15 de setembro de 2009

Para enxergar a luz

Dizem que a vida é bela,
Que é bênção e alegria,
Então porquê a guerra?
E a razão da hipocrisia?

Dizem que o homem é bom,
Que é sublime e caridoso,
Então onde está o dom?
Cadê o maravilhoso?

Dizem que tenho alma,
Em um corpo espiritual,
Por isso que sou a calma,
A espera de um ritual.

Dizem que tenho mente,
Em um corpo material,
Por isso que sou errante,
A espera de um funeral.

Dizem que tenho destino,
Quando chegar ao final,
Por isso tanto abismo,
A espera do factual.

Dizem que sou razão,
Sou incrédulo e bondoso,
Então porquê a religião,
Se sou crédulo e maldoso.

Dizem que sou ação,
Sou livre e pensador,
Então porquê a devoção,
Se sou servo e adorador.

Dizem que sou máquina,
Abundante de altruísmo,
Mas é somente máscara,
Camuflando o egoísmo.

Dizem que sou projeção,
Daquele que me criou,
Mas não acho explicação,
Para a fera que gerou.

Dizem que na amizade,
Enaltecemos as virtudes,
Depois vem a honestidade,
E revelamos as vicissitudes.

Dizem que ninguém morre,
Que morrer é como dormir,
Então porquê o socorre?
Porquê não deixá-lo ir?

Dizem que isso é chato,
Dizem que não seduz,
Daí despertar o facho,
Para enxergar a luz.

João Carlos Coutinho

Nenhum comentário: