3 de janeiro de 2011

Saudade

Lembrança suave e distante,
de coisas ou pessoas ausentes.
É como uma canção antiga,
de uma harmonia sentida,
que acalentou nossa vida,
nos seguindo na partida.

De difícil tradução,
e não tão fácil explicação,
causa uma forte emoção,
pela distância e pelo desejo,
de quem há muito não vejo.

Boas lembranças,
é nostalgia,
a vivência em sintonia.

A sensação que sobrou,
daquilo que foi bem feito,
daquilo que era para ser dito,
daquilo que era para ser feito.

Ela surge de mansinho,
e guardada com carinho,
faz bem ao coração.

Recordação que conforta,
da lembrança da querença,
trazendo a paz da presença.

Más lembranças,
é remorso,
a existência em destroço,

A emoção que faltou,
daquilo que foi mal feito,
daquilo que deixou de ser dito,
daquilo que deixou de ser feito.

Ele surge atrevido,
e não sendo consumido,
faz mal na solidão.

Recordação que atormenta,
da lembrança da carência,
causando dor da ausência.

É nostalgia,
dos tempos de meninice,
dos folguedos e traquinices,
dos tempos de estouvice,
das fuzarcas e fanfarrices,
dos tempos de caduquice,
daqueles disse-me-disse.

É gratidão,
por aqueles que partiram,
pelo tempo que luziram,
pelo brilho que emitiram,
pelo tempo que sorriram,
pelo afeto que repartiram,
pelo bem ao qual serviram,
pela seiva que produziram,
pela vida que esculpiram.

É dádiva,
daquele que com carinho sente,
com espera sempre presente,
de um encontro transcendente,
com aquele que seguiu em frente.

No final,
tudo é filosofia,
a esperança em poesia,
encobrindo a essência fria.

Afinal,
a vida não é só alegria,
tem lembrança que judia,
tem tristeza e agonia,
tem meiguice e cortesia,
tem a fé que contagia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sábias palavras transformadas em versos: "No final tudo é filosofia, a esperança em poesia, encobrindo a essencia fria..." (CanJoão, parabéns pela bela poesia. dido Coutinho)