21 de maio de 2010

Mensagem do criador

Quem pensa que me conhece, não conhece nada de mim. Conhece o que idealizaram de mim, as imagens que construíram, ao longo do tempo, através de suas dúvidas e anseios. Criaram fábulas, mitos e religiões; administradores de consciências e de almas. Criaram deuses. São esses sagazes que formam os conceitos do bem e do mal, são eles que impõem seus anseios, suas idéias e seus pensamentos. São eles que articulam que existe uma alma que reencarna usando corpos distintos até chegar a uma vida perfeita. Quanta farsa, quanta hipocrisia. E vós que vos deixais enganar tão facilmente, talvez tenhais interesse em crer naquilo que vos dizem, não importando se é verdadeiro ou falso, não importando se é incoerente. Só vos importais em ser únicos, especiais e semelhantes a um criador. Só vos preocupais em alcançar a vida eterna, em ser um espírito de luz. 

Talvez a idéia de um ser superior vos agrade porque vos dá a sensação de que existe alguém controlando vosso mundo inconsciente e irracional, o que vos acalma e vos faz acreditar que existe uma finalidade mesmo que não entendais qual é. 

Muitos de vós imaginais que sou alguém, outros imaginam que sou algo. Muitos de vós imaginais que sou tudo, outros que sou nada. Quem está correto? Se não vos entendeis, não podereis achar respostas. O nada é tão incompreensível quanto o tudo. Se assumirdes que algo criou tudo, caireis em uma regressão infinita: quem criou o algo que criou o tudo? 

Como podereis entender o que existia antes de tudo existir? Se disserdes que nada existia antes de tudo, estareis assumindo a existência de nada, o que implicitamente assume a existência de um tudo que lhe é contrário. O Universo, admitindo que o criei, a questão que se levanta é, de que o criei? Certamente ele não foi feito do nada. Nada sendo considerado matéria prima é muito falho. Conclui-se que construí o Universo de mim mesmo, sendo eu a única existência. Ora, o Universo é material e, se ele foi feito por mim, eu tinha de ser material e, se ele foi feito de mim, eu tinha também de ser material. Um de vossos aforismos diz: o que fazia o criador antes de criar o Universo? Eu não sei, mas acho que a resposta pode ser dada por quem me criou. Todos me concebem como eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, justo e bom. Estão incorretos, apesar disso, sei que é difícil provar a existência ou inexistência de algo que inexiste, algo que só existe em vossas mentes, que foi imaginado, criado, de acordo com vossos anseios e descontentamentos. 

Dizeis que sou infinitamente inteligente. Se sou, então não penso. Pensamento é um processo pelo qual atingimos uma conclusão. Aquele que já sabe todas as conclusões, não pensa. Quando o conhecimento é perfeito não pode haver paixão, nem emoção. Dizeis que sou um infinitamente bondoso. No mundo há muito sofrimento; se eu, que poderia tirá-lo, não o tiro, onde fica minha bondade? Logo, eu não sou onipotente ou não sou bom. De qualquer modo, fico desacreditado. 

Dizeis que sou um ser pessoal. Um ser pessoal, de acordo com vossa crença, tem o livre-arbítrio, ou seja, o exercício livre e consciente da capacidade de discernir, escolher e julgar. Isso significa que antes de fazer uma escolha, deve haver um estado de incerteza durante o período de possibilidades: não pode saber o futuro. Se eu, como infinitamente inteligente, sei tudo, não pode existir um estado de incerteza. Isso significa que não tenho a liberdade de evitar as escolhas, portanto não possuo o livrearbítrio. Já que um ser que não possui o livre-arbítrio não é um ser pessoal, um ser pessoal que sabe tudo não pode existir. Com esses e tantos outros axiomas existentes, podeis perceber que não há saída para mim. Nem eu sei que sou! Se não tomo decisões, pois não penso, como fica minha justiça? Se não tenho sentimentos, pois sou perfeito, como fica a minha bondade? Se posso evitar injustiças, crueldades, calamidades, sofrimento e não evito, como fica a minha reputação. Assim, se não penso, se não tomo decisões, se sou indiferente ao amor ou ódio, se sou indiferente à justiça ou injustiça. Se sou essencialmente neutro, para que existo? 

Deus, dizia Albert Einstein, é a Lei. A Lei funciona automaticamente. Não tem nada a ver com um deus pessoal ou com um deus emocional, que se possa irritar. Na Lei não há amor nem ódio. Justiça ou injustiça. A Lei é essencialmente neutra. Quem se harmoniza com a Lei, goza, que se opõe à Lei, sofre. 

JC Coutinho

Um comentário:

Anônimo disse...

O proprio Senhor Jesus , disse certa vez, cfe num trecho da Biblia:"...
se vós não entendeis nem as cousas
terrestres, quanto mais as celestes?