Às
vezes dizemos que tudo que vem da natureza é lindo e bom. Que existe
um justo equilíbrio. Mas, assistindo aos ataques de animais
selvagens, verificamos que esse equilíbrio só ocorre em cima de
quem é mais fraco ou doente. É de dilacerar o coração ver imagens
de animais lutando pra sobreviver, sendo literalmente comidos e
agonizando. Muito sofrimento em cima de quem deveria ser amparado.
Mas sempre funcionou assim, mesmo por que os animais precisam comer.
No mundo animal o mandamento “NÃO MATARÁS” não funciona!
No livro “Os Dentes da Galinha”, STEPHEN JAY GOULD fala que o maior desafio dos que queriam provar a bondade divina de deus na natureza não eram os carnívoros e sim algumas espécies de marimbondos. Alguns marimbondos, através de um longo ovopositor, injetam ovos dentro de outros insetos (larvas, aranhas, lagartas) e juntamente com o ovo injetam uma droga paralisante. Quando o ovo eclode a larva do marimbondo vai devorando seu hospedeiro de dentro para fora (fez analogia ao filme Aliem).
O autor conta que a larva chega ao ponto de
evitar os órgãos vitais para manter seu hospedeiro vivo e fresco o
maior tempo possível. Ao final, apenas existe uma cápsula vazia
onde antes era um animal. Ele também relata que algumas espécies
depositam não apenas um ovo mais milhares. Em uma passagem relata
sobre uma lagarta se contorcendo com cerca de 3.000 larvas
devorando-a por dentro.
Parece que realmente deus foi muito inspirado e benevolente quando criou tais seres. Entretanto, reconhece-se que é apenas uma visão deturpada da natureza, feita com valores humanos, motivada em um código ético e moral de um deus antropomórfico, criado pelo homem, justo e bondoso. É o homem olhando para a natureza e querendo interpretá-la como nela existissem todas as características que ele possui (amor, ética, compaixão, caridade, ódio).
A natureza pode realmente ser cruel, mas essa crueldade não é a maldade que nós seres humanos (almados) às vezes praticamos. Como disse o Gengis Khan, essa é a lei, os seres vivos só conseguem obter a energia para sobreviver se alimentando de outros.
É certo que pode ser comovente ver um animal mais forte matar e devorar um mais fraco, mas eles não fazem isso porque querem, isso é instinto, não maldade.
Retirado do Livro “Os Dentes da Galinha” - Stephen Jay Gould
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