27 de agosto de 2025

AS ESCOLHAS DA VIDA

No fim da vida, a maioria das pessoas percebe, com surpresa e pesar, que viveu de forma provisória e que as coisas que antes pareciam sem graça ou sem interesse eram, na verdade, a própria vida. Traído pela esperança, o ser humano dança nos braços da morte. Segundo Arthur Schopenhauer, nós tendemos a nos arrepender mais daquilo que não fizemos do, que do que fizemos. Para ele, o arrependimento surge quando percebemos que nossas ações não corresponderam à nossa verdadeira vontade, ou seja, ao nosso caráter essencial.

Por outro lado, e na mesma linha de raciocínio, o filósofo Clóvis de Barros Filho afirma que o caminho que escolhemos terá suas tristezas. É comum ter a impressão de que, se tivéssemos escolhido outro, não viveríamos essas tristezas. Mas viveríamos outras, pois não vivenciamos as dificuldades de uma vida que não vivemos. Apenas a vida que escolhemos nos reserva suas tristezas. É um erro acreditar que outro caminho eliminaria a tristeza e traria apenas alegria.

A vida sempre será complicada e marcada por decepções. Entender isso facilita a jornada, pois qualquer caminho será difícil. Muitos dos problemas são imprevisíveis e destrutivos. Isso não é pessimismo, mas sim uma resistência contra os falsos profetas que nos fazem acreditar que protocolos nos livrarão da tristeza. Ela faz parte da vida de forma profunda.

A vida é feita, antes de mais nada, de tristeza. No entanto, há instantes de alegria que a compensam, e é na esperança desses momentos que continuamos. Quanto menos se espera do mundo, maior a chance de perceber esses momentos. Quanto mais se acredita em um paraíso, mais frustração haverá e mais se perceberá que a felicidade não é constante.

JC COUTINHO

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