Como
diria Pascal, buscamos a felicidade até mesmo no desespero. O amor é
uma forma de felicidade, na qual a alegria do amado define a do
amante. Nisso, temos duas alternativas: ou a alma transcendente, que
impõe uma verdade ao corpo, ou uma perspectiva de amor pelo mundo,
que é mais atraente. Nessa segunda visão, quanto mais o mundo se
alegra e quanto mais nos percebemos como a causa dessa alegria, mais
alegres ficamos conosco. Isso nos motiva a agir de forma a ajudar os
outros a viverem melhor.
A a nossa razão muitas vezes serve para justificar o que sentimos, tentando tornar nossos afetos aceitáveis. A autoajuda, diferente da filosofia, promete soluções fáceis e garantias de felicidade. A filosofia, por sua vez, não tem um modelo ideal para uma vida bem-sucedida.
Ao longo da história, pensadores como Platão, Aristóteles e Tomás de Aquino buscaram gabaritos transcendentais para a felicidade. No mundo moderno, a busca por um modelo existencial sem Deus ganhou força. Karl Marx, por exemplo, propôs que a felicidade depende do equilíbrio social, buscando transformar a sociedade desigual em justa. Sua teoria, no entanto, não resolveu a questão.
Chegamos a uma sociedade com muitos “gabaritos” para alcançar o “paraíso”, incluindo a ideia de qualidade de vida. Mas não existe um modelo comum de felicidade. A razão é simples: somos todos diferentes e não há uma única resposta definitiva. Pensadores como Spinoza e Nietzsche trouxeram outras perspectivas, com Spinoza definindo a alegria como a passagem para um estado mais potente do ser, e Nietzsche falando sobre um mundo que só é bom quando nos alegra.
Transcrição de textos e vídeos do professor Clóvis de Barros Filho, filósofo e docente de Ética na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA/USP).
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