22 de setembro de 2009

Livre para viver

“Quando me tornei convencido de que o Universo é natural, de que todos os deuses e fantasmas eram mitos, entraram na minha mente, na minha alma, em cada gota do meu sangue, o senso, o sentimento e a alegria da liberdade. Os muros da prisão racharam e caíram. As masmorras foram invadidas pela luz, e todas as travas, as algemas, as barreiras, viraram pó. Eu não era mais um servo ou um escravo. Não havia mais para mim nenhum mestre em todo este gigantesco mundo – nem mesmo no espaço infinito. Eu estava livre. Livre para pensar, para expressar meus pensamentos. Livre para viver meu próprio ideal. Livre para rejeitar toda e qualquer crença cruel e ignorante. Livre para rejeitar todos os “livros sagrados” que selvagens ignorantes produziram e todas as bárbaras lendas do passado. Livre de papas e padres. Livre do medo do sofrimento eterno. Livre dos monstros alados da noite. Livre de diabos, fantasmas e deuses. Pela primeira vez eu era livre. Não haviam lugares proibidos em qualquer recanto da mente. Não havia ar ou espaço em que a imaginação não pudesse atingir com suas asas coloridas. Nenhuma algema me prendendo. Nenhum chicote nas minhas costas. Nenhum fogo na minha carne. Nenhum mestre me encarando nem me ameaçando. Nada mais de seguir os passos dos outros. Nenhuma necessidade de me curvar, ajoelhar ou rastejar, ou expressar palavras mentirosas. Eu estava livre. Coloquei-me de pé, e, alegre e sem medo, encarei o mundo. Então, meu coração foi preenchido de gratidão, com a paixão por todos aqueles heróis, os pensadores, que deram suas vidas pela liberdade de cérebros, pela liberdade de trabalho e pensamento, por aqueles que tombaram nos campos cruéis da guerra, por aqueles que morreram nas masmorras, acorrentados, por aqueles que subiram orgulhosamente os degraus do patíbulo, aqueles cujos ossos foram esmagados, cujas carnes foram feridas e rasgadas, por aqueles consumidos pelo fogo, por todos os bravos, sábios e bons de todos os países, cujo saber e ações resultaram em liberdade para os filhos dos homens. Quando me dispus a segurar a tocha que eles acenderam e a ergui no alto, aquela chama pôde ainda iluminar a escuridão. ”

Robert Green Ingersoll (1833 - 1899), Livre-pensador Norte‑Americano

Um comentário:

Anônimo disse...

A pessoa se torna serva dela própria...!