26 de agosto de 2025

PARA ENXERGAR A LUZ

Dizem que a vida é bela,
Que é bênção e alegria,
Então por que a guerra?
Por que a hipocrisia?

Dizem que tenho alma,
Em um corpo espiritual,
Por isso que sou a calma,
À espera do imortal.

Dizem que tenho mente,
Em um corpo material,
Por isso que sou errante,
À espera do factual.

Dizem que sou máquina,
Abundante de altruísmo,
Mas é somente máscara,
Camuflando o egoísmo.

Dizem que sou projeção,
Daquele que me criou,
Mas não acho explicação,
Para a fera que gerou.

Dizem que na amizade,
Enaltecemos as virtudes,
Depois vem as adversidades,
E revelamos as vicissitudes.

Dizem que isso é chato,
Dizem que não seduz,
Daí despertar o facho,
Para enxergar a luz.

JC COUTINHO
PENSO NO MUNDO

Penso no mundo como uma criança,
Que nos ensina a ter esperança.
Penso na vida com alegria,
Apesar de sua ironia.

Penso no mundo como um adolescente,
Que tem o mistério pela frente.
Penso na vida com valentia,
Apesar de sua rebeldia.

Penso no mundo sem revelação,
Que acabem os servos da religião.
Penso na vida sem miséria,
Apesar de ser matéria.

Penso no mundo como um adulto
Que já passou por um insulto.
Penso na vida com poesia,
Apesar de sua alegoria.

Penso no mundo como um idoso,
Que já cruzou o vazio tenebroso.
Penso na vida com simpatia,
Apesar de sua hipocrisia.

Penso no mundo sem opressão,
Que nasçam os ternos de coração.
Penso na vida sem preconceito,
Apesar de ser suspeito.

Penso no mundo como gente,
Que já plantou uma semente.
Penso na vida com ideologia,
Apesar de sua essência fria.

JC COUTINHO

NAS PROFUNDEZAS DO SER

Num mar de incertezas e solidão,
Parado, olhando pro nada,
No abandono da longa caminhada,
Está o homem repleto de aflição.

Talvez de sentir,
Talvez de existir.

Olhando pro firmamento infinito,
Nasce a descrença.
Acreditando que tudo não passa de um mito,
Nasce a esperança.

Caminho sem volta,
Caminho sem falta.

No princípio, um átomo,
Era tudo paixão.
Agora um quark:
Quanta ilusão.

Por isso, navega,
Para aliviar a dor:
A dor do vazio,
Do vazio da alma,
Da alma que acalma.

No fim, o começo.
O começo do fim.
No fim do começo,
O começo de tudo.
No começo de tudo,
O começo do nada.

Por isso vai errante,
Sem comandante,
Num mar bravejante,
De um vento uivante.

Vai seguindo,
Vai sentindo,
Vai sorrindo.

Na vida que anda,
Na vida que manda.

Tudo pra entender,
As profundezas do ser.

JC COUTINHO