Vou ser feliz quando eu terminar de pagar meu apartamento.” É importante ter metas, mas achar que a felicidade está no futuro só adia sua realização. Sem falar que, depois de quitar a dívida, é provável que você invente outra meta, ainda mais difícil.
Carro novo
• Nossa cultura consumista e a publicidade criam necessidades novas a cada minuto. Às vezes o carro antigo ainda funciona muito bem, mas você se convence de que não pode viver sem o modelo maior que foi lançado esse mês.
Beleza
• Mais um caso de expectativa irreal. Em primeiro lugar, porque é impossível ter um corpo e um rosto perfeitos. Em segundo, porque nada disso é garantia de felicidade. Pergunte à Gisele Bündchen se ela não sofre às vezes.
Status
• Priorizar símbolos de status indica uma preocupação maior com os outros do que com você mesmo. Uma cobertura de frente para a praia é boa por causa da vista maravilhosa, não porque vai deixar os amigos morrendo de inveja. 
por Barbara Axt (Super Interessante 05/2005)

28 de outubro de 2011

Ressentimento

Sentimento de indignação,
que nos deixa sem ação,
para promover o perdão,
daquele que é nosso irmão.

É uma zanga sem sentido,
que nos deixa aborrecido,
por imaginar um inimigo,
sem olhar o nosso umbigo.

Ele surge intrometido,
e não sendo suprimido,
com a falta do perdão,
só faz mal ao coração.

Existência em desalento,
indiferença e lamento,
a vida sem entendimento.

Se não for bem resolvido,
causa uma dor muito doída,
que na hora da partida,
já não pode ser banida.

18 de outubro de 2011

República de laBrancoc

Recebi esse notes há anos atrás e não sei a procedência. Já o publiquei anteriormente. Pesquisei na internet e não encontrei essa tal profecia. Talvez não tenha sido divulgada por causa de direitos autorais. Acho que se refere a Rio Grande e aos Brancos (Prefeitos). Fiquei abismado com essa profecia. Será que vamos passar por esses invernos todos? De qualquer maneira, os Brancos estão de parabéns..


Data: Wed, 6 Oct 2004 17:22:01 -0300
De: labrancoc
Responder para: labrancoc
Assunto: En:LaBrancoc
Para: coutinho
Data: Wed, 6 Oct 2004 17:03:52 -0300
Assunto: LaBrancoc

-- Mensagem original –


REPASSANDO...

Michel de Notredame (1503-1566) nasceu em Saint Rémy de Provence, na França, e é considerado um dos maiores profetas de todos os tempos. Conhecido pelo nome latino, Nostradamus, ainda garoto, aprendeu grego, latim e hebraico com seu avô materno. Quando estava em Marsellha, em 1534, conheceu a jovem Anne du LaBrancoc, uma jovem muito bonita, de linhagem nobre (LaBrancocs), por quem se apaixonou e entregou um manuscrito, enigmático, que foi encontrado nos subterrâneos do World Trade Center, numa caixa-preta. O manuscrito, em francês, diz:

et proche du troisième millénaire un monstre blanc émergera triomphant sur un comté au sud d'Hémisphère Du sud bonheur qui s'étend et abondance. Il apportera avec lui une légion de neptunian blanchâtre qui formera un grand empire. Il sera reconnu en répandant de l'or noir dans les routes publiques et il dominera pour presque vingt hivers suivis un manquer et effrayé de gens, avec une main dans le sceptre et un pied dans l'étoile. Un jeune lion avec un emblème dans la poitrine, dans un champ de la bagarre dans un duel mémorable, les hoste surpasseront. Dans l'arène d'or, quand battrel'arrogance et l'avidité, les gens qu'il libérera.”

“E PRÓXIMO DO TERCEIRO MILÊNIO UM LEVIATÃ BRANCO EMERGIRÁ TRIUNFANTE SOBRE UM CONDADO AO SUL DO HEMISFÉRIO SUL, ESPALHANDO FELICIDADE E FARTURA. TRARÁ COM ELE UMA LEGIÃO DE NETUNOS BRANCACENTOS QUE ESTABELECERÃO UM GRANDE IMPÉRIO. SERÁ RECONHECIDO POR DERRAMAR OURO NEGRO NAS VIAS PÚBLICAS E DOMINARÁ POR QUASE VINTE INVERNOS SEGUIDOS UM POVO CARENTE E ASSOMBRADO, COM UMA MÃO NO CETRO E UM PÉ NA ESTRELA. UM LEÃO JOVEM COM UMA INSÍGNIA NO PEITO, NUM CAMPO DE LUTA EM UM DUELO MEMORÁVEL, A HOSTE SOBREPUJARÁ. NA ARENA DE OURO, AO DERROTAR A ARROGÂNCIA E A COBIÇA, O POVO LIBERTARÁ.”

6 de junho de 2011

Tudo passa

A chuva que vai caindo,
a mãe ao filho assistindo,
o sol esplendoroso no céu,
o mendigo vagando ao léu.

Passam as enxurradas,
as pestes e as namoradas,
passam as dinastias,
os impérios e as tiranias.

Não importa o divertimento,
o riso e o contentamento,
não importa o ressentimento,
a dor e o entristecimento.

Não importa se foi ateu,
muçulmano ou judeu,
não importa se foi erudito,
ignorante ou maldito.

Não importa o acreditar,
sem ter como confirmar,
não importa o duvidar,
sem saber aonde chegar.

Não importa o que foi dito,
muitas preces e vários ritos,
não importa o livre-arbítrio,
muitas crenças e vários mitos.

Tudo passa,
só não passa o que aqui ficou,
a verdade que professou,
a bondade que derramou,
a saudade que aqui deixou.

Religião encolhe o cérebro

A pesquisa intitulada “Religious factors and hippocampal atrophy in late life” [Fatores religiosos e a atrofia do hipocampo na terceira idade], feita pelo Centro Médico da Universidade Duke (EUA) pode representar um importante avanço na compreensão da relação entre o cérebro e a religião. O estudo, publicado em março revela que pessoas que se identificam com determinados grupos religiosos apresentaram uma maior atrofia do hipocampo, algo comum em doenças como Alzheimer.

É um resultado surpreendente, considerando que muitos estudos anteriores mostraram que a religião tem efeitos benéficos sobre a função cerebral, em especial no que se relaciona com a ansiedade e a depressão. Muitos estudos sérios já avaliaram os efeitos de práticas religiosas como a meditação e a oração no cérebro humano.

Um número menor de estudos avaliou os efeitos da religião no cérebro a longo prazo. Esse tipo de está centrado nas diferenças do volume do cérebro ou da função cerebral nas pessoas fortemente envolvidas em práticas espirituais comparadas às que se definem como não religiosas. E um número ainda menor de estudos tem explora os efeitos das práticas de meditação ou outra atividade espiritual, avaliando indivíduos em dois momentos diferentes.

No estudo da Duke, publicado por Amy Owen, foi usada a ressonância magnética para medir o volume do hipocampo, parte do cérebro que está relacionado com a emoção e a formação da memória. Foram examinados 268 homens e mulheres, entre 58 e 84 anos. A ideia original era medir os resultados neurocognitivos da depressão em idosos, mas que também estava ligado às suas crenças religiosas. O estudo publicado pela professora Owen é o único que foca especificamente as pessoas religiosas em comparação com indivíduos não-religiosos. No artigo, mostra que existe uma diferença na estrutura cerebral das pessoas que se consideram cristãos “nascidos de novo” ou que tiveram alguma mudança de vida por causa da religião. Os resultados mostraram uma atrofia (encolhimento) significativamente maior entre os protestantes nascidos de novo e os católicos, em comparação com os protestantes nominais, que não se consideram “nascidos de novo”.

A hipótese levantada pelos estudiosos é que essa atrofia maior do hipocampo em determinados grupos religiosos podem estar relacionados com o estresse. Eles argumentam que alguns indivíduos da minoria religiosa, ou aqueles que lutam com suas crenças, registram níveis mais elevados de estresse. Isto provocaria uma liberação de hormônios ligados ao estresse que são conhecidos por diminuir o volume do hipocampo ao longo do tempo. Isto também poderia explicar porque os não-religiosos e algumas pessoas religiosas têm um hipocampo menor.

Existem estudos que mostram os efeitos negativos da religião e da espiritualidade na saúde mental. Há evidências que membros de grupos religiosos que são perseguidos ou que são minoria experimentam um maior estresse e uma ansiedade acentuada. Em alguns casos, uma pessoa pode entender que Deus a está punindo e, portanto, ter um aumento significativo de estresse causado por sua “luta religiosa”. Outros passam por conflitos internos por causa de idéias que contrariam sua tradição religiosa ou a de sua família. Um mudança radical no estilo de vida pode ser difícil para alguém incorporar ao seu sistema de crença religiosa vigente o que também pode gerar estresse e ansiedade. As transgressões religiosas (pecados) reconhecidamente podem causar angústia psicológica e emocional. Esta dor “religiosa” e “espiritual” pode ​​ser tão real quanto a dor física. E todos estes fenômenos podem ter efeitos potencialmente negativos sobre o cérebro.

Assim, Owen e seus colegas apresentam uma hipótese plausível, emb0ra reconheçam as limitações do seu estudo, como o tamanho pequeno da amostragem. Mais importante ainda, não conseguem determinar até onde os fatores que levam alguém a ter uma mudança de vida são importantes e não apenas a experiência em si. É possível também que as pessoas mais religiosas sofram de um estresse inerente, mas que sua religião as ajuda a se proteger.

Os autores do estudo advertem que não ainda há conhecimento suficiente e detalhado sobre a mecânica de como o estresse afeta a atrofia do cérebro. A religião é frequentemente citada como um mecanismo de enfrentamento importante para lidar com o estresse. Este novo estudo é intrigante e importante para esse campo de estudo, chamado neuroteologia, e pode colaborar para uma compreensão mais ampla de como a religião (ou a espiritualidade) gera mudanças no cérebro.

A doença chamada homen

Esta frase é de F. Nietzsche e quer dizer: o ser humano é um ser paradoxal, são e doente: nele vivem o santo e o assassino. Bioantropólogos, cosmólogos e outros afirmam: o ser humano é, ao mesmo tempo, sapiente e demente, anjo e demônio, dia-bólico e sim-bólico. Freud dirá que nele vigoram dois instintos básicos: um de vida que ama e enriquece a vida e outro de morte que busca a destruição e deseja matar. Importa enfatizar: nele coexistem simultaneamente as duas forças. Por isso, nossa existência não é simples mas complexa e dramática. Ora predomina a vontade de viver e então tudo irradia e cresce. Noutro momento, ganha a partida a vontade de matar e então irrompem crimes como aquele que ocorreu recentemente no Rio.

Podemos superar esta dilaceração no humano? Foi a pergunta que A. Einstein colocou numa carta de 30 de julho de 1932 a S. Freud: ”Existe a possibilidade de dirigir a evolução psíquica a ponto de tornar os seres humanos mais capazes de resistir à psicose do ódio e da destruição”? Freud respondeu realisticamente: ”Não existe a esperança de suprimir de modo direto a agressividade humana. O que podemos é percorrer vias indiretas, reforçando o princípio de vida (Eros) contra o princípio de morte (Thanatos). E termina com uma frase resignada: ”esfaimados pensamos no moinho que tão lentamente mói que poderemos morrer de fome antes de receber a farinha”. Será este o destino da espernaça?

Por que escrevo isso tudo? É em razão do tresloucado que no dia 5 abril numa escola de um bairro do Rio de Janeiro matou à bala 12 inocentes estudantes entre 13-15 anos e deixou 12 feridos. Já se fizeram um sem número de análises, foram sugeridas inúmeras medidas como a da restrição à venda de armas, de montar esquemas de segurança policial em cada escola e outras. Tudo isso tem seu sentido. Mas não se vai ao fundo da questão. A dimensão assassina, sejamos concretos e humildes, habita em cada um de nós. Temos instintos de agredir e de matar. É da condição humana, pouco importam as interpretações que lhe dermos. A sublimação e a negação desta anti-realidade não nos ajuda. Importa assumi-la e buscar formas de mantê-la sob controle e impedir que inunde a consciência, recalque o instinto de vida e assuma as rédeas da situação. Freud bem sugeria: tudo o que faz surgir laços emotivos entre os seres humanos, tudo o que civiliza, toda a educação, toda arte e toda competição pelo melhor, trabalha contra a agressão e a morte.

O crime perpretado na escola é horripilante. Nós cristãos conhecemos a matança dos inocentes ordenada por Herodes. De medo que Jesus, recém-nascido, mais tarde iria lhe arrebatar o poder, mandou matar todas as crianças nas redondezas de Belém. E os textos sagrados trazem expressões das mais comovedoras: ”Em Ramá se ouviu uma voz, muito choro e gemido: é Raquel que chora os filhos e não quer ser consolada porque os perdeu”(Mt 2,18). Algo parecido ocorreu com os familiares.

Esse fato criminoso não está isolado de nossa sociedade. Esta não tem violência. Pior. Está montada sobre estruturas permanentes de violênca. Aqui mais valem os privilégios que os direitos. Marcio Pochmann em seu Atlas Social do Brasil nos traz dados estarrecedores: 1% da população (cerca de 5 mil famílias) controlam 48% do PIB e 1% dos grandes proprietários detém 46% de todas as terras. Pode-se construir uma sociedade sem violência com estas relações injustas? Estes são aqueles que abominam falar de reforma agrária e de modificações no Código Florestal. Mais valem seus privilégios que os direitos da vida.

O fato é que em pessoas pertubadas psicologicamente, a dimensão de morte, por mil razões subjacentes, pode aflorar e dominar a personalidade. Não perde a razão. Usa-a a serviço de uma emoção distorcida. O fato mais trágico, estudado minuciosamente por Erich Fromm (Anatomia da destrutividade humana, 1975) foi o de Adolf Hittler. Desde jovem foi tomado pelo instinto de morte. No final da guerra, ao constatar a derrota, pede ao povo que destrua tudo, envene as águas, queime os solos, liquide os animais, derrube os monumentos, se mate como raça e destrua o mundo. Efetivamente ele se matou e todo os seus seguidores próximos. Era o império do princípio de morte.

Cabe a Deus julgar a subjetividade do assassino da escola de estudantes. A nós cabe condenar o que é objetivo, o crime de gravíssima perversidade e saber localizá-lo no âmbito da condição humana. E usar todas as estratégias positivas para enfrentar o Trabalho do Negativo e compeender os mecanismos que nos podem subjugar. Não conheço outra estratégia melhor do que buscar uma sociedade justa, na qual o direito, o respeito, a cooperação e a educacção e saúde para todos sejam garantidos. E o método nos foi apontado por Francisco de Assis em sua famosa oração: levar amor onde reinar o ódio, o perdão onde houver ofensa, a esperança onde grassar o desespero e a luz onde dominar as trevas. A vida cura a vida e o amor supera em nós o ódio que mata.

por Leonardo Boff

31 de maio de 2011

Vocábulos rio-grandinos

·         aprochegar = aproximar-se, chegar perto;
·         atucanado = atrapalhado, cheio de problemas;
·         auto = automóvel;
·         baita = grande, crescido;
·         bauru de chouriço = sanduíche com chouriço;
·         brigadiano = policial militar;
·         buchicho = confusão, tumulto;
·         cacetinho = pão francês;
·         cancheiro = pessoa que tem experiência e/ou habilidade em alguma coisa;
·         carpim = meia de homem;
·         chapa = radiografia ou dentadura;
·         chofer de praça = motorista de táxi;
·         chuva guasqueada = chuva fustigante tocada a vento;
·         cisco = lixo;
·         corpinho = sutiã;
·         cupincha = camarada, companheiro, amigo;
·         dá de fazê = dá para fazer;
·         encucado = cismado, desconfiado;
·         entrevero = mistura, desordem, confusão de pessoas, briga;
·         escangalhado = quebrado, arrebentado;
·         fogão = amante;
·         frescura = sem importância, exagero sem fundamento;
·         gazear = faltar, matar aula;
·         grilado = desconfiado com alguma coisa;
·         imagina! = não tem porque;
·         joia = elogio (legal, beleza);
·         lancheria = lanchonete;
·         logo = mais tarde;
·         lomba = ladeira;
·         melena = cabelo;
·         minuano = vento gelado vindo do Pólo Sul;
·         mota = motocicleta;
·         mulhé = esposa, mulher;
·         pandorga = papagaio, pipa;
·         patente = vaso sanitário;
·         parelho = liso, homogêneo;
·         pechada = batida, trombada (entre automóveis);
·         perda de tempo = desperdiçar o tempo com algo improdutivo;
·         pisado = machucado;
·         pedro e paulo = dupla de policiais militares;
·         peleia = briga;
·         pila = moeda (10 pila, 25 pila - usa-se sempre no singular);
·         prende-lhe ficha! = vai em frente;
·         quebra-molas = lombada;
·         quentaque = verdadeiro, verídico;
·         queque = bolo pequeno;
·         rebojo = contracorrente de vento, retorno do vento;
·         sestear = dormir depois do almoço;
·         talagaço = golpe;
·         tá safo = está resolvido, em ordem;
·         trava = freio, breque;
·         trocinho = mulher nova;
·         tu vê só = entendes (tu vê só como são as coisas);
·         vento encanado = corrente de ar, ar encanado;
·         veranear = passar o verão;
·         visse = viste+escutaste+entendeste (visse o que o presidente falou?);
·         vivente = criatura viva, pessoa, indivíduo;


EXPRESSÕES
·         agüentar o tirão = sustentar uma opinião;
·         andar pelas caronas = andar mal, estar em dificuldade;
·         arrastar a asa = enamorar-se;
·         botar os cachorros = falar mal de alguém;
·         chorar as pitangas = lamuriar-se;
·         dar com os burros n'água = dar-se mal, ser mal sucedido;
·         deitar nas cordas = fazer corpo mole;
·         de orelha em pé = atento, de sobreaviso;
·         de rédeas no chão = entregue, submisso, apaixonado;
·         de varde = de balde, em vão;
·         de vereda = imediatamente, já;
·         é tiro dado e bugio deitado = acertar de primeira; ter certeza do que faz;
·         entregar as fichas = ceder, concordar;
·         estar com o diabo no corpo = estar furioso, insuportável;
·         frio de renguear cusco = frio tão intenso que deixa o cachorro mancando;
·         índio velho = camarada;
·         ir às favas = mandar longe;
·         ir aos pés = fazer as necessidades no vaso sanitário;
·         dar uma de joão sem braço = se fazer de desentendido, fingido;
·         juntar os trapos = casar, viver junto;
·         lamber a cria = mimar o filho;
·         largar de mão = desistir, abandonar;
·         matar cachorro a grito = estar sem dinheiro, na miséria, viver com dificuldade;
·         meter a viola no saco = calar-se, desistir, acovardar-se;
·         morar para fora = morar no campo (fazenda, sítio ou vila pequena);
·         na ponta dos cascos = (estar) em posição excelente, pronto para atuar;
·         no mato sem cachorro = em dificuldade, em apuros;
·         olhar de cobra choca = olhar dissimulado;
·         se aprochegar = chegar mais próximo, se acomodar;
·         sentar o braço = surrar, espancar, esbofetetar, bater;
·         terneiro guacho = tomador de leite;
·         tomar uma camaçada de pau = apanhar;
·         tomar uma tunda de laço = apanhar;


INTERJEIÇÕES
·         bah! = nossa!
·         capaz? = é mesmo?, imagina!
·         que tri! = que legal!
·         = não é?